Nossa Senhora, Água Imaