A Gnose Burlesca da TFP e dos Arautos do Evangelho – resumo

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Orlando Fedeli

 

 A GNOSE BURLESCA DA TFP E DOS ARAUTOS DO EVANGELHO

 

RESUMO DA OBRA

Apresentação

 

Publicamos hoje (31 de maio de 2010) um resumo da obra por nós escrita sobre a doutrina secreta de Plínio Corrêa de Oliveira, e que embebe, quer a antiga TFP, quer o Instituto Pontifício dos Arautos do Evangelho. A amplitude do tema, baseada nos documentos doutrinários publicados pelos adeptos de Plínio Corrêa de Oliveira e de Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, obrigou-nos a editar uma obra volumosa intitulada No País das Maravilhas: A Gnose Burlesca da TFP e dos Arautos do Evangelho” – com cerca de 600 páginas, repleta de citações de fonte original da TFP e dos Arautos.

O zelo pela Fé, em consciência, impele-nos a rogar a atenção dos Eminentes Senhores Cardeais da Cúria Romana sobre os graves erros contra a Fé professados, até há pouco secretamente, e agora publicados em livros pelo próprio Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, e pelo Instituto Plínio Corrêa de Oliveira – IPCO.

O intuito dessa obra é facilitar a sua compreensão e para informar aqueles que não dispõem de tempo para ler uma obra de mais de seiscentas páginas.

Durante 30 anos fomos ligados ao grupo que editava o jornal “Catolicismo”, e, como Dom Mayer, nesses trinta anos jamais tivemos acesso às doutrinas que se divulgavam em grupos secretos, ocultos por trás do estandarte da TFP.

Tendo rompido com essa entidade em 1983, por causa do culto exótico que lá se tributava a Plínio Corrêa de Oliveira e à senhora mãe dele, Dona Lucília Corrêa de Oliveira, ao longo dos anos, fomos coletando documentos, para um dia fazermos uma denúncia fundamentada das doutrinas heterodoxas que eram ensinadas ocultamente entre os membros da TFP e dos Arautos.

Com a cisão surgida após a morte do autodenominado profeta inerrante e imortal, Dr. Plínio Corrêa de Oliveira, em 1995, os litigantes das duas alas em que se dividiu a antiga TFP, passaram a publicar textos que eram até então absolutamente secretos, na entidade.

João Scognamiglio Clá Dias, agora Monsenhor e Cônego de Santa Maria Maior, fez publicar uma revista mensal de nome inusual “Dr. Plínio” – que a partir de 1995, editou inúmeros artigos com textos gravados e inéditos de Dr. Plínio. Tais textos eram retirados das reuniões “reservadas” aos membros mais fanáticos do autodenominado profeta, fundador de uma ordem secreta de cavalaria iniciática.

Os denominados “Provectos” da TFP publicaram também pequenos livros com “Excertos do pensamento de Plínio Corrêa de Oliveira”. Eles formaram a coleção “Canticum Novum”.

Eis alguns dos livros editados:

“O Universo é uma Catedral”: excertos do pensamento de Plínio Corrêa de Oliveira, recolhidos por Leo Daniele. Edições Brasil de Amanhã, São Paulo, 1997.

“A Cavalaria Não Morre”: excertos do pensamento de Plínio Corrêa de Oliveira, recolhidos por Leo Daniele. Edições Brasil de Amanhã, São Paulo 1.978.

À procura de Almas com Alma. Tipos humanos”: a Música das Personalidades.

Em 2008, por ocasião do centenário do nascimento de Dr. Plínio, o Instituto Plínio Corrêa de Oliveira editou a obra intitulada “A Inocência Primeva e a Contemplação Sacral do Universo” com os textos gravados e compilados de Dr. Plínio sobre esses dois temas em reuniões do chamado MNF. Claro que esse livro, contendo as gravações das reuniões, das conversas de Dr. Plínio no MNF [há 43.000 paginas datilografadas do MNF], não conta tudo: conta só “as primícias” do “pensamento” pliniano

 

Que era o MNF?

A sigla MNF significava “manifesto”, primeira pessoa do indicativo presente do verbo “manifestar”, porque era nessas reuniões que PCO (iniciais do nome de Dr. Plínio, que usaremos para economia de tempo e de espaço, e não por desprezo) manifestava o que ele era, isto é, o que ele imaginava que era. E até agora, poucos imaginam o que ele era.

Para os não-iniciados nos grupos secretos de PCO, dizia-se que no MNF estava se preparando o grande “Manifesto” (substantivo) doutrinário que PCO lançaria, um dia, contra a “Revolução”, e contra as forças secretas que a dirigiam…

O secretário do MNF, Átila Sinke Guimarães, escreveu frases que demonstram claramente o grau de fanatismo, verdadeiramente inacreditável, que reinava no MNF, depois na TFP, e agora entre os Arautos Evangelho, bem como entre os membros da sociedade secreta A Sempre Viva, fundada por Dr. Plínio, para difundir sua doutrina e seu culto entre os mais fanatizados por ele.

Eis um texto revelador do fanatismo delirante que reina na TFP e nos Arautos do Evangelho:

 

“O grande Moisés, com sua sarça ardente no alto do Sinai, não me faz inveja. Pois se ele ali se relacionou com Deus durante quarenta dias, eu me relacionei com Dr. Plínio há trinta e três anos. E, em tais relações, vejo talvez mais a presença divina do que ele ante o sagrado arbusto. E guardo a esperança de ainda vencer o Profeta nesta tertúlia, quando eu passar do atual degredo para a Pátria”.(Átila Sinke Guimarães, secretário do MNF, in O Ultimato, A Defesa, 1998, p. 28).

 

Esse mesmo Sr. Átila, em 1972, elaborou um resumo de algumas teses do MNF sobre o “processo humano”, no qual tratava da Teoria do Conhecimento de PCO, assim como sobre a natureza do homem e a Divindade.

Ainda também por ocasião do centenário de nascimento de Dr. Plínio, também Monsenhor Scognamiglio publicou uma obra reveladora contendo textos até então inéditos de Dr. Plínio. Essa obra, em três volumes, intitula-se Notas Autobiográficas, notas que o próprio Dr. Plínio foi ditando ao correr de anos. E esse livro veio confirmar as doutrinas realmente “exóticas” que circulavam nos bastidores mais reservados da TFP.

Ex-membros da TFP e dos Arautos que mantêm sua simpatia pela pessoa e pelas doutrinas de Plinio Corrêa de Oliveira organizaram o site salvemaria.info * e nele publicaram grande parte dos textos de um simpósio dado por Dr. Pínio em 1973 a um grupo de argentinos, simpósio no qual Plínio expunha o tema “Quem somos nós”. Isto é, quem ele julgava que ele mesmo era, e o que pensava ser o grupo da TFP. Tal texto era mantido secreto na TFP, e só agora o recebemos via internet. Ele consta em Apêndice de nosso livro, e dele retiraremos algumas citações.

De todas essas obras publicadas pelos adeptos mais radicais de Plínio, pode-se conhecer, hoje, pelo menos em parte, a doutrina secreta de Dr. Plínio, que era apresentada em linguagem cifrada e de modo diluído aos membros comuns da TFP e dos Arautos. Em nossa obra: “No País das MaravilhasA Gnose Burlesca da TFP e dos Arautos do Evangelho”, apresentamos todos os documentos e fontes publicados pela TFP e pelos Arautos, e nos quais nos fundamentamos para desmascarar uma seita que se disfarça de católica, para melhor enganar a Hierarquia da Santa Igreja.

O documento que hoje publicamos, resume a doutrina até então secreta de Dr. Plínio, para que os católicos, há tanto tempo enganados pela propaganda de uma seita secreta herética tenham conhecimento do que realmente pensam os adeptos de Plínio Corrêa de Oliveira, principalmente os que, como Monsenhor Scognamiglio e seus Arautos, usando um hábito que os faz passar por cavaleiros, gloriam-se de que enganarão os cardeais da Santa Igreja assim como enganam o povo católico fiel.

Veja-se este primeiro documento de um membro da TFP dos Provectos – que foram excluídos da TFP por João Scognamiglio Clá Dias, documento em que o autor acusa o líder dos Arautos do Evangelho de tramar contra a Hierarquia da Santa Igreja:

Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias planeja enganar a Hierarquia da Igreja, que ele chama de “estrutura”

 

“O Sr. João [Scognamiglio Clá Dias] lançou a ideia de que se as TFPs pudessem ter uma situação canônica reconhecida na Igreja, o lance seria muitíssimo mais eficaz. Posteriormente, quando lançássemos a grande denúncia profética, o Vaticano se daria conta de que nosso pedido de reconhecimento tinha sido apenas uma “trampa” [uma cilada] para dar o lance, mas aí já seria tarde demais.

“Por isso ele dizia que concomitante com o lance se tivéssemos um status canônico, poderíamos fazer a coberto de um subsequente estrondo e que no fundo seria uma passada de perna na estrutura [na Hierarquia da Igreja], pois não poderiam nos atacar dizendo que tínhamos um status dentro da Igreja e o lance seria uma imensa denúncia da 4ª  Revolução que poderia desencadear a Bagarre”.(Documento JAU iniciais de José Antonio Urreta, datado de 13 de outubro de 1997, p. 14. Os destaques são nossos).

“No mês de fevereiro de 1996, o sr. João Clá chamou várias pessoas ao Êremo de São Bento para fazer um trabalho.

“Ele fez duas reuniões com uma semana de diferença e nelas nos apresentou a necessidade de fazer algo na linha de denunciar a 4Revolução, pois o próprio Sr. Dr. Plínio tinha em vida manifestado esse desejo, uma vez que as coisas iam-se encaminhando para uma grande denúncia.

“Ele apresentou durante a reunião para umas 15 pessoas que seria necessário fazer isto, e durante a mesma disse-nos que o Sr. Dr. Plínio tinha lhe manifestado em vida durante um despacho que não tinha sido gravado a necessidade de arranjar um tal ou qual reconhecimento por parte da estrutura[A Igreja Católica] pois seria a única maneira a nos proteger contra futuros estrondos. ”

 

***

 

O que se diz nesse documento é confirmado pelo que contou um ex-Arauto do Evangelho num fórum de Buenos Aires sobre o que João Scognamiglio chamava de “Manobra Judit”, visando ludibriar e vencer o Holofernes da Estrutura, o Papa e a Sagrada Hierarquia. Nesse documento se mostra que, considerando todas as sagrações pós conciliares inválidas, o Sr. João Clá acreditava que, depois da Bagarre, depois do fim da crise atual, o próprio Apóstolo São João Evangelista viria à terra, em corpo e alma, ordenar os sacerdotes e sagrar os Bispos da Nova Igreja que iria nascer.

Eis esse documento:

 

http://www.tfpheraldos.com/viewtopic.php?f=27&t=23&start=0&sid=3a19db733d393b4ed1506927afab92ee#p315 *

Una interpretacion sacerdotalpor  fran

 09 Feb 2010 12:57

A algunos causa gran extrañeza la ordenación sacerdotal de JC [João Clá].

Para los que vivimos cerca de él, o asistimos durante años a sus reuniones, llamadas Jour le Jour, era clara la postura de cualquier miembro del grupo de buen espíritu: rechazar cualquier cosa proveniente del clero.

Al clero en general lo llamábamos “Estructura”, para no llamarlo “Jerarquía” y así no darle el reconocimiento debido, una vez que después del Concilio Vaticano II, habían caído en herejía, unos por complicidad, otros por omisión, siendo desde ahí en adelante totalmente ilegítimos. Recuerdo que JC en público y privado, alababa la hipótesis de alguien (uno de los teologuillos internos, claro, detestados por JC y sin embargo citados como autoridad cuando a él le favorecía, sobre todo al formular semejante hipótesis tan arriesgada… si era aceptada se la reconocerían a él, sino él siempre diría que eso fue idea de algún Solimeo, por ahí…) de que como no habían mas obispos legítimos dentro de la Iglesia, vendría San Juan Evangelista, Apóstol, quien estaría vivo en cuerpo y alma en el paraíso, a ordenar personalmente nuevos sacerdotes y obispos para la nueva Iglesia regenerada del Reino de María. Esto era moneda corriente en los éremos y asumido con toda naturalidad y lógica por todos los mdg [membros do grupo] de buen espíritu.

Nunca jamás íbamos a misa, ya que esta se realizaba según el ordo missae post conciliar, herético, protestantoso, de mal espíritu. Un mdg [membro do grupo] no podía participar de ese rito, sería censurado. Sin embargo, una de esas contradicciones atroces, comulgábamos en esas misas, esperando fuera de la iglesia a que se armara la fila de comunión para entrar.

Creo que todos deben tener mil hechos que contar de los enormes líos que en que nos metíamos muchas veces con ese procedimiento. Enfrentamientos con párrocos, críticas, negativa de darnos la comunión, y un largo etc.

Cuando había que asistir a una misa por compromiso, nos recomendaban a seguirla con distancia y con rechazo interno, comulgar y aislarnos del resto.

Todo eso era nuestra manera de vivir hasta 1995, cuando fallece el Dr. Plinio.

JC inmediatamente comienza su acercamiento a la “Estructura”, ya no tiene sentido vivir enfrentados, es necesario que nos adaptemos para sobrevivir, hay que negociar o nos liquidan, fue su postura. Esa postura empezó a irritar a los mas viejos, claro, y a dejar perplejos a los de generaciones mas jóvenes. Sin embargo estos últimos se dejaron convencer fácilmente de que JC, como sucesor del Dr Plinio, también era inerrante y que el Espíritu Santo ahora residía en él, por lo tanto su orientación debía ser acatada, entendiendo o no, aceptando o no, su palabra era la última. Debo aclarar que el aggiornamento, causó muchos descontentos y aún dentro de los heraldos hay muchos que no se tragan del todo la tfp sacerdotal.

Si JC se ordenó sacerdote meramente como parte de una maniobra (la llamada por él maniobra Judit), entonces su ordenación es por lo menos, sacrílega. Puede ser que de hecho él no crea que la estructura tiene poder para ordenarlo, en ese caso él estaría solamente actuando como si tal, a fin de llevar adelante su maniobra Judit. Si eso es así entonces cada misa, cada confesión, cada sacramento administrado es una farsa, por lo tanto un engaño a miles de personas. Es eso creíble? quien conoce a JC sabe de su afamada “restricción mental”, de sus “pasadas de perna”, de su mas que reconocida habilidad de justificar el medio para alcanzar el fin.

Si JC se ordena sacerdote por que recibe una gracia, entonces rompe con su pasado –por lo menos lo que dice a su histórico rechazo al sacerdocio y la misa, etc. al dogma interno de la necesidad de destruir la estructura maldita- en ese caso “quema lo que adoraste, adora lo que quemaste”. Si se trata de una verdadera conversión al sacerdocio, si recibe la vocación sacerdotal, entonces enhorabuena! Habrá que ver como se conjuga todo eso y la postura pública crítica del Dr. Plinio, si es que JC seguirá usando la figura del Dr. Plinio como muleta para mantener a sus heraldos cohesos o si finalmente, él prescindirá del Dr. Plinio una vez que el número de novatos, entusiastas por él, haya ultrapasado al de viejos saudosos del Dr. Plinio, atrapados en un pasado ya superado.

Hoy JC sustenta que el sacerdocio es el ápice de la vocación de miembro de grupo (la vocación de ser los apóstoles de los últimos tiempos). Surge entonces un problema. No todos los heraldos están llamados a ser sacerdotes. Según JC solamente un 10–20 % lo serán, dejando al resto como laicos.

Entonces solo ese porcentaje alcanzará el ápice de la vocación, poniendo al resto como ciudadanos de segunda categoría. Y es así como muchos de los actuales heraldos se sienten.

Para pertenecer al círculo mas interno de confidencialidad de JC hay que ser hoy en día sacerdote.

Saludos y hasta la próxima. 

fran

Registrado: 08 Feb 2010 11:53”

 

Estes dois documentos que acabamos de citar são completamente harmônicos com a doutrina exposta por Plínio no simpósio “Quem somos nós”, onde ele se mostra adepto do sedevacantismo, deduzindo dele a instauração do Profetismo dele mesmo, como substituto do Papado.

Depois do Concílio Vaticano II, os Papas e toda a Hierarquia católica, tendo aceitado os erros deste Concílio caíram em heresia e perderam o poder. A Igreja ficou reduzida a uma estrutura.

No simpósio “Quem Somos Nós” (1973) Plínio apresentava sua tese de que a Hierarquia da Igreja Católica, particularmente os Papas conciliares haviam caído em heresia e o Espírito Santo se retirara da Igreja. Sendo assim, a Santíssima Virgem havia feito de Plínio o Profeta do futuro Reino de Maria e guia da futura Igreja. A direção profética de Plínio deveria, no futuro, ser seguida pelos Papas, nascendo assim uma Nova Igreja profética. A TFP, e hoje os Arautos do Evangelho seriam a Igreja. Por isso disse Plínio nesse simpósio:

 

“d – Só se compreende que a Providência possa ter abandonado a Igreja ao ponto em que abandonou desde que tivesse instituído o profetismo. Do contrário Ela teria desertado da Igreja. Por isto que, se todos os estudos sobre o Papa herege são verdadeiros, só se compreende que a Providência possa ter abandonado a Igreja ao ponto em que a abandonou, desde que tivesse instituído o profetismo. Porque, do contrário a Providência teria desertado da Igreja. E não haveria na Igreja, hoje, lugar nenhum, nem grupo nenhum, nem pessoa alguma à qual se pudesse apelar para encontrar o verdadeiro caminho. Portanto este profetismo brota do solo sagrado da Igreja, pelas leis da Igreja.Na derelictio da autoridade papal e das autoridades legítimas, na derelictio geral, algo fica de pé. E o que é? O Profetismo” (Plínio Corrêa de Oliveira, Simpósio, Quem somos nós, — Somos um grupo profético,p. 80. Os destaques são nossos. ORIGINAL DO site salvemaria. http://salvemaria.info/images/fbfiles/files/QSN.doc). *

 

E ele, Plínio, seria então o Profeta incumbido por Deus de salvar a Igreja, livrando-a dos antipapas conciliares. Daí a “Operação Judit”, excogitada por João Scognamiglio Clá Dias, operação que os Arautos do Evangelho estariam executando, agora, enganando os cardeais da Cúria até poderem dar seu golpe final, instituindo a Nova Igreja de um futuro e próximo quiliástico Reino de Maria.

A TFP, e hoje os Arautos, seriam a Igreja. Seriam os grupos proféticos instituídos por Deus, através da Virgem Maria, para substituir e renovar a Igreja. O Profeta Plínio teria que ser reconhecido como guia por todos os futuros Papas. Tendo ele falecido em 1995, esse poder de Profeta e de Guia da Igreja teria passado para João Scognamiglio Clá Dias seu discípulo perfeito.

Por isso, João Clá considerava a Igreja Católica pós conciliar como uma simples estrutura jurídica abandonada pelo espírito Santo que passou a falar por meio de Dr. Plínio e agora por meio dele. Daí seu plano de fingir aderir à Igreja para passar uma rasteira nos Cardeais numa manobra que ele chamou de “Manobra Judit”.

Passamos, pois, a expor a doutrina secreta da TFP e dos Arautos do Evangelho de Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, que foi o discípulo preferido de Dr. Plínio, e o principal difusor de seu culto e da senhora mãe dele, na TFP, e entre os Arautos do Evangelho.

Dispensamo-nos, neste resumo, de argumentar e refutar doutrinariamente as heresias e erros patentes da doutrina pliniana, coisa que fazemos em nosso livro.

 

***

 

A GNOSE BURLESCA DA TFP E DOS ARAUTOS DO EVANGELHO – Resumo

Dr. Plínio não fez estudos filosóficos e teológicos. Sua doutrina é tosca, pelo seu desconhecimento quase que completo da Metafísica aristotélica-tomista. Daí, muitos erros e afirmações absurdas e inúmeras contradições. Algumas vezes, porém, as contradições parecem ser propositais, para camuflar a heterodoxia da doutrina.

Nota-se, no pensamento de Dr. Plínio, clara influência de doutrinas esotéricas românticas, especialmente do idealismo alemão, e brumas de pensamento bergsoniano, em moda em sua juventude, na chamada Belle Époque. Não cremos que ele tenha estudado doutrinas de Bergson, Novalis ou de idelalistas alemães. Ele parece mais repetir frases que ouviu, e que ele cozia em retalhos formando uma Gnose burlesca, para fazer sucesso em mesas de burgueses ricos, ou entre pseudo intelectuais direitistas, ou entre aristocratas franceses decadentes. Plínio se proclamava tomista, sem conhecer praticamente nada de filosofia. Daí a sua metafísica feita de retalhos slogans em moda em sua juventude, misturando idealismo romântico, frases de efeito com termos bergsonianos e freudianos, vagas citações escolásticas, tudo isso misturado com sonhos e delírios paranóicos. Por isso chamamos a sua Gnose de burlesca. Sua doutrina é tão grotesca que fazem dele um pseudo intelectual.

 

***

 

1 – A Ideia de Absoluto reside no mais profundo da alma humana.

Tese fundamental de Dr. Plínio era a de que havia inatamente sepultada no fundo mais íntimo da natureza humana algo como a matriz do espírito com os elementos para formar a ideia do Ser Absoluto. E por Absoluto, Dr. Plínio entendia a Divindade.

 

“O homem tem uma matriz do espírito, que contém os elementos para a formação da ideia de ser absoluto. Se ele não tivesse essa matriz, ele não poderia compreender a noção de ser contingente. E, portanto, o dormir dentro dele dessa como que noção do ser absoluto é anterior à própria noção de ser contingente que ele forma”. (Átila Sinke Guimarães, resumindo o pensamento de PCO, MNF – O Processo Humano (Resumo),apostila mimeografada na Editora Vera Cruz, São Paulo, Dezembro de 1972, p. 35).

 

Essa apostila foi aprovada por Dr. Plínio e foi vendida a algumas pessoas da TFP.

Esse texto contém erros bem graves:

1º) É contra a doutrina católica, pois diz que há ideias inatas no homem;

2º) É falso afirmar que só se compreende o ser contingente, apenas, se antes  se tem a ideia de Ser Absoluto.

 

E no livro Inocência Primeva e Contemplação Sacral do Universo, Plínio diz:

 

“Entretanto, há no homem uma ‘sede’ como que inata do absoluto” (PCO, A Inocência Primeva, p. 107).

 

Para Plínio, então, essa matriz do Absoluto existente na alma humana, é que daria origem à própria noção de contingência, que amarguraria o homem, provando sua limitação. Ora, para PCO, o ser não pode ter limites: “O limite é coisa que repugna o ser” (Apostila O Processo Humano, p. 37). A contingência do ser criado seria uma anomalia a ser vencida. Por isso o homem teria uma sede inata de se unir ao Absoluto, a sede de identificar-se com o Absoluto, com a Divindade. E se ao ser repugna ter limites, como se explicaria a existência de seres contingentes?

Para Plínio,“o próprio ser [do homem] não é nada” (Átila Sinke Guimarães, MNF- Apostila – resumo O Processo Humano, p. 37). Os seres contingentes seriam ontologicamente nada, não-seres. O que os tornaria existentes seria a presença do ser absoluto neles. Daí, concluía Plínio que “Deus é o ser dos seres” (Átila Sinke Guimarães, MNF- Apostila –resumo O Processo Humano, p. 36).

Que o pensamento de Plínio Corrêa de Oliveira, expresso no que se conhece hoje do MNF, é claramente gnóstico fica patente quando ele, tal como o gnóstico Mestre Eckhart, afirma que o ser humano, sendo contingente, é nada:

 

O fundamento da moral sobre o conhecimento é exatamente de que o exclusivo amor de si não é nada, e que o seu próprio ser não é nada, e que, portanto, tem que tender para Deus” (Átila Sinke Guimarães, “MNF- O Processo Humano”(Resumo), apostila mimeografada na Editora Vera Cruz, São Paulo, 1972, Dezembro de 1972, p.37. Os destaques são nossos).

 

Ora, essa recusa de aceitar a contingência do ser criado é a raiz da Gnose, e de seu pecado antimetafísico, que repele a analogia do ser. O Gnóstico quer ser tudo ou nada. Mas recusa sempre toda contingência.

Insinua-se que, no fundo, o homem teria algo de substancialmente divino. Ideia que será confirmada explicitamente a seguir.

Com efeito, ficará claro, a seguir, que no pensamento idealista de PCO a ideia de ser é o próprio ser. A matriz de todo ser existiria inata no homem, e ela seria o modelo ideal de todo ser concreto, sempre inferior, tido como nada, e como que caricatura deformada do ser ideal existente na alma humana. Quando Plínio diz, então, que há uma ideia inata de Absoluto no homem, ele entende que essa ideia é o próprio Ser Absoluto. Deus. O ser dos seres.

Deus então seria imanente ao homem.

Isso será confirmado por algumas citações que veremos mais adiante. Por exemplo, pela que damos agora, a seguir:

 

***

 

2 – O Processo Humano para a união divinizadora no Absoluto.

Da verificação de sua contingência face à matriz inata da ideia do absoluto que haveria no homem, teria início um processo — que no MNF se denomina O Processo Humano – pelo qual o homem procuraria sanar sua contingência, tida como má, como injusta carência, buscando o homem completar-se, e tornar-se consubstancialmente um com o Absoluto.

Esse “Processo Humano” teria fases, assim resumidas por Átila Sinke Guimarães em sua Apostila reveladora:

 

O processo humano é o conjunto dos seguintes elementos:

a) “a carência do homem”;

b) “a apetência para a satisfação das carências”;

c) “a procura do absoluto para satisfazer essa carência”;

d) “a união com o absoluto”;

e) “a transformação [do homem]no absoluto”.

 

(Átila Sinke Guimarães, MNF- O Processo Humano (Resumo), apostila mimeografada na Editora Vera Cruz, São Paulo, 1972, Dezembro de 1972, p.37. O escalonamento desses itens e o que está entre colchetes é de nossa responsabilidade, visando tornar bem clara as etapas da divinização do homem, segundo a doutrina pliniana).

 

Portanto, para Plínio, o final do processo humano seria “a transformação [do homem] no absoluto”.

É evidente, na concepção pliniana do “processo humano”, assim como na enumeração de suas etapas,  a existência do esquema clássico da Gnose.

O homem procura o Absoluto nele mesmo, ou nos seres do universo.

Porque no homem existe inata a ideia de Absoluto, o homem começa por procurar o Absoluto em si mesmo, e, depois, nas demais criaturas.

Porque, para Plínio, em tudo haveria algo do Absoluto, visto que Deus seria “o ser dos seres”.

Na apostila “O Processo Humano”, se mostra que:

 

O homem pesquisa de fato sempre o absoluto, mas o absoluto que ele pesquisa não é apenas a santidade, a bondade, mas pode ser também o ser. Quer dizer, o homem, por exemplo, quando ele ama o absoluto, ele também é o absoluto em si, e a esse título, ele se ama a si mesmo” (Átila Sinke Guimarães, MNF- O Processo Humano(Resumo), apostila mimeografada na Editora Vera Cruz, São Paulo, 1972, Dezembro de 1972, p.47. O sublinhado é de nossa responsabilidade).

 

Amando o Absoluto, o homem se identifica com o Absoluto. O homem se transformaria no absoluto em si. Portanto, o homem  se tornaria divino.

Portanto, o homem não só tem em si a ideia inata do Absoluto, mas ele mesmo é o Absoluto encarcerado na contingência, buscando libertar-se da finitude e realizar-se, de novo, na identificação ontológica com o ser Absoluto, no final do “processo humano”.

 

  “O elemento integrante à noção de processo é algo que tem um começo, um desenvolvimento e um fim. Portanto, o processo por excelência seria algo que começa e cuja tensão para o fim vai ficando cada vez mais forte à medida que vai chegando ao fim. E o termo em que o processo se realiza não é a morte, mas é a obtenção do fim próprio e a fixação no fim, de maneira que o apogeu do processo é algo de definitivo. Ele se fixa no apogeu de si mesmo” (Átila Sinke Guimarães, MNF- O Processo Humano(Resumo), apostila mimeografada na Editora Vera Cruz, São Paulo, 1972, Dezembro de 1972, p.30. Os destaques são nossos).

 

No final do Processo Humano, o homem se tornaria Deus. Co Substancial a Deus.

 

***

 

3 – O Senso do Ser e o Seletivo levam a alma humana à unicidade com o Absoluto.

Plínio dirá que o “senso do ser”, o “ seletivo”, que existiriam inatos no homem, no fundo, seriam o próprio Ser Absoluto inviscerado e atuando em busca da realização da Unicidade do ser.

Ao conceituar o que ele entendia por inocência primeva, que também seria inata em todos os homens, Dr. Plinio diz:

 

[Inocência primeva é o estado] “pelo qual uma pessoa, desde os primeiros movimentos de sua existência, tem noção de que ela é. E, de modo excelente, vai escolhendo as coisas que, por afinidade ou contraste harmônico em relação a ela, lhe convém para realizar a sua unicidade. Em sua caminhada  pela vida, nunca cometeu uma falta e sempre visa atingir a própria perfeição. A inocência assim conceituada se refere à pessoa sem pecado original” (Plínio Corrêa de Oliveira, “Seletivo e Harmonia na Alma Inocente”,artigoin “Revista Dr. Plínio”, Ano VIII,  Junho de 2006, N0 87, p. 23. Os destaques são nossos).

 

[De passagem, chamamos a atenção para a afirmação de que o homem inocente, para PCO, era sem pecado original. E ele dirá que todo homem sai das mãos de Deus em estado de inocência, e sem pecado original].

Que significa, aí, que a inocência da pessoa, através do “senso do ser”, “vai escolhendo as coisas que, por afinidade ou contraste harmônico em relação a ela, lhe convém para realizar a sua unicidade”?

Qual o sentido da palavra “unicidade” nessa frase?

Por meio desse misterioso “senso do ser”, o inocente iria fazendo uma seleção – eliminando algo, aceitando o oposto desse algo — afim de atingir a “unicidade”. Seria aí unicidade sinônimo de unidade?

Claro que não, pois o uno é um transcendental do ser. Ser uno é próprio de todo ser. Cada coisa é una e jamais busca atingir a sua unidade, que ela já possui.

Unicidade parece indicar uma concepção monista do ser.

Unicidade, aí, só pode significar que se busca atingir uma identificação substancial com o Ser Absoluto, num monismo ontológico.

Segundo a doutrina católica e a filosofia tomista, os seres feitos à imagem de Deus buscam a união com Deus, jamais a unicidade com Deus. Só a Gnose afirma que os homens, na vida peregrinante no exílio da matéria, devem buscar a unicidade com a Divindade, rejeitando a matéria, e selecionando nela a partícula divina invicerada nas coisas criadas. O Panteísmo, que afirma que tudo é Deus, inclusive a matéria, nada seleciona, e afirma, sem seleção, o monismo do ser. PCO, na citação acima, dá claro indício de sua doutrina gnóstica.

E descrevendo um hipotético Abel, sem pecado original Plínio explica como ele usaria o seletivo, o senso do ser – senso do Ser absoluto – procurando em todas as coisas algo que o unisse ao Absoluto:

“Descrevemos desta sorte um inocente concebido sem pecado original cujo seletivo é o próprio ser (Plínio Corrêa e Oliveira, Seletivo e Harmonia da Alma Inocente, in revista “Dr. Plínio”, Ano VIII, Junho de 2006, N0 87, p. 22. O destaque é nosso).”

E PCO afirmou que o “senso do ser, inato no homem, dar-lhe-ia a noção de que deveria buscar, por seleção, realizar a unicidade do ser…

E o seletivo que seria o senso do ser absoluto, atuando, para reconduzir o homem à identificação com a ordem ideal, com o Absoluto. Daí, ele dizer que o seletivo “é o próprio ser”. Logo, a ideia do ser absoluto existente inata no homem “é o próprio ser” do homem. O homem, no fundo, seria o Absoluto encarcerado num corpo material, num ser contingente.

 

Por isso diz Plínio:

 

“A partir de mim mesmo vou procurando em todas as criaturas algo que satisfaça a minha carência e que como que me abro para todas, como um leque. Mas, no contato com todas, vou percebendo que todas se enfeixam num ente supremo que é Deus e tudo vai se fechando para outro ponto. “Há, portanto, uma espécie de abertura e de fechamento, que é como que o gráfico das relações do homem com Deus.

“A multiplicidade de minhas apetências é expressão de uma carência fundamental que há em mim como criatura e que procura uma porção de satisfações. Depois de ter procurado todas as satisfações, vou unindo tudo isso numa satisfação suprema que é destinada à minha carência fundamental. Isso teria mais ou menos a forma de um losango” (Átila Sinke Guimarães, MNF- O Processo Humano (Resumo), apostila mimeografada na Editora Vera Cruz, São Paulo, 1972, Dezembro de 1972, p.37).

 

Na busca do Absoluto, na busca do Infinito, já o diziam os românticos com o gnóstico Novalis, o homem só encontra o finito.

Mas, lembramos já que PCO disse: “O limite é coisa que repugna o ser” (Apostila citada, p. 37).

Nessa tese, formulada por PCO no MNF, está a recusa da analogia do ser, a revolta da contingência, típica da Gnose, que é sempre um pecado anti metafísico.

No pensamento de PCO, como na Gnose, em toda criatura contingente geme encarcerado algo do Absoluto e não só a ideia inata dele no homem.

É o que se explica na Apostila-Resumo do MNF, expondo as doutrinas de PCO no MNF, com a teoria da “alcachofra metafísica”, um símbolo da procura do Absoluto divino nas coisas criadas. Deixemos Plínio expor seu alcachofral pensamento, tal como foi citado sucintamente por Átila Sinke Guimarães:

 

***

 

4 – O exemplo do alcachofra metafísico

PCO é quem fala:

 

“Eu passo daí para uma figura que eu chamaria alcachofra hipotético. É uma figura destinada a mostrar como, através de vários contingentes e relativos, a pessoa procura o absoluto. Eu imagino uma alcachofra com toda a estrutura que têm as alcachofras que conhecemos, mas com uma peculiaridade que as alcachofras que conhecemos não possuem. Vamos imaginar uma [em] que as pétalas da alcachofra, as mais altas, tivessem sabor mais leve que o fundo, e que à medida que fôssemos aprofundando, o gosto das pétalas fosse se tornando mais intenso.”

“Eu diria que a pessoa, comendo pétala por pétala, levada pelo gosto, pela apetência de degustar o fundo da alcachofra, iria comendo pétala por pétala até o fundo. Então diria que apareceriam os seguintes degraus: o amor da coisa concreta, o amor da coisa enquanto reflexo de outra, o amor de uma coisa abstrata e a consideração de uma coisa puramente intelectiva. Por aí sucessivamente, chegaríamos a Deus”

 

Precisão de linguagem.

 

“A Comissão chegou à seguinte conclusão: a palavra “absoluto” para nosso uso pode passar, mas desde que nós a reservemos para o fundo da alcachofra. As várias pétalas sucessivas da alcachofra seriam participações sucessivamente mais densas, ou maiores, do absoluto”.(Átila Sinke Guimarães, Apostila O Processo Humano- Resumo do MNF, pp. 43-44).

 

Se a redação deixa a desejar quanto ao português, do ponto de vista de exemplo didático da ideia gnóstica de que, em todas as coisas, há uma maior ou menor identificação com algo ontológico e substancial da Divindade, pela presença de partículas divinas presas nas criaturas, didaticamente o exemplo da alcachofra é bem feliz para expor a Gnose.

Plínio vai fazer distinções entre o paganismo e a sua Gnose. Ele chamava sua doutrina de “catolicismo’, que para ele, seria “a forma mais elevada e genuína de espiritualismo” (Cfr.Plínio Corrêa de Oliveira, Liga Eleitoral Católica — A Postos! Artigo publicado no “O Legionário”, em 15 de Janeiro de 1933, apud Catolicismo, Maio de 1983, Ano XXXIII, N0 389, p.5).

 

Os antigos pagãos faziam do outono, da primavera, do verão, da glória, da fecundidade, da agricultura, pessoas. Eles não estavam errados na ideia de que, em última análise, isso tem que se personalizar. Eles estavam errados em admitir que se personalizassem em muitos deuses. Nós, católicos, sabemos que tudo isso se personaliza num só Deus. Dentro dessa concepção, podemos dizer que o absoluto é uma pessoa, Deus Nosso Senhor, que procuramos dentro de todas as coisas.” (Palavras de PCO na Apostila resumo do MNF, p. 43. Os negritos são nossos)

 

Está aí claramente dito que o Absoluto nós devemos procurá-lo em todas as coisas.

Portanto, o “catolicismo” de PCO era uma tosca versão da Gnose para cúmplices e ingênuos. Daí, a doutrina de PCO ser, então, secreta. E hoje continuar discreta. Era doutrina esotérica. A TFP e os Arautos são seitas esotéricas de caráter gnóstico.

De um lado, Plínio afirma que o ser do homem, sendo contingente é nada, e de outro lado, ele declara que Deus está no fundo do ser humano e no fundo de todos os seres contingentes, pois que “Deus é o ser dos seres” (Átila Sinke Guimarães, Apostila O Processo Humano – Resumo do MNF, p. 36).

Noutro ponto do livro sobre a Inocência Primeva, Plínio afirma que “a solução para essa náusea – [a insatisfação atual do homem] – só pode ser encontrada na procura dos absolutos verdadeiros.” (PCO, A Inocência…p. 108).

 

***

 

5 – O Seletivo Inerrante do Homem

Na busca do Absoluto existente de algum modo em todas as coisas, o homem seria movido pelo que Plínio chamava o “senso do ser”.

Cada homem, em sua contingência, precisaria de elementos que lhe faltam para se completar no Absoluto. Nessa busca, o homem seria guiado por um poder especial – inerrante -, nascido do senso do ser, e que Plínio chama de “Seletivo”.

Plínio afirmava que havia no homem uma faculdade subconsciente, superior e anterior à inteligência e à vontade, que daria ao intelecto consciente uma compreensão inerrante, e à vontade uma decisão clara, inata, e superior à racional para escolher o que certamente seria mais conveniente para a pessoa, tendo em vista a sua divinização, por transformação no Absoluto.

Tal capacidade Plínio a chamava de “Seletivo” e considerava que ela existia e atuava, mesmo antes do uso da razão. Com ele, afirma–o Plínio, aconteceu isso: ele já usava o seletivo aos seis meses de idade, quando evidentemente não tinha o uso da razão.

Plínio conta que, tendo seis meses de idade, ele já usava o seletivo próprio do homem inocente:

 

Tanto quanto possa lembrar-me de mim mesmo, já observava as coisas em pequeno e pensava sobre elas, perguntando-me se eram moralmente boas ou más; ontologicamente apetecíveis ou não. Por exemplo, há uma fotografia em que estou nos braços de mamãe, tendo alguns meses de idade e, portanto, sem o uso da razão. Ela relativamente moça, muito forte e bem constituída, sorrindo enlevada e satisfeita. Ao pé da letra, ela está “derretida”…

Alguém teve a ideia de fazer uma ampliação dessa fotografia. Observando minha micro-fisonomia, percebi alguma coisa de meu modo de ser e de meu temperamento que já estava ali presente. A inocência transparece de modo saliente, junto com a debilidade. Estou acordado olhando para alguma coisa. Largado nos braços maternos – com delícias! – sentindo muito seu carinho e confiando nela com a maior tranquilidade. Entretanto, causou-me certa surpresa ver como uma criança daquela idade com ares e olhar de quem está raciocinando… É um olhar seletivo e dubitativo; feito para distinguir as coisas, não permitindo que elas se apresentassem emaranhadas, mas coordenadas. Com uma grande tendência para a análise, disposta para depois saborear ou recusar, aprovar ou rejeitar. Havia ali uma obra–prima para um homem muito analítico”. (Plínio Corrêa de Oliveira, Notas Autobiográficas, vol. I, p. 63). Os destaques são nossos.

 

É desnecessário comentar o absurdo dessas afirmações fantasiosas, cheias de um imenso orgulho, e saturada de contradições. Como uma criança, sem o uso da razão, pode falar em problemas morais, do que é lícito e do que é ilícito? Do que é ontologicamente apetecível?

Pelo seletivo é que o homem teria o verdadeiro conhecimento do ser. E ser, aí, seria o próprio Ser Absoluto.

Por quê?

Porque Plínio definiu o seletivo, dizendo que ele é o próprio ser:

 

Descrevemos desta sorte um inocente concebido sem pecado original cujo seletivo é o próprio ser”.(Plínio Corrêa e Oliveira, Seletivo e Harmonia da Alma Inocente, in revista “Dr. Plínio”, Ano VIII, Junho de 2006, N0 87, p. 22. O destaque é nosso).

 

De novo citamos essa frase, e, note-se, que o inocente seria isento do pecado original. Ora, noutras passagens, PCO dirá que todo homem é inocente por natureza. Portanto, todos os homens sendo inocentes, seriam isentos do pecado original.

Imprecisamente PCO dizia também que esse “seletivo” é “o próprio ser”, isto é o “senso do ser”, inato no homem.

Deixemos PCO explicar mais claramente o que seria esse “seletivo”— ser, e senso do ser— existente inato na alma humana. Esse seletivo estaria, segundo PCO, numa misteriosa “Câmara Obscura”, que existiria por trás da inteligência e da vontade. (Dessa Câmara Obscura se tratará mais adiante).

O seletivo seria um conhecimento inato, “instintivo e elementar de si próprio” (PCO, artigo na revista “Dr Plínio”, N85, p. 25). Por meio dele, teríamos o senso do divino em nós pela conscientização de que tendemos ao Absoluto, à Divindade:

 

A- “Por exemplo, temos uma série de percepções do divino em nós, em várias ocasiões de nossa vida. Quando às vezes, nós comungamos, temos uma certa percepção, onde está o Santíssimo, percebemos que Ele está lá. Ou quando visitamos a Sainte Chapelle” (PCO, artigo na revista Dr.Plínio, N0  58, p. 17. Os destaques são nossos).

 

E os exemplos dados não nos dão a percepção do divino em nós.

Por outro lado, Plínio dizia saber que ao ser dele, Plínio, corresponderia um arqui alter ego dele, que seria o próprio Cristo. Noutro artigo, Dr. Plínio afirmou que:

 

A inocência está sempre à procura de algo, de algo que é cheio de luz, cheio de paz, cheio de ordenação, concatenação e força, mas cheio de tranquilidade. Este algo tem a capacidade de tudo mover sem mover-se a si próprio. Tem algo de inefável, de divino, de interior e de secreto”. (Plínio Corrêa de Oliveira,Inocência Primeva e a Contemplação Sacral do Universo, ed. cit. p. 49.) O destaque é nosso.

 

E o que tem capacidade de tudo mover sem mover-se – o motor imóvel -, é Deus. Daí assegurar que ele tem algo de divino.

E vimos que PCO considerava que o homem se identificaria, no final do processo humano, com a Divindade.

B – O senso do ser e o seletivo nos dariam um conhecimento de todas as coisas, pela posse das matrizes do ser inata em nós.

Diz ainda Plínio:

 

Todos os homens têm no fundo do espírito, o padrão, os modelos ideais de todas as coisas. E – se não cometeram infidelidades revolucionárias, contra a ordem estabelecida por Deus na Criação – são capazes de encontrar em si esses modelos ideais. Feito isso, não é tão difícil alcançar a harmonia interna da alma que caracteriza a inocência”. (PCO, A Inocência Primeva, p. 45)

 

O homem, tendo algo do ser Absoluto em si, teria por meio disso, também as matrizes de todos os seres contingentes, os universais, como se a alma humana fosse como o Verbo de Deus no qual todas as coisas foram feitas.

Desse modo, pelo uso da imaginação, remetendo a impressão que as coisas nos causam ao Absoluto puramente ideal, que conteria todos os valores absolutos encarcerados no mundo material, seríamos capazes de unificar tudo no Absoluto divino.

Portanto, o seletivo, o senso do ser, o senso do Absoluto, permitiria que conhecêssemos o divino em nós e em todas as coisas. Assim como se deveria buscar o nosso alter ego absoluto, assim também se deveria buscar o super “ser” absoluto (o super verde da gelatina, o super chopp, a super limonada) aprisionado e oculto em cada ser contingente, em cada coisa concreta. Até reunirmos tudo isso num mundo ideal que PCO chamava de Mundo da Transesfera, e que seria o pléroma ideal do Absoluto.

 

***

 

6 – A Câmara Obscura

“O que é a câmara obscura?

“Existe dentro do homem uma certa região misteriosa que poderia ser comparada com uma câmara obscura na qual se dá o mais profundo elaborar dos atos da inteligência e da volição do homem, e dos quais o que comumente se chama inteligência e vontade não são senão prolongamentos”.

“Então, essa câmara obscura é chamada obscura porque ela imerge na obscuridade do subconsciente, das operações que o homem produz sem que ele mesmo perceba muito claramente que ele está produzindo” (Apostila da TFP, MNF- O Processo Humano (Resumo), mimeografada pela Editora Vera Cruz Ltda São Paulo, Dezembro de 1972, II Parte, Capítulo III, O que é a Câmara Obscura,N 2 –O que é a Câmara Obscura?, p. 71).

 

Ora, essa estranha doutrina parece a do cabalista Freud com o seu “id”. E a Cabala era a Gnose do judaísmo.

Dessa zona mais profunda e superior de alma é que proviriam o intelecto e a vontade. E nela é que as operações do homem se fariam sem que ele percebesse bem o que lá se estava produzindo. O que anularia o livre-arbítrio humano e a responsabilidade de nossos atos.

E outro gnóstico que expôs doutrina muito semelhante a essa foi Mestre Eckhart:

 

…há na alma não se sabe o quê de misterioso e escondido bem mais elevada, lugar de onde se difundem as potências que são o intelecto e a vontade. Santo Agostinho exprime-se assim: Do mesmo modo que é impossível dizer onde o Filho saiu do Pai na primeira difusão, há na alma humana um não sei quê de tudo – fato secreto acima da primeira difusão de onde saíram o intelecto e a vontade “.(Mestre Eckhart, Sermons, ed. cit. Sermão nº 7 “Populi eius in te est, misere Deus”, pág. 91).

E Plínio chega a chamar essa câmara obscura de “tabernáculo da alma”!

 

Portanto, a câmara obscura não pode ser considerada como um depósito de lixo no qual necessariamente entra poeira por mais que se limpe. Mas há uma espécie de obscuridade sagrada como de um tabernáculo, e não mais do que tudo isso. Aliás, ela é tão elevada e tão nobre que poderia ser chamada o tabernáculo da alma”. (Apostila da TFP, MNF- O Processo Humano (Resumo), mimeografada pela Editora Vera Cruz Ltda São Paulo, Dezembro de 1972, II Parte, Capítulo III, O que é a Câmara Obscura,7–Poderia ser conscientizado o que há na câmara obscura?, (idem,p. 72)).

Ora, o que está no tabernáculo é Deus…

 

A câmara obscura é a detentora dos maiores recursos e tesouros da inteligência e do conhecimento. E é, ao mesmo tempo, a grande muda. Então a inteligência toma essas coisas, as formula, conscientiza, etc. E esse é um fato que os partidários da filosofia tradicional não colocaram em evidência e que os esotéricos procuram trabalhar de modo malévolo”. (Apostila da TFP, MNF- O Processo Humano (Resumo), mimeografada pela Editora Vera Cruz Ltda São Paulo, Dezembro de 1972, II Parte, Capítulo III, O que é a Câmara Obscura,3 –Pode ser conscientizado o que há na câmara obscura?, p. 75).

 

E a Câmara Obscura seria tabernáculo do “senso do ser”, do seletivo, o depósito do saber inato do homem, de onde o homem retiraria os seus conhecimentos nela depositados.

 

Este seletivo possui certos critérios de escolha antes mesmo de a inteligência ter elaborado raciocínios. Essa faculdade trabalha ainda de um modo incompleto, enquanto o seletivo já inicia seu operar. Tal tabela de valores, de preferências, recusas e indiferenças é desenvolvida pela criança ao longo de sua vida, sofrendo algumas modificações, de vez em quando perdendo algum atributo, adquirindo outros, etc. mas, em suas linhas gerais, ela o conserva até o fim de sua existência”. (PCO, artigo “Inocência e as Noções Primárias do Ser”, in revista Dr. Plínio, Ano VIII, Abril de 2.005, N0 85, p. 24. O destaque é nosso).

 

Plínio afirma rotundamente, aí, nesse texto, que existem critérios de julgamento no homem, anteriores ao uso da razão. No homem, haveria critérios de julgamento inatos. Haveria até uma tabela inata de valores e que, em linhas gerais, se manteria no homem até o fim da vida. O que vai contra a doutrina católica e fazem de Plínio ou um platônico, ou um romântico kantiano.

De todo modo, como diziam os tefepistas e os Arautos, um “filósofo não abstrato”.

Falando do seletivo, Plínio exprime, por vezes, ideias bem estranhas:

 

Verifica-se aqui o processo mental humano de se desprender da noite do não-criado para o criado, do não-ser para o ser” (PCO, artigo “Inocência e as Noções Primárias do Ser”, in revista Dr. Plínio, Ano VIII, Abril de 2.005, N0 85, p. 24).

 

O não-criado é Deus. Deus não é a treva. O não-ser não existe.

E o processo mental humano não parte do não-ser para o ser. Parte da constatação de que os seres existem. A criança não parte de uma noção de não-ser.

E descrevendo o seletivo num hipotético inocente Abel, Plínio mostra como ele, usando o seletivo, alcançaria a apoteose, isto é, a divinização:

 

Sobretudo, [Abel] compreenderia que, pelo funcionamento desse seletivo, quando alcançasse a plenitude de si próprio, teria a magna recompensa: a apoteose, o céu se abriria, os Anjos desceriam para levá-lo, sem passar pela morte, para a glória eterna.” (Plínio Corrêa de Oliveira, “Inocência Paradisíaca”,artigo in Revista Dr. Plínio,AnoVIII, Maio de 2005, N0 86 , p. 18)

 

Desde o fundo inconsciente de nossa alma, numa zona obscura, que PCO chama de Câmara Obscura [quase que o Id de Freud fantasiado de tomista], o seletivo daria então à inteligência consciente as matrizes de todos os seres, os universais, e, para a vontade, o seletivo apresentaria as decisões mais profundas e melhores para o indivíduo, mas que o livre arbítrio poderia recusar. Daí Plínio falar em “maldade do livre arbítrio”, pois ele poderia resistir às propostas inerrantes do seletivo.

Plínio dirá que, na alma humana, havia então uma misteriosa Câmara Obscura, na qual se dariam todos os conhecimentos inatos  que o homem deveria sempre comparar com o que a realidade exterior lhe apresentasse. O que seria conveniente ao homem lhe causaria uma impressão favorável, que o homem, através da imaginação, poderia relacionar com a matriz do ser inata nele, e a seguir, e sempre usando a imaginação, relacionar essa primeira impressão com outros seres análogos superiores até chegar a um análogo absolutamente transcendente à realidade concreta, num mundo irreal e imaterial, onde haveria a fonte Absoluta da impressão sentida inicialmente. Esse exercício imaginativo fazia passar, dizia PCO, do concreto exterior à verdadeira realidade do Absoluto ideal, numa esfera superior que PCO chamava de Transesfera.

E repare-se que, nesse processo, não entraria a abstração intelectiva. O que importaria seria o seletivo, a impressão sensível, e a imaginação, como meios para atingir e identificar-se ao Absoluto ideal.

Plínio, certa vez, escreveu sobre “a maldade do livre arbítrio (Plínio Corrêa de Oliveira, artigo “Vítima Expiatória”,in revista Dr. Plínio, Ano II, Outubro de 1999, N0 19, p. 26). Porque maldade do livre arbítrio?

Porque o livre arbítrio, por sua maldade, poderia recusar esse absoluto, preso nos seres contingentes concretos, e sugerido pelo seletivo como convite para o homem alçar um vôo imaginativo até o Absoluto ideal na Transesfera. Havendo essa recusa pela preferência do ser concreto e desprezo do Absoluto, dar-se–ia na alma um voltar-se para o concreto e para o relativo, repelindo o Absoluto ideal. Dar-se-ia, então, uma desarmonia de suas potências, e o homem perderia o fulgor da inocência primeva. Esse seria o pecado de Revolução que faria do homem um revolucionário.

Caso o homem fosse fiel ao que o seu seletivo lhe apresentasse de modo inato e inerrante, ele venceria, como dizia Plínio, a maldade do livre arbítrio, mantendo a inocência primeva e a harmonia das potências conscientes de sua alma, tornando-se o homem um contra revolucionário. Não havendo o pecado de revolução — a recusa de buscar o Absoluto por meio da imaginação e do sonho – a inocência permaneceria na alma mesmo sob um mar de pecados contra a lei de Deus. O único mal seria o pecado de revolução, a recusa da busca do Absoluto.

A inteligência e a vontade conscientes seriam meras ramificações do seletivo da Câmara Obscura. Elas teriam suas raízes no seletivo residente na câmara obscura.

Plínio considerava que, a inteligência e a vontade, em sua dependência radical do seletivo, teriam sido postas como inerrantes no homem.

Plínio diz mais: diz que “a inteligência é inerrante em seu nascedouro, isto é, no seletivo jazente na Câmara Obscura”. E que, se uma pessoa fosse fiel a esse estado original, que o Batismo reforçaria, ela se manteria inocente, mesmo se cometesse um mar de pecados, pois esse estado seria ontológico, seria imanente ao ser do homem, e, por isso também ele se tornaria inerrante. Se a pessoa atuasse sempre de acordo com sua inocência, então ela seria inerrante.

Tudo isso foi contado por João Scognamiglio em 1992, quando ainda Dr. Plínio estava vivo (Cfr. João Scognamiglio Clá Dias, Jour–Le–Jour, 19 de Abril de 1992).

Plínio afirma que é possível manter em nós a harmonia destruída pelo pecado original, extirpando a contradição que ele deixou em nossa natureza, através do bom uso de nosso seletivo: 

 

“Entretanto trata-se de uma contradição que precisamos extirpar de nosso interior, para que em nós tudo seja lógica, coerência, harmonia.”

“Tal nos é possível, fazendo com que nosso seletivo funcione em ordem, não procurando coisas que não nos convém, e tendo ideia exata de como deveríamos ser, isto é, inocentes. E desejar atingir essa meta, pois o homem, quando fiel à sua inocência batismal, conhece, quase por instinto aquilo que lhe será ou não benéfico” (PCO, artigo, “Seletivo e Harmonia na Alma Inocente”, in revista Dr. Plínio, Ano VIII, Junho de 2.005, N0 87, p.25). Os destaques são nossos.

 

Desta vez, substituiu-se taticamente, no texto, inocência primeva por inocência batismal…

Eis algumas citações originais dessa doutrina de PCO, comprovando o que agora expusemos.

“A visão primeira corresponde à minha velha ideia – [de Plínio Corrêa de Oliveira] — de que o conhecimento é algo que brota do fundo da cabeça do homem à maneira de algo impreciso, que depois se torna desenho, depois relevo, depois estátua e por fim fala”. (Apostila da TFP atribuída a Átila Sinke Guimarães, MNF- O Processo Humano (Resumo), mimeografada pela Editora Vera Cruz Ltda São Paulo, Dezembro de 1972, II Parte, Capítulo I Teoria da Visão Primeira,N 5 – O Verdadeiro Conhecimento e a Verdadeira Inteligência, p. 64.)

Portanto, o conhecimento viria do interior do homem, e seria inato nele.

E noutra passagem se lê:

 

Necessariamente tem que haver um conhecimento anterior e subconsciente nele – [no homem] – que é o conhecimento de algo por onde todas essas coisas são unas” (Apostila da TFP, MNF- O Processo Humano (Resumo), mimeografada pela Editora Vera Cruz Ltda São Paulo, Dezembro de 1972, II Parte, Capítulo I Teoria da Visão Primeira, N 1 –  Visão primeira a Alma Enxerga o Ser na sua Totalidade, p. 61. O destaque é nosso).

 

Todas as coisas, no fundo, seriam unas no Absoluto, numa concepção monista e espiritual do ser.

 

***

 

7 – A inocência primeva

Plínio diz que o estado de inocência primeva seria aquele com que o homem “saíu das mãos de Deus”.

A Inocência primeva, estado de harmonia com que a alma saíu das mãos de Deus” (PCO, A Inocência Primeva, p. 35).

Já nessa conceituação de inocência primeva parece se afirmar que os homens mantiveram a inocência original de Adão. Portanto, que o pecado original não fez o homem perder a inocência original.

A heresia que essa conceituação insinua será confirmada por outros textos, como este que repetimos por fins de compreensão mais fácil:

 

[Inocência primeva é o estado]  “pelo qual uma pessoa, desde os primeiros movimentos de sua existência, tem noção de que ela é. E, de modo excelente, vai escolhendo as coisas que, por afinidade ou contraste harmônico em relação a ela, lhe convém para realizar a sua unicidade. Em sua caminhada pela vida, nunca cometeu uma falta e sempre visa atingir a própria perfeição. A inocência assim conceituada se refere à pessoa sem pecado original” (Plínio Corrêa de Oliveira, Seletivo e Harmonia na Alma Inocente,artigo in Revista “Dr. Plínio”, Ano VIII, Junho de 2006, N0 87, p. 23. Os destaques são nossos).

 

Está aí dito expressamente que o conceito de inocência primeva, admitido por PCO, inclui a isenção do pecado original. O que vai contra o dogma.

Não é de espantar que ele então diga que…

 

“Todos os homens têm no fundo do espírito, o padrão, os modelos ideais de todas as coisas. E — se não cometeram infidelidades revolucionárias, contra a ordem estabelecida por Deus na Criação — são capazes de encontrar em si esses modelos ideais. Feito isso, não é tão difícil alcançar a harmonia interna da alma que caracteriza a inocência” (PCO, A Inocência Primeva, p. 45).

 

E ainda:

 

“Inocente é o homem de todas as idades que adere àquele estado de espírito primevo de equilíbrio e de temperança com que o homem foi criado, e por isso conserva-se aberto a todas as formas de retidão e de maravilhoso” (Plínio Correa de Oliveira, A Inocência Primeva e a Contemplação Sacral do Universo, p. 35).

 

Parece-nos que não restam dúvidas, por essas poucas citações, a heresia da TFP e dos Arautos do Evangelho. E PCO se dizia “O Inocente” por antonomásia. Daí, a ideia de que ele era inerrante e imortal, o Profeta do futuro Reino de Maria.

 

***

 

8-  O Arqui Alter Ego

Plínio conta como, no fundo do ser humano haveria, com a ideia inata do ser Absoluto, um Arqui Alter Ego da pessoa. E para ele, em seu pensamento idealista, repetimos, a ideia de ser era idêntica e a mesma coisa que o mesmo ser.

 

Era como se existisse um meu ”arqui-alter ego [arqui outro eu mesmo], atraentíssimo, porque imensa e infinitamente distante, mas ”inviscerado’ dentro de mim e “brincando” com minha alma como um homem brinca com uma pedra preciosa”.

“Eu tinha a impressão de que esse alter ego se comprazia em intensificar em minha alma ora tal atitude, ora tal outra. Ao mesmo tempo, ele me deixava contemplar essa atitude e parecia dizer-me:“Vê como isso é lindo! E tu, meu filho, como és pulcro, perfumado, irisado e magnífico, em tua alma! Que esplendor há em ti! Também que alegrias inefáveis tu sentes! Que bem-estar superior a qualquer satisfação da terra, sem nenhuma comparação!

Sendo fiel a “isso”, terás um grande papel. E quando o realizares então verás como será a minha união contigo! Que grandeza sem nome! Anda, portanto, pois no fim me encontrarás. E agora, trata de encontrar a tua alegria em ti mesmo, pois eu ponho em ti o enlevo e a “leveza de alma” que são o teu Céu desde já”

“Tudo isso me convidava a sacrais “sonhos de olhos abertos” e pensava: “Como vai ser essa união?”. E imaginava episódios…Eu sonhava com essa união, prometida para a hora da tarefa cumprida e do triunfo realizado, mas sem nunca pensar assim: ”Eu estou caminhando e os outros não…”

Portanto, o verdadeiro triunfo não consistiria no aplauso dos outros, mas na união consumada. Seria como um general de alma nobre, que deseja ganhar uma guerra. Na hora do desfile da vitória, ele tem a sensação metafísica [sic] de encarnar a pátria e o heroísmo, e encontra a plenitude e a realização de sua alma nessa identificação com valores superiores, muito mais do que a alegria de ser aplaudido”.

Assim eram os meus “sonhos”, mas de um modo incomparavelmente mais alcandorado: eu desejava essa união, para sentir-me inteiramente penetrado por “isso’, quando chegasse o fim da minha missão. Eu não sabia que “isso” se chamava Deus, como vejo hoje. Eu tinha, portanto, um desejo de união com Deus. E isso se exprimia dos modos mais variados. Eu não ouvia nenhum som ou melodia tocada por anjos, mas de vez em quando, sentia uma “harmonia” interna de minha alma, sobre a qual eu tinha vontade de compor uma música… E, às vezes, em uma ou outra peça musical que ouvia – executada pelas muitas orquestrinhas existentes por toda a parte—certos trinados lembravam-me isso, de passagem.

“Mas eu percebia que esse “paraíso interior” trazia como pressuposto uma coerência muito grande; exigia que eu me desse a ele por inteiro! Aquele deveria ser o lar de minha alma por toda a vida, e nele eu teria toda espécie de felicidade e bem-estar. Se bem que eu ignorasse ainda os assuntos relativos ao Sexto Mandamento – que conheci aos nove ou dez anos de idade—sentia em mim uma pureza exímia, que parecia tocar música em meu interior.A castidade era como uma concha na qual tudo isso estava contido e, se eu a perdesse, romperia com esse mundo maravilhoso” (Plínio Corrêa de Oliveira, Notas Autobiográficas, edit. Retornarei, São Paulo, 2008, I vol., pp. 220- 221. Os destaques são do original).

 

Dispensamo-nos de comentar tais absurdos, porque fazer isso seria ofensivo para um Cardeal.

Restaria perguntar quem é esse arqui alter ego de cada um. E ver-se-á, mais adiante, que, no juízo diante de Deus, o homem encontraria seu arqui alter ego. E que esse é Arqui Alter Ego seria o próprio Cristo, Homem-Deus como costumava dizer Plínio quase que obsessivamente.

 

***

 

9 – A Inocência não pode ser perdida pelo pecado e nem recuperada pelos sacramentos.

Convém então notar, ainda, que, para PCO, a Inocência primeva nunca poderia ser totalmente perdida. PCO imaginava que a inocência primeva não se perderia com o pecado mortal pessoal. Pois se nem o pecado original de Adão teria impedido que todos os homens nascessem com a Inocência primeva, muito menos ela seria perdida pelo pecado pessoal. Paradoxalmente, conservar-se-ia a inocência primeva mesmo que houvesse um “mar de pecados”.

Prevenia Plínio que:

A inocência primeva não é algo que o demônio possa arrancar inteiramente de dentro de nossa alma, mas permanece como uma catedral engloutie, uma catedral imersa nas águas do pecado, que ainda existe em nós” (Plínio Corrêa de Oliveira, A Inocência…, p. 53).

“Desaparecida a inocência, estaria tudo perdido? Ela é algo de irrecuperável ou pode ser restaurada?

“Sem dúvida, pode haver uma restauração. Não se trata simplesmente da conversão de um pecador arrependido – embora a conversão tenha muito a ver com o tema – mas da volta ao estado primevo de harmonia interna que constitui a inocência” (Plínio Corrêa de Oliveira, A Inocência…, p. 53).

 

O meio para recuperar a Inocência seria simplesmente ter saudades dela;

 

“São saudades que salvam. ‘Não é preciso fazer considerações flagelantes e dilacerantes a respeito do paraíso perdido com o qual se rompeu e que também teria rompido conosco. Em vez disso, deve-se pensar o contrário: esse paraíso não rompeu conosco e a toda hora bate à nossa porta’” (Plínio Corrêa de Oliveira, A Inocência…, p. 54).

 

Claro que tais concepções conduzem ao anomismo.

Por isso, Plínio imaginou um novo critério de salvação, muito semelhante ao de alguns sistemas gnósticos como o dos mandeanos.

 

***

 

10 – O Juízo Final e a Salvação conforme PCO. A identificação com o Eu divino.

Plínio diz que sua concepção sobre o juízo da alma por Deus “difere da concepção comum sobre o que são o existir de um homem, o Juízo Final e o julgamento de Deus” (Plínio C. de Oliveira, A Inocência…, p. 61).

 

“Por vezes vem-nos ao pensamento que a entrada no Céu será como se fosse num país completamente estranho, onde não conhecemos ninguém. Ficamos, no fundo, um tanto apavorados. E pode-se ter a impressão de que o julgamento não tem relação com nossa biografia, mas com uma tabela de Dez Mandamentos que se deveria ter praticada. Não nos parece que vamos rever uma pessoa muito conhecida, mas ter contato com um desconhecido que nunca esteve diante de nós (Plínio Corrêa de Oliveira, A Inocência…, p. 61. O destaque é nosso).

“Na Hora da morte acaba o exílio, porque termina o lusco-fusco e se vai ter o grande encontro: o grande encontro com Aquele com “A” maiúsculo no lar paterno da alma. Com Aquele que é mais eu do que eu mesmo, e em cujo convívio vou passar a viver e existir por toda a eternidade. É a sensação de volta à casa paterna depois de uma longa peregrinação. “É a procura do semelhantíssimo a mim, mais eu do que eu mesmo” (Plínio Corrêa de Oliveira, A Inocência Primeva e a Contemplação Sacral do Universo, ed.Cit., p. 62).

Os destaques são do original.

 

Também nesse ponto basta lembrar que em muitos sistemas gnósticos (por ex., nos textos mandeanos) a salvação ocorre pela identificação numa união hipostática do eu pessoal com o eu divino. Toda a Gnose romântica está recheada dessa ideia, que Hans Jonas julga ser o coração da Gnose (Cfr. Hans Jonas, La Religion Gnostique, Flammarion, Paris 1978, p. 168).

E essa ideia da identificação dos Eus é defendida por Novalis (Discípulos em Sais), por Wagner (Tristão e Isolda) pelo cabalista Martin Buber, assim como pelo Ritual do Terceiro Grau da Ordem Templária de Portugal.

 

***

 

11 – A Contemplação Sacral do Universo pelo Homem Inocente.

Para Dr. Plínio, imaginando, fantasiando, é que se alcançaria um mundo ideal, o mundo “sacral” por excelência.

Esse processo imaginativo e idealizador se iniciaria na infância, quando a inocência primeva reinaria na alma de todo homem. Portanto, na alma de todos os homens, mesmo sem o Batismo. Todos, através do “senso do ser”, poderiam atingir o “conhecimento” de um mundo ideal, que seria um conhecimento salvador.

Todos os homens então, pelo “senso do ser” procurariam alcançar uma “ordem ideal” que eles conheceriam por meio das matrizes universais inatas neles.

Esse universo ideal era imaginado como realizado, num mundo do além, por seres análogos aos do nosso mundo concreto, porém muito mais perfeitos, pois que não teriam matéria. O que de melhor haveria em nosso mundo, existiria perfeitíssimo, sem nenhuma limitação e defeito, e sem matéria, nesse mundo ideal.  Seria um universo de puros seres ideais, muito semelhante ao mundo das ideias de Platão, mas ainda superior a ele.

Entre o mundo real e imperfeito em que vivemos e o mundo ideal do Absoluto, haveria vários paraísos imaginários, uns análogos aos outros, até o mundo supremo do Absoluto Absolutíssimo. De grau em grau, cada um desses “paraísos” imaginários, numa sucessão indefinida de analogados, iria até um mundo totalmente ideal, que PCO chamava mundo da Trans-Esfera.

Plínio chama de contemplação sacral do universo não a compreensão das qualidades invisíveis de Deus tornadas visíveis nas criaturas, como ensinou São Paulo (Rom. I, 20), mas, sim, a contemplação de um mundo imaginário. A ele se chegaria através de um jogo da imaginação, sonhando com criaturas que tivessem qualidades cada vez mais altas, até o nível do absoluto, que PCO coloca no mundo dos possíveis de Deus.

Exemplos:

A – A limonadérrima e o Super Plínio

Aos três anos de idade, indo de navio à Europa, PCO tomou uma limonada que lhe causou — para usar um termo caríssimo a PCO — uma forte impressão.

 

“Vejo neste navio um ’pedaço’ da Europa na qual vou entrar. E já estou notando daqui que existe na Europa algo por onde todas as coisas são da melhor qualidade do que aquelas que conheço. Portanto, esta bebida obedece a um estilo e a uma escola de categoria superior. Limonada é isto! Ó limonada. Entretanto, por trás dessa reflexão estava a ideia da limonadíssima, que aquela limonada do navio não havia atingido E, sem saber ainda dizer o que estou explicando agora, minha ideia era a seguinte: “Existe, na ordem do espírito, um deleite da limonada, e há, em outra esfera superior, uma limonadérrima que já não é mais limonada, nem tem limão. Mas se eu for afirmar isso para as pessoas adultas que me cercam, vão dizer que sou louco. Percebo que não sei exprimir bem o que estou pensando, mas quando ficar mais velho saberei fazê-lo” (Plínio Corrêa de Oliveira, Notas Autobiográficas, ed. cit, p. 96).

 

B – Um segundo exemplo de “contemplação sacral” pliniana é sobre um copo de chopp:

 

Não terei entendido um chopp se não conseguir imaginar o chopp perfeito. Depois de o ter imaginado, esse chopp imperfeito me faz compreender um ser possível que é a alegria de minha vida.

(…) No chopp, eu via a possibilidade de ser muito mais do que era, e esta possibilidade me falava de Deus” (PCO, A Inocência…, p. 302).

 

Para Plínio, o passo inicial da contemplação como ele a concebe está no sentimento:

 

Não se trata apenas, ou sempre, de fazer a explicitação das coisas percebidas pelos sentidos. O passo inicial indispensável é uma espécie de sentir do qual nascerá mais tarde a explicitação. Esta seria o segundo estágio, menos imprescindível, enquanto o primeiro é o mais precioso, porque dele depende o resto do processo” (Plínio Corrêa de Oliveira, “O Senso Comum e a Procura do Absoluto”, in revista Dr. Plínio, ano VII, N071, Fevereiro de 2.004, p. 27.

Os destaques são nossos.

Se a pessoa for fecunda em formar noções ideais, muito sub-conscientes, mas efetivas, a respeito do que a cerca, ela vai buscando um universo ideal. Ela sabe que esse universo ideal não existe, mas tem a noção de que, de algum modo, deve existir.” (O universo é uma Catedral, excertos do pensamento de Plínio Corrêa de Oliveira por Leo Daniele, Edições Brasil de Amanhã, São Paulo, 1997, p. 23).

 

Portanto, o universo que Plínio imagina é:

1) Puramente imaginário;

2) Mas, “imaginando-o realizado”, num universo fantasioso que ele chama de ideal;

3) Universo que ele qualificará com o termo “sacral”;

4) Que formaria o que ele vai denominar de Trans-esfera;

5) Universo absolutamente contraditório, pois que não existe, mas teria que existir, pelo menos de algum modo.

6) Que, segundo ele diz em textos que citamos em nosso livro, os contos de fadas contam coisas irreais aqui, mas que são “verdades no reino do além”.

7) Contos da fadas contariam verdades ocultas.

8) Finalmente, as coisas existentes no mundo atual seriam análogas a esse mundo da Transesfera, e não a Deus. O que faz substituir Deus pela Transesfera.

 

E Plínio liga o mundo ideal imaginado por ele aos possíveis de Deus, dizendo que o que há de mais esplêndido no mundo em que vivemos tem o seu auge no mundo dos possíveis de Deus, que não existem, mas que de algum modo existiriam.

“Seres possíveis: poderiam existir mas não existem.

 

A contemplação sacral também pode ter como objeto o campo dos possíveis, ou seja, dos seres que poderiam existir, mas não existem. Assim, quem a ela se dedicar verá desdobrar-se diante de si um verdadeiro universo, pois todo ser existente tem analogia com inúmeros seres que não existem e jamais existirão” (PCO, A Inocência Primeva e a Contemplação Sacral do Universo,edição do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, Artpress, São Paulo, 2008, p. 153. Os destaques são nossos).

PCO então faz um paralelo entre o mundo dos possíveis e o brasão imaginário de um Rei inexistente numa República aristocrática, brasão ao qual se refeririam heraldicamente os brasões dos aristocratas dessa República. E diz que, assim como os brasões desses nobres participavam de um brasão monárquico de um Rei inexistente, assim também, tudo o que existe de bom em nosso mundo participaria analogamente do mundo ideal perfeitíssimo – mas inexistente – dos possíves em Deus. E disso ele tira um princípio:

 

Tudo o que existe é uma participação nisso que não existe” (PCO, A Inocência Primeva e a Contemplação Sacral do Universo, Instituto Plínio Corrêa de Oliveira,  ed. Artpress, São Paulo, 2008, p. 230. O destaque é nosso.).

 

E desse modo, PCO contraia diametralmente o que São Paulo afirma na Epístola aos Romanos (I, 20).

E ele afirmará que existir ou não esse mundo ideal não tem importância maior:

 

Tratava-se da procura de um maravilhoso superior à realidade cotidiana e colocado numa linha arquetípica de belezas ideais. Para mim, nem era necessário que elas existissem, mas bastava-me entender serem concebíveis” (Plínio Corrêa de Oliveira, Notas Autobiográficas, vol. I, p. 301. Os destaques são nossos).

 

Para PCO, tanto fazia se os possíveis existissem ou não. O que ensinava a Religião, a Metafísica e o bom senso não interessava. Importava o que ele imaginava, existisse, ou não, o imaginado.

Tanto fazia ser ou não ser, existir ou não existir, porque, como Bergson, ele considerava que a existência era um mero fluxo. Eis o seu comentário vendo um jorro de água, caindo no mar:

 

“Assim é a vida! Os fatos vão saindo de dentro do possível para se tornarem reais e depois se perdem no que já passou, como essa água que desaparece no mar. É bonito ver como isso se sucede. E o ruído que faz essa água caindo no mar é como o rumor dos fatos da vida, quando acabam de acontecer e se perdem no passado. E o ruído que vai, vai, e de repente acaba.

Assim é a vida… Que bonito esse jorro! Como é bom que comece, como é bom que dure, como é bom que acabe!” (Plínio Corrêa de Oliveira, Notas Autobiográficas, vol. I, p. 212).

 

E Plínio diz que pensou isso aos quatro anos. Sem ter lido Bergson, de quem ele repete até o termo “jorro” para indicar o fluxo do existente.

E PCO estendia essa ideia de fluxo até aos seres humanos, que, morrendo, se tornariam somente seres “possíveis”:

 

“As saudades são a lembrança de um pequeno possível que deixou de existir. Assim, quando alguém deixou de existir, fica para nós como um possível” (PCO, A Inocência Primeva e a Contemplação Sacral do Universo, Instituto Plínio Corrêa de Oliveira,  ed. Artpress, São Paulo, 2008, p. 159)

 

Daí fica compreensível o porque, para PCO, o mito valia mais que a realidade, a lenda valeria mais do que os fatos ocorridos.

 

***

 

12 – A Transesfera pliniana.

A esse mundo ideal Plínio chamou de Transesfera. Eis o conceito de trans-esfera de Dr. Plínio:

 

Transesfera é uma visão transcendente da realidade que resulta da contemplação dos possíveis de Deus, a partir do universo criado ou das obras dos homens, e que produz na alma que a ela se consagra um élan de união com o absoluto de Deus” (PCO, A Inocência…, p. 175)

 

A Transesfera seria uma “visão transcendente da realidade” existente, obtida pela contemplação dos possíveis de Deus, que não existem, e que não podemos contemplar.

E a contemplação da inexistente Trans-esfera causaria “um élan de união com o absoluto de DeusE vimos anteriormente, neste resumo, que, para PCO, essa união com o absoluto seria divinizadora do homem.

Para Plínio, TFP e Arautos, tendo uma visão sublimada e transcendente da realidade, isto é, sonhando, se alcançaria a Trans-Esfera Pliniana, mundo esse que seria análogo aos possíveis de Deus.

E tais possíveis poderiam atuar sobre nós, e nós sobre eles numa mútua intervenção sonhadora.

Os possíveis em Deus, não tendo o ato de existir fora da mente divina, não tendo sido realmente criados, — pois que se fossem criados já não eram possíveis, mas seres realizados — não têm poder de atuar. Eles não têm potência ativa. E por isso, eles não podem ser causas agentes. Eles não podem causar em nós nem mesmo o élan de que fala Bergson em seus devaneios filosófico-gnósticos, que parecem ter influído na imaginação de Dr. Plínio, para construir sua Gnose burlesca e filosoficamente mal arranjada. Mal arranjada, pois que para montá-la, ele usava mal termos filosoficamente em moda, na Belle Époque.

Dissemos que a Gnose pliniana é burlesca. Mas é também granfina, pois que ele a fez com pretensões metafísicas mal digeridas, e sonhos burgueses e tupiniquins de atingir um nível aristocrático afrancesado. Mas sua doutrina, ainda que bronca e burlesca,– paranóica — não deixava de ser uma gnose. Portanto, uma heresia.

 

O que é essa esfera? Não é uma esfera nova da realidade, mas algo que o espírito humano concebe como um produto do espírito” (PCO, A Inocência…, p. 173)

“[A Transesfera, o Saci-Pererê de Plínio] É uma imagem que o espírito humano cria para si, de uma ordem irreal, hipotética, não existente, formando-se às vezes de modo muito efêmero, por certos aspectos da natureza, por atitudes dos indivíduos, etc., que não constituem, portanto,  uma ordem real. São aspectos fugazes, são lampejos, que as coisas tomam e com os quais o homem constitui um modo habitual de ver todos os seres como se estivessem numa trans esfera” (PCO, A Inocência…, p. 173.)

E essa ideia do viver em algo que não é o real, mas que poderia ser o real algum dia e no qual a minha alma quereria viver, passou a constituir uma espécie de tendência freqüente no meu espírito” (Plínio Corrêa de Oliveira, in revista “Dr. Plínio”, Ano  IV, Novembro de 2.001, No 44, p. 16. O sublinhado está no original do texto citado).

 

E na transesfera pliniana não haveria homens e mulheres de carne e osso:

 

Entretanto, eu recusava a ilusão enganosa de imaginar que pudessem existir, realmente, homens e mulheres de carne e osso com a perfeição que eu desejava, ou objetos materiais sensíveis com a beleza ideal que eu queria. E sabia que não chegaria a conhecer nesta terra um ambiente humano que atingisse esse píncaro.” (Plínio Corrêa de Oliveira, Notas Autobiográficas, Editora Retornarei, São Paulo, 2008, vol.I, p. 452).

 

Todo gnóstico sonha com a eliminação da carne. Daí todo gnóstico quer corrigir o mundo criado por Deus:

 

A partir disso nasceu uma análise em relação ao mundo que me cercava. Eu via nele coisas belas e também outras reprováveis, erradas e tortas, mas sentia que, em alguma medida, as realidades podiam ser elevadas até esse ideal, de onde surgia a ideia de que o mundo deveria ser corrigido” (Plínio Corrêa de Oliveira, Notas Autobiográficas, Editora Retornarei, São Paulo, 2008, vol.I, p. 452-453).

Dr. Plínio afirmava que, quanto maior fosse a inocência de uma pessoa, mais ela, olhando uma coisa, conseguiria imaginar como essa coisa seria no limite do imaginável de sua excelênciaE ele dá um exemplo disso:

 

Assim diante de uma porta encimada por um arco, ele pode ter ‘uma finíssima visualização do arco, formar a ideia de um arco dos arcos, como aquele arco que está vendo deveria ser” (PCO, A Inocência Primeva e a Contemplação Sacral do Universo, Instituto Plínio Corrêa de Oliveira,  ed. Artpress, São Paulo, 2008, p. 161).

Essa noção do arco dos arcos vem através dos sentidos e de algum modo está viva na pessoa. E isto faz com que ela tenha a respeito de quase tudo uma fecundidade em formar noções ideais, muito subconscientes, mas efetivas. E à medida que a pessoa vai conhecendo esse universo, vai tendo em gérmen a ideia de um universo ideal. Este universo ideal, ela sabe que, tal qual imagina, ele não existe, mas que, de algum modo, algo deve existir. ’Esse algo corresponde a uma visão sublimada e transcendente da realidade que passamos a analisar” (PCO, A Inocência Primeva e a Contemplação Sacral do Universo, Instituto Plínio Corrêa de Oliveira,  ed. Artpress, São Paulo, 2008, p. 161. O destaque é nosso).

De maneira que a trans-esfera é um possível em Deus, não criado; porém um possível virtualmente já criado, do qual nós temos uma certa noção a partir dos seres criados ou de obras feitas pelos homens. De alguma forma, esse possível já vive em nós… desde que não sejamos tão miseráveis que nada em nós tenha restado daquele possível que nos tornaria mais parecidos com a nossa própria transcendência. Isto é, com aquele modelo ideal de nós mesmos para o qual devemos tender” (…) Então a essa visão sublimada da realidade nós chamamos de Trans-esfera”. (PCO, A Inocência…, pp. 173-174)

 

E a Transesfera nos elevaria à ordem sobrenatural:

 

Portanto, na transesfera, há muito mais que uma vue de l’esprit com algo vivo em nós, que nos projeta numa ordem de vida que é a ordem sobrenatural, onde nos tornamos de algum modo cidadãos da cidade que ainda não construímos. E onde a cidade que ainda não construímos de algum modo já vive em nós” (PCO, A Inocência…, p. 74).

 

E veja-se como o inexistente passa a ser existente:

 

“De modo que essa “vue de l’esprit” se move em direção a um futuro existente no além, que atrai o homem.”

“Mas esse futuro existe mesmo, ou não existe? Como possível, como causa agente existe, na medida em que raízes desse movimento da alma se encontram na natureza criada.

Portanto, essa vue de l’esprit é o ato inicial que nos conduz ao píncaro da realidade” (PCO, A Inocência…, p. 175. O sublinhado é do original).

 

***

 

13 – Seres ab aeternos na Transesfera

E nessa Transesfera Plínio sonha que haja seres ab aeternos (sic).

Eis como João Scognamiglio Clá Dias contava o texto do MNF aos eremitas e novatos na TFP.

[Faremos a citação do documento original, corrigindo os erros de digitação e de ortografia]:

 

“Vou tentar dar um resumo do MNF de quarta-feira. Não é bem exatamente o que ele [Dr. Plínio] diz, mas dá uma ideia para os senhores.

Os senhores já viram uns pedregulhos assim um pouquinho mais bem [sic!] acabados e mais bem [sic!] constituídos do que os pedregulhos comuns. Chegam até a transmitir um pouquinho de luz. São uns pedregulhos branquinhos, que dá para perceber um pouco de luz do sol, etc. Isto, é que é o comum das criaturas comparado com aquilo que ele [Esse ele é o “Profeta” Plínio] tem tratado muito no MNF de criaturas “ab aeternas”. [sic!] O que é “ab aeternae” [sic!] para ele? Não é um pedregulho, mas é uma pedra tão preciosa, tão preciosa, que a gente tem a impressão que a luz nasceu de dentro dela (Exclamações) E que assim seria uma criatura “ab aeternae”. Seria tão luminosa, tão luminosa, tão luminosa, que a gente teria a impressão de que ela como que teria a luz de dentro dela. Seria como que se ela fosse as qualidades que tem. Portanto seria muito próxima de Deus”. (Telefonema de João Scognamiglio aos Estados Unidos, 20/02/1983, narrando o “Jour–le-Jour”).

 

Scognamiglio passa então a citar textualmente as palavras de PCO:

 

Então a distinção entre duas coisas diferentes. Uma coisa é, a vista de algo palpável e sensível, e, em imaginar algo do mesmo gênero, que seja ainda mais belo do que isso”.

“Por exemplo eu estou vendo aqui as cerejas (…) eu posso imaginar super cerejas (…) Eu não estou fazendo se não imaginar isso que está aqui levado à maior perfeição que lhe é própria”.

“(…) o rumo do maravilhoso tende a isso (…) a pessoa que tem esse senso, vendo alguma coisa, tende a imaginar na sua maior beleza. Por que ela entende qual é a beleza máxima possível da coisa, se bem que ele não tenha visto”.

“(…) Bom, agora há uma outra perfeição, um outro senso de perfeição que vai mais longe. Vendo uma cereja, imagina como seria uma cereja paradisíaca.

“As frutas do Paraíso, são como se não existissem no nosso universo. O Paraíso terrestre existe em nosso universo, está guardado lá, e o que parece Elias e Enoc estão lá”.

“(…) Agora uma coisa mais alta ainda, é quando a pessoa cria completamente – não são as cerejas do Paraíso – faz uma jóia com rubi, com vários rubis, para compor o que seria uma cereja maravilhosa e ideal, [que jamais existiu em] nenhum lugar existiu. Seria uma verdadeira beleza”.

“(…) Isto que eu estou falando a respeito de cereja podia ser panorama. Então, minha eterna Veneza, e acabar de degrau em degrau, numa cidade, que não existe nem nas nuvens, concebida por mim, mas (…) pelo contrário, tão diferente, quanto possível dessa cidade, continuando a merecer o nome de cidade. Apenas pertencendo ao mesmo gênero de cidade”.

“Então, uma cidade em que as pedras fossem constituídas com raios de sol de “Claude Lorrain”. E daí pra frente”.

“Bom, mas construídas essas cidades, o espírito humano não se contenta. Ele diante dessas coisas, muito maravilhosas, ele tem certo momento um reflexo, que lhe faz pensar em algo que não sabe dizer como é. Que são criaturas ainda, mas que não sabe dizer como é”.

“Algo que tenha um esplendor tal, que ele é obrigado até imaginar, para existir em função disso, seres angélicos. E seres angélicos de uma perfeição natural ainda maior do que os seres angélicos [de] que temos conhecimento.

E a medida que vou falando disso… (Ahhhhhh!!!).

“(…) O espírito humano vai desejando algo, que ainda não é diretamente Deus. Ou, por assim dizer, pode não ser diretamente Deus, mas que é outra criatura, outras criaturas. Com o convívio tão, tão alto, tão extraordinário, tão excelso, tão fabuloso, trocando tais ideias entre si, e tendo uma presença tal, que nós ficamos assim…” (Plínio Corrêa de Oliveira, gravação do MNF. – Chá no S. Bento, 27/12/1982, 2a feira. O negrito e sublinhado são nossos).

“Em que momentos, eu sentia que apanhava melhor essa espécie de mistério de sublimidade e de luz, que queria alcançar nas coisas?

“A resposta revela uma peculiaridade singular: era sobretudo comendo. Como eu disse, algumas melodias causavam-me encantos, mas nunca com a intensidade dos que me eram proporcionados pela culinária. Isso, entretanto, não acontecia pelo mero gosto de comer – o qual, aliás, eu também tinha muito – mas porque certos alimentos se me apresentavam conjugados com impressões muito elevadas, e eu tinha a sensação de que só as aprendia comendo aquelas coisas.

“Por isso, não hesito em dizer: fui sensível aos gáudios gastronômicos a prima pueritia mea[desde a minha infância].”(Plínio Corrêa de Oliveira,Notas Autobiográficas,Vol. I, p. 375. Os destaques e os colchetes, desta vez, são do original e não nossos).

“E tinha um quadrinho muito ordinário, pintado a fresco na parede [sic].

“E eu me lembro que eu ficava olhando para aquilo e ficava extasiado”.

“Mas a sensação que eu tinha, era tão mais alta do que qualquer Veneza real, ou qualquer outra coisa assim, que eu reconheço hoje em dia, que eu sonhava com uma ordem de coisas mais adequadas – nem eram anjos – mas as criaturas criadas ab aeterno”.

“Mas como é que eu reconheço isso? Por uma certa forma de frêmito que isso causava em minha alma. E em que fremia, nos mais altos, nos mais altos, nos mais altos da minha alma. E é uma arqui-Veneza, uma ultra Veneza, extra Veneza, super Veneza, da qual aquela Veneza, que eu admiro tanto, não era capaz de ser nem sequer o arrabalde. Não era capaz de ser o arrabalde operário, a favela.” (PCO – chá no S. Bento, 27/12/1982 , 2a feira – o sublinhado e o negrito são nossos).

“Bom, uma outra sensação tão mais ao alcance dos Srs. – Veneza está ao alcance de todos os Srs. – mas tão ao alcance,  que eu não sei o que dizer, é o que eu contei na reunião de MNF, que me produziu [ao] ver as luzes dos sinais luminosos de SP [São Paulo] que ainda considero bonitos.

“É uma coisa fantástica sinal luminoso. Como é que essa beleza resiste a tanta feiúra. Quem foi o homem que escolheu aquele grau de luz, para os sinais luminosos de SP? É uma coisa para se verificar numa historieta do município de SP. Porque, se não foi por coincidência, houve algum fabricante ou algum técnico que, para um fabricante boçal,  fez essas cores quinte-essenciadas, e que vieram  rolando para SP, por coincidência, é perfeitamente possível. Não sei se em outras cidades do Brasil o colorido não é o mesmo daqui. Mas se os Srs. prestarem a atenção um lindo colorido.

“Penetrar, ficar olhando para aquela cor mudar, mudar, mudar, e de cada vez pensar que se está entrando num universo azul, num universo vermelho, num universo dourado, sucessivamente, e depois aquilo passa…

“Sinal não é nada. A questão é a cor, explorando todas as variações daquela cor, e habitado portanto por seres, que já também seriam de uma outra natureza. Conforme o frêmito que isso provoque na alma, pode ser um frêmito que chegue a isso, ao que os homens quereriam, se conhecessem criaturas criadas ab aeternas.

“Alguém dirá: ‘meditações vãs, meditações tolas, com que o homem não tem nada com que fazer”.

“Na reunião do MNF, eu procurei explicar isso, repito apenas numa palavra. A coisa é essa: A meditação não é vã porque Deus criou na nossa alma, dando-nos a noção de universo, embora Ele não tenha criado esse universo, com todos os matizes possíveis, nem todas as perfeições possíveis, Ele criou em nós a faculdade de imaginarmos essa perfeição possível”.

“E evidentemente como tudo o que há em nós, é para o serviço dEle, é para a glorificação dEle, isto em nós, precisa ser explorado e tem sua razão de ser.” (Palavras de Plínio Corrêa de Oliveira – Chá no êremo de S. Bento, 27/12/1982, 2a feira – O sublinhado e negrito são nossos).

 

***

 

14- A Teoria do Conhecimento do Inocente.

Vimos que, segundo PCO, todos os homens teriam inatos em si os padrões ou matrizes de todos os seres. Portanto, o conhecimento do homem não viria do exterior, através dos sentidos e da abstração intelectual. O homem apenas conferiria o que vê exterior a si com as matrizes ideias que ele tem, em si.

Qual seria então o método pliniano para alcançar a verdade?

 

“Qual é, então, o sistema da conquista da verdade? Esta começa por uma lenta explicitação do que já se sabe. É uma ordenação das coisas novas que se vai sabendo, mas em função do bom senso desses dados primeiros” (Plínio Corrêa de Oliveira, artigo Como Adquirir Certezas, in Revista “Dr. Plínio”, Ano IV, Março de 2.001, N0 36, p. 27. O destaque é nosso).

Para PCO, como para Bergson, o conhecimento humano seria intuitivo e não abstrativo. E a intuição seria alcançada pela união entre sujeito conhecedor e objeto conhecido. Plínio, como Bergson, negava valor à razão e desconfiava do estudo e dos livros. O melhor conhecimento estaria inato dentro de nós mesmos. Em contato com a realidade exterior a nós, temos uma impressão. Essa impressão despertaria em nós um conhecimento ideal inato, que, trabalhado pela imaginação, poderia nos levar, de analogado em analogado, a um conceito puramente ideal, que seria aquele ser como possível perfeitíssimo, na Divindade.

Na realidade, em todas as coisas, haveria algo do Ser Absoluto. Unindo o Absoluto do sujeito conhecedor com o absoluto nas coisas se rumaria para a fusão final com o Absoluto.

De novo, como em Bergson, seria preciso que mergulhássemos nos seres, em cada coisa, a fim de nos fundirmos com elas e nos deixarmos penetrar e aperfeiçoar pelo que de Absoluto haveria nelas.

 

Veja-se o que disse Plínio:

 

Aqui no Brasil é comum encontrar pedras que nada têm de precioso, mas cujo colorido é muito bonito. Desde cedo, em passeios pelos campos, habituei-me a notar essas pedrinhas e a catá-las. Minha ideia era a seguinte: como seria gostoso morar dentro de um ambiente que fosse todo da cor daquela pedra, da consistência que ela parecia ter, onde eu pudesse respirar e ficar sossegado, sem ter que falar com ninguém, nem ninguém comigo. E colocando meu temperamento nas condições da pedra, assimilando tudo quanto tem na pedra, e por assim dizer, “esmeraldando-me”, “rubinizando-me”, “safirizando-me”, de maneira que algo daquilo como que se entranhasse em mim e me enriquecesse com aquilo. Era para mim uma história de fadas sem fadas, em que a fada era o puro ambiente, era a pura cor dentro da qual eu moraria, e, durante algum tempo, encontraria meu contentamento”.(Plínio Corrêa de Oliveira, artigo citado in revista “Dr. Plínio”, Ano IV, Novembro de 2.001, N0 44, p.16. 2a coluna. Os destaques são nossos).

Veja-se, então, o romantismo explícito da doutrina pliniana:

 

Daí o gosto que sempre conservei por esses tipos de pedras.”

E daí, também, meu verdadeiro êxtase quando descobri que os vitrais de algum modo me satisfaziam esse desejo. Depois, quando descobri que certos olhares indicavam que determinadas almas como que vivem numa pedra ou numa água interior, ou num ar interior e que elas habitam em algo ou algo habita nelas – metafisicamente – que é como um líquido no qual elas existem e que traz fecundidade, força, serenidade, inspirações, vôos, que constituem uma espécie de redoma dentro da qual a pessoa vive. E essa ideia do viver em algo que não é o real, mas que poderia ser o real algum dia e no qual a minha alma quereria viver, passou a constituir uma espécie de tendência freqüente no meu espírito” (Plínio Corrêa de Oliveira, revista “Dr. Plínio”, Ano IV, Novembro de 2.001, No 44, p. 16. Os destaques são nossos).

 

Plínio confessa que sua mentalidade era a de tentar fugir constantemente do real para um mundo ideal com o qual ele sonhava. Ainda quando menino, — porque essas tendências más começam cedo — no Colégio São Luis, em aulas duras, ele ficava espiando, pela janela da classe, um urubu voando no céu azul, e sonhava… ser urubu. (Plínio Corrêa de Oliveira, artigo O Meu Mundo de Sonhos Existe no Céu, in revista “Dr. Plínio”, Ano IV, Novembro de 2.001, N0  44 p. 16).

 

E eis o texto em que ele expõe o seu burlesco sonho urubusento, enquanto sofria de tédio – tédio também tipicamente romântico — em uma aula que Plínio mal suportava:

 

Em certas ocasiões eu via um urubu cortando o firmamento e não sabia tratar-se de um bicho feio como notei anos depois. Desse pássaro eu conhecia apenas o lindo perfil, seu vôo gracioso e seu esplêndido jogo de asas. É verdade que dele se vê apenas a silhueta, mas as silhuetas têm suas elegâncias e o urubu era uma, deslizando pelo ar. De vez em quando voava com uma asa que parecia curta e a outra longa, ou então se virava e era a outra asa que então se virava e era outra asa que crescia e a anterior parecia menor”.

Quando percebia que ele planava e não batia as asas, eu pensava: “Como deve ser gostoso ser urubu! E como seria agradável se eu, a esta hora, pudesse desprender-me desta carteira, deste papel, deste papel onde, com uma letra perenemente feia, estou rabiscando coisas e sobre o qual, brincando com a bomba da caneta tinteiro, deixo cair gotas de tinta e fico aborrecido…

“Então eu imaginava algo diferente. Como era menino, não sabia dar formulação ao meu próprio pensamento, mas o que me ia no espírito era: “Ah! Se eu pudesse sair voando pela janela, cortar o ar como um urubu, e morar dentro do azul muito tempo, sentar-me sobre as nuvens, dormir um pouco sobre elas e brincar com o vento de tal maneira que ele me levasse delicadamente para onde eu queria; ou se eu tivesse o prazer de fendê-lo sem grande esforço – isso seria uma diversão muito agradável, num mundo de sonho, mundo que não existe” (Plínio Corrêa de Oliveira, artigo  O Meu Mundo de Sonhos Existe no Céu, in revista “Dr. Plínio”, Ano IV, Novembro de 2.001, N0 44, p.16. 1a coluna. O destaque é nosso).

 

No livro que escrevemos sobre as doutrinas de PCO e dos Arautos, citamos como ele sonhava mergulhar num alabastro para chegar a um quase “não-ser”; como ele sonhava ser o rio Arno, ser o mar, ser um cisne vivendo num universo císnico, ser um pavão vivendo num imaginário mundo pavônico.

 

Mais adiante a criança vê um cisne. Ela fica maravilhada! Vê o modo pelo qual ele se move dentro d´água, e tem a impressão de que o cisne vê todas as coisas não como elas são, mas como ele é. De maneira que em vez de o cisne ver o que está na margem como de fato é, ele vê todas aquelas coisas com aspectos “císnicos”. Quer dizer, como elas seriam se elas fossem proporcionais a ele”.

 

[Devia ser um cisne que lera Schelling…Um cisne idealista, pois via o mundo não como o mundo é, mas como ele julgava que o mundo era].

 

“Depois, ele vê um pavão e pensa: “O pavão está fazendo essa roda toda, e está fazendo essa roda no quintal da casa, perto das galinhas. Ele não está vendo nada disso. Ele tem como que uma imaginação por onde ele vê um universo “pavônico” que não existe, mas para o qual ele é proporcionado” 

“O inocente tem a impressão  — ele sabe que não é a realidade – de que as imagens das coisas dão a ideia de que o pavão vive em função de uma imaginária ordem pavônica, e que o cisne vive numa imaginária ordem “císnica”, e que assim há muitas ordens possíveis que não existem, mas para as quais ele homem é todo feito. Portanto, não existe só o pavão em si, mas um universo pavônico, um universo císnico. Haveria então, por exemplo, o universo “leônico”, uma coisa fantástica.

“Vemos então que há vários universos possíveis que não foram criados, que são muito superiores ao universo que nós vemos, aos quais tendemos inteiramente” (Plínio Corrêa de Oliveira, O Reino de Maria na alma do Senhor Doutor Plínio: “Minha Biografia Íntima”, Sagrado Coração de Jesus –XXIX—Curso de Formação São Bento-Praesto Sum—Saúde, p.8-9. Os destaques são nossos).

 

Universos imaginados passam a ser tidos como superiores ao universo real.

Para PCO,

O sonho é uma alta forma de discernimento.

Não se pode dizer que o sonho seja mera imaginação. O sonho é um alto discernimento da verdade, pelo que ela tem de mais razoável, de mais sério e de mais belo (Excertos do pensamento de Plínio Corrêa de Oliveira, in A Cavalaria Não Morre,  Coleção “Canticum Novum”, p. 54. Os destaques são nossos).

 

Mais ainda. Para PCO, lê-se nesse livro com excertos do pensamento de Plínio, que o sonhar estaria ligado à Fé:

 

“A grande atmosfera de sonho prepara a alma para a fé. Depois de a alma com fé receber esta preparação, ela voa de dentro da fé para a santidade” (Excertos do pensamento de Plínio Corrêa de Oliveira, in A Cavalaria Não Morre,  Coleção “Canticum Novum”, p. 56. O destaque é nosso).

 

O que é puro modernismo. Pois para Plínio a Fé deixaria de ser virtude intelectiva para ser imaginária.

Para PCO, as visões da Transesfera seriam como relâmpagos fugazes, evanescentes, inefáveis. Ele chamava essas intuições místicas de flashes. Ter um flash seria ter uma visão súbita, reveladora da Divindade, ou do Absoluto, visão divinizadora, mas não traduzível em palavras. Por isso dizia Plínio: “Quem viu, viu. Quem não viu, não viuA visão dada pelo flash seria impossível exprimir em palavras. Plínio poderia dizer com Walter Benjamin que a visão intuitiva é como o relâmpago, e a palavra que dele fala seria como o trovão, que jamais exprime a luz fulgurante do relâmpago…

 

***

 

15 – O Paraíso Pliniano.

Foi praticamente por identificar “sentir” com “conhecer” que PCO afirmou que a visão de Deus, a ideia que se transmite normalmente do céu, como contemplação eterna de um Deus imutável, eternamente imóvel, não o satisfazia: no céu, ele queria ter sensações físicas.

Minha alma anseia por sensações de caráter físico” (Plínio Corrêa de Oliveira, artigo “Minhas Primeiras Impressões sobre o Céu”, in revista Dr. Plínio, N0 49, ano V, Abril de 2.002, p. 29. O destaque é nosso).

Por isso PCO afirmava que, no céu, haveria “delícias castas” e “gáudios, santos e intensos que nossos corpos provarão no céu empíreo” (Plínio Corrêa de Oliveira, artigo Minhas Primeiras Impressões sobre o Céu, in revista “Dr. Plínio”, N0 49, ano V, Abril de 2.002, pp. 28- 29).

Plínio diz que retirou essa ideia de Cornélio a Lapide:

 

“Parece-me, entretanto, que essa região onde São João Bosco esteve corresponde ao que nos ensina o grande teólogo Cornélio a Lapide a respeito do céu empíreo. Com efeito, baseado na opinião de vários santos e doutores da Teologia, professa ele a ideia de que, ao lado do Céu dos Céus onde veremos Deus face a face e a nossa transbordante alegria será inexprimível – há um céu material de magnificência igualmente indizível, no qual nossos corpos poderão desfrutar, eles também, o prêmio de uma eternidade feliz”.

“Essa sentença é inteiramente lógica e compreensível. Sendo o homem composto de corpo e alma, e se a doutrina católica nos ensina que, condenado, ele sofrerá no inferno penas corporais e espirituais, por que não haverá no céu, em contrapartida, uma recompensa para o corpo assim como tem a alma? E por que não existirá, portanto, no celeste Paraíso um lugar onde o corpo humano, glorificado, expurgado de todas as misérias desta vida e já na imortalidade, possa fruir de todas as delícias castas que lhe são próprias, ao mesmo tempo em que sua alma se acha perdida nos gáudios da visão direta de Deus? Não será esta uma necessidade decorrente da eterna união entre alma e corpo ressurrecto?”

“Essas celebridades teológicas opinam que sim. Não se trata, convém frisar, de um dogma da Igreja, mas de uma doutrina a que se pode aderir sem receios de incorrer em heresia.

Alguns estudiosos que aprofundaram essa tese chegam mesmo a sustentar que, nesse céu empíreo-– os corpos terão suas funções fisiológicas comuns, sem contudo – e de uma forma misteriosa – produzir qualquer espécie de podridão. Mas, uma vez que o estômago tem prazer em comer[sic] o homem se alimentará de manjares inigualáveis: uma vez que os pulmões tem gáudio em respirar, eles respirarão os ares mais límpidos que jamais sorveram. E assim por diante, nosso corpo terá alegrias imensas, afins com os júbilos da alma imersa na visão beatífica”.

 “Os teólogos vão mais longe em suas excogitações. Para eles, os próprios Anjos, que são puros espíritos, far-se-ão notórios de alguma modo ao homem ressurrecto. Ocasionando determinados movimentos no ar, modelando certas formas ou produzindo cores e sons paradisíacos, eles nos darão uma ideia de como são. À maneira do músico que usa  de um instrumento para transmitir ao ouvinte uma impressão, eles, Anjos, se servirão daqueles elementos para nos deleitar. E nada impede que imaginemos brisas ou ventos com frescores ou tepidezes diversos, pousando sobre nossas peles como cetins, como sedas, como veludos”. (Plínio Corrêa de Oliveira, artigo E Seremos Repletos de Grandeza…, in revista “Dr. Plínio”, N0 49, ano V, Abril de 2.002, pp.14-16-17. Os destaques e os comentários entre colchetes são nossos ).

 

No céu de Plínio, haveria até a super berinjela e banheiros celestiais. A dialética gnóstica, que defende haver identidade e oposição absoluta entre espírito e matéria, levava Plínio a imaginar limonada sem limão, corpos celestiais sem carne e sem osso, e, ao mesmo tempo, banheiros celestiais. O adjetivo burlesco cabe muito bem à Gnose pliniana e dos Arautos do Evangelho.

 

***

 

16 – Teses absurdas decorrentes de uma doutrina teratológica.

Da doutrina teratológica incutida por Dr. Plínio, especialmente por meio de João Scognamiglio Clá Dias, deviam nascer as teses mais esdrúxulas e disparatadas. Eis algumas que eram largamente difundidas entre os eremitas e membros mais entrosados da TFP e agora dos Arautos. Tínhamos centenas de testemunhos escritos e assinados, confirmando o que abaixo denunciamos. Mas agora. muitas dessas afirmações podem ser encontradas num texto, até há pouco secreto, de Dr. Plínio e que foi publicado pelo site salvemaria.info, organizado por pessoas egressas da TFP e dos Arautos do Evangelho, mas favoráveis à doutrina pliniana. Esse texto é o de uma série de conferências de Dr. Plínio expondo quem ele julgava ser e o que seria a TFP. Essa série de palestras se intitula “Quem somos nós”. (Esse documento está transcrito em Apêndice de nosso livro “No País das Maravilhas – A Gnose Burlesca da TFP e dos Arautos do Eavngelho”].

Numa dessas palestras, Plínio modestamente declarou:

 

Se me perguntarem o que é que eu sou, assim como S. Francisco de Assis foi a pobreza ou S. Bernardo o recolhimento, eu digo que eu sou a grandeza”.

Isso não tem dúvida. E meto medo. Os nossos adversários têm pânico de mim”. (Plínio Corrêa de Oliveira, “Quem Somos Nós”, 2-A-a).

 

Ora, São Francisco jamais disse ser ”a pobreza”. Ele disse ter desposado a pobreza. E só Deus é. O homem, como ser criado, pode ter grandeza. Mas só Deus é a Grandeza. Plínio dizendo ser a Grandeza, se faz Deus.

E ele dá então, num texto paranoico e megalomaníaco, as características de sua Grandeza, explicando em longas páginas, que ele é a “Grandeza”, “impessoal”, “sacral”, “militante”, “sofredora”, “desinteressada”, “protetora”, “incompreendida”.

Por causa da crise da Igreja nascida do Concílio Vaticano II, Plínio e a TFP — secretamente — tenderam ao sede vacantismo, e disso então Plínio tirou conclusões descabeladas que expusemos anteriormente.

Daí, outras teses paranoicas:

a) “Cristo só se encarnou porque Dr. Plínio correspondeu à graça”

É o que afirmou o fiel João Scognamiglio Clá Dias no Praesto Sum. Afirmou e demonstrou:

 

“Nosso Senhor Jesus Cristo só se encarnou porque Dr. Plínio correspondeu à graça, pois que se não tivesse havido essa correspondência, ele não faria a vingança plena dos sofrimentos de Cristo em sua Paixão e, neste caso, teria sido desonroso para o Filho de Deus ter se encarnado. Portanto, o Filho de Deus só se fez homem, porque Dr. Plínio correspondeu à graça”.

 

b) O Espírito Santo, retirando-se da Igreja, se refugiou em Dr. Plínio

Conta-se ainda que João Scognamiglio Clá Dias narrou o seguinte diálogo entre ele e o Profeta de Higienópolis:

– “Parece que o Espírito Santo, tendo-se retirado da Igreja, refugiou-se no Senhor, Dr. Plínio“.

Ao que, sempre modesto, retrucou o Profeta:

– “Quer saber de uma coisa, meu João? Acredito que sim“.

c) Dr. Plínio é a Igreja.

d) A Sabedoria de Deus fala pela boca de Dr. Plínio.

e) Nossa Senhora se encarnou, habita ou fala pela boca de Dr. Plínio, Medianeiro da Medianeira.

f) Dr. Plínio seria um anjo ou mais do que um anjo.

g) Dr. Plínio é a obra prima da Criação.

h) Dr. Plínio não teria pecado original.

i) Dr. Plínio é infalível.

j) Dr. Plínio é inerrante.

k) Dr. Plínio é imortal

l) Dr. Plínio será glorificado ou transfigurado em vida.

m) Dr. Plínio é o profeta por antonomásia.

n) Dr. Plínio seria o Profeta Elias?

o) Dr. Plínio é santo, e dos maiores, senão o maior que já houve na História.

p) Dr. Plínio juiz no Juízo Final e o fundador do Reino de Maria.

 

Por ocasião da morte do imortal profeta da TFP e dos Arautos, João Scognamiglio — seu discípulo preferido, e “fiel intérprete dos desígnios de Dr. Plínio” – pousou sua cabeça sobre o peito do cadáver de PCO. Contou ele, depois, que, nesse momento, sentiu o espírito de Dr. Plínio passar para seu ser. Daí, se começou a defender a tese de que Dr. Plínio passou a “in-habitar“ em João Clá, que , por isso, goza hoje de todos os privilégios que antes eram atribuídos a Dr. Plínio.

 

***

 

17 – Culto a PCO

O que dizia Dr. Plínio de si mesmo, o que ele fazia propagar a seu respeito, através de João Sognamiglio Clá Dias, “o fiel intérprete de seus desígnios”, tinha que desembocar, logicamente, num culto de ilícito e delirante.

A) Altares secretos com fotografias de Dr. Plínio.

B) Orações para Dr. Plínio.

*As ladainhas do Profeta.

**Confiteor para Dr. Plínio.

***Paródias de homenagens papais a Dr. Plínio: Sédia Gestatória e Flabellis, genuflexões, bênçãos e maldições, etc.

**** “Relíquias” de Dr. Plínio, abençoadas por ele mesmo.

***** Paródia da Ave Maria para Dr. Plínio:

Ave Luís-Plínio-Elias, cheio de amor e de ódio, a Santíssima Virgem é convosco. Bendito sois vós entre os fiéis. Bendito é o fruto do vosso amor e ódio: a Contra-Revolução.

“Ó Sacral Luís-Plínio-Elias, pai admirável e catolicíssimo da Contra-Revolução e do Reino de Maria, rogai por nós capengas e pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém”.

****** Paródias de Sacramentos na TFP

Os membros da Sociedade Secreta “A Sempre Viva” se confessavam a Dr. Plínio que lhes dava uma pseudo absolvição. Ademais, todos os membros da sociedade secreta A Sempre Viva, sendo UM com Plínio podiam se confessar uns aos outros, e todos julgavam que tinham o poder de absolver.

 

***

 

18 – Culto a Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias

Após a morte de PCO, o culto prestado a ele passou a ser prestado também a seu substituto João Scognamglio. Desse culto damos aqui apenas a extravagante Ladainha para João Clá Dias rezada secretamente pelos Arautos do Evangelho (Ladainha que nos foi envida por um ex membro dos Arautos).

SS = Senhor Sacral, isto é, dr. Plínio.

SDP = Senhor Doutor Plínio
SDL = Senhora Dona Lucília

RCR= Revolução e Contra Revolução.

Ladainha do Sr. João Clá (Para recitação privada)

João, o ilustre

João, o arqui-eremita

João de infatigável zêlo e de indestrutível amabilidade

João, que tocou o olifant de uma Contra-Revolução interna

João, dotado pela Providência de um carisma especial

João das réplicas

Modelo de entusiasmo

Modelo de dedicação

João que vai para frente onde percebe que SS está sofrendo

João das boas surpresas

João que fala com discernimento dos espíritos

João que completa o SDP

Incomparável João Clá

Insubstituível Joäo Clá

Infatigável João Clá

Admirável João Clá

Filho modelaríssimo do Senhor Doutor Plínio

Cicerone do Senhor doutor Plínio

Fator de união com o Senhor Doutor Plínio

Instrumento abençoado do Senhor Dr. Plínio

Bastão da velhice do Senhor Dr Plínio

Causa de imensa alegria para o Senhor Dr Plínio

João que encaminha os outros para o fundador

João que tem carisma especial para transmitir o fundador

Condestável do Senhor Dr. Plínio

Cirineu de Seu Senhor Sacral

General do Senhor Dr. Plínio

Por quem o SDP agradece a Nossa Senhora por tê-lo posto nas falanges dEla, ao alcance de seu afeto e de seu zelo, nós vos rogamos ouvi-nos!
Crivado de antipatias por glorificar a SS

Alter ego do SDP

Auxiliar de ouro do SDP

Herança da SDL deixada para o SDP

Recompensa da SDL à dedicação de seu Filhão

Filho especialmente querido pela SDL

João que obtém que o coração da SDL  toque o nosso

Filho dileto da SDL

Legado da SDL

Orientador das almas

Fundador da escola pliniana

Inimigo dos inimigos de SS

Modelo de humildade

João que não bebeu a taça da carreirosa mundana

João que aceitou seu sofrimento e valeu-lhe mais do que qualquer apostolado

Modelo de entusiasmo

Modelo de afeto

Modelo de amor

Modelo de dedicação infatigável

Observador atentíssimo das grandezas de SS

Fator que evita ensabugamentos

João de admirável fervor

Alegria de todos

Jó que sofreu e foi provado

Chama de fervor

Fundador dos êremos

Facho de luz do qual vive a TFP

Exímio quebrador de friezas

João de confiança excepcional

João, fogoso, submisso e muito valente

Homem do imprevisto

Próto-apóstolo da RCR

Mestre do apostolado

Fonte de alegria

Fonte de esperança

Místico do SDP

João de vocação especialíssima

Torre de qualidades

Grande inquisidor

Enfant gatê de Providência

Grande lutador do SDP

Filho da fidelidade

João que está confirmado na vocação

Modelo de virtude

Brilhante cruzado espanhol

João que aceitou e padeceu aquilo que tinha de padecer sem uma queixa

João que representa a fidelidade do SDP a ele mesmo

Por quem o SDP agradece a Maria Santíssima todo o bem que ele fez à causa
Non est inventus similis illi

Homem do imprevisto

Próto-apóstolo da RCR

Mestre do apostolado

Fonte de alegria

Fonte de esperança

 

***

 

19 – Culto a Dona Lucília.

Também à Dona Lucília Corrêa de Oliveira, mãe de Dr. Plínio, era prestado um culto absurdo, divulgado por João Scognamiglio, por ordem e insuflamento de Dr. Plínio.

Eis a Ladainha de Dona Lucília, condenada, desde 1983, por Dom Antônio de Castro Mayer:

 

Ladainha de Dona Lucília

Kyrie, eleison.

Christe eleison.

Kyrie, eleison.

Christe, audi nos

Christe, exaudi nos.

Pater de coelis, Deus, miserere nobis.

Filii Redemptor mundi, Deus, miserere nobis.

Spiritu Sancte, Deus, miserere nobis.

Sancta Trinitas , unus Deus, miserere nobis. 

Dona Lucília, rogai por nós.

Manguinha , rogai por nós.

Mãe do Senhor Doutor Plínio, rogai por nós.

Mãe do Doutor da Igreja, rogai por nós.

Mãe de nosso Pai, rogai por nós.

Mãe do Inefável, rogai por nós.

Mãe de todos nós, rogai por nós.

Mãe dos Séculos futuros, rogai por nós.

Mãe do Princípio axiológico, rogai por nós.

Mãe do Temperamento de Síntese, rogai por nós.

Mãe de toda a pureza, rogai por nós.

Mãe da Trans-esfera, rogai por nós.

Mãe da Seriedade, rogai por nós.

Mãe da Contra-Revolução, rogai por nós.

Restauradora dos temperamentos, rogai por nós.

Fonte de luz, rogai por nós.

Geradora da Inocência, rogai por nós.

Conservadora da Inocência, rogai por nós.

Consoladora do Senhor Doutor Plínio, rogai por nós.

Mediadora do Grand Retour, rogai por nós.

Mediadora de todas as nossas graças, rogai por nós.

Aurora do Reino de Maria, rogai por nós.

Dona Lucila do Sorriso, rogai por nós.

Dona Lucília dos Flashes, rogai por nós.

Flor mais bela entre todas, rogai por nós.

Refugium nostrum, rogai por nós.

Consolatrix nostra, rogai por nós.

Auxilium nostrum na Bagarre, rogai por nós.

Causa de nossa perseverança, rogai por nós.

Vaso de lógica, rogai por nós.

Vaso de Metafísica, rogai por nós.

Mártir do isolamento, rogai por nós.

Rainha do sofrimento sereno, rogai por nós.

Rainha do jeitinho, rogai por nós.

Rainha da serenidade, rogai por nós.

Dona Lucília, mãe e senhora nossa, ajudai-nos.

*Dona Lucília, nossa maior medianeira ante Nossa Senhora, ajudai-nos.

*: (Jaculatória acrescentada após as denúncias contra a ladainha).

–Rogai por nós, ó Mãe do Doutor da Igreja.

— Para que sejamos dignos das promessas do senhor Doutor Plínio.

Paródia do Memorare:

Lembrai-vos, ó piíssima Dona Lucília, que nunca se ouviu dizer,etc.

 

***

 

20 – Súplica ao Santo Padre.

Tendo em vista as delirantes doutrinas heréticas professadas pelos membros da TFP e pelos Arautos do Evangelho, no Brasil e em outros países; tendo em vista o culto absurdo que se presta, até hoje, a Dr. Plínio, Dona Lucília, e agora ao atual Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias; tendo em vista a organização de uma seita secreta – A Sempre Viva – existente ainda hoje na TFP e entre os membros do Instituto Pontifício Arautos do Evangelho; tendo em vista sua crença secreta no sede-vacantismo, e o plano de Monsenhor João Clá de enganar a Hierarquia da Santa Igreja, chamada por ele de “estrutura”, e que ele pretende não ter mais poder na Igreja; tendo em vista sua crença oculta de que os Papas pós conciliares, sendo heréticos ou cúmplices da heresia, pelo menos por omissão; considerando a pretensão de Monsenhor João Scognamiglio de executar a “Manobra Judit” contra a Sagrada Hierarquia da Santa Igreja, rogamos ao Papa Bento XVI, gloriosamente reinante, que determine uma intervenção Canônica no Instituto Pontifício Arautos do Evangelho, que investigue as doutrinas constantes das 43.000 páginas do chamado MNF, para extirpar da Santa Igreja esse câncer herético que, há décadas, ilude a Sagrada Hierarquia, corrompe a doutrina, e perde tantas almas.

Parece-nos evidente, que uma doutrina tão contrária à Fé Católica só pode causar graves desvios morais, tanto na velha TFP, quanto nos Arautos, (desvios dos quais temos algum conhecimento), dos quais, porém, evitamos publicamente, por caridade, e para evitar escândalo. Caso haja uma investigação canônica, a Santa Igreja com prudência e sabedoria cuidará das questões mais graves de consciência.

Julgamos isto urgente, tendo em vista os atuais escândalos de “pedofilia” vindos a lume recentemente, e particularmente ao que ocorreu entre os Legionários de Cristo Rei pelas doutrinas e práticas de seu Fundador (Padre Marcial Maciel), assim como mais recentemente, outros casos semelhantes ocorridos no Brasil no Instituto Toca de Assis.

Fazemos esta denúncia pública visando apenas o bem das almas, enquanto nos declaramos filhos humildes e devotados servidores da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, pela qual queremos viver e morrer. E assim Deus nos ajude.

 

São Paulo, 31 de Maio de 2010.

Orlando Fedeli

 

* os sites e fóruns citados pelo autor em 2010 foram tirados do ar.

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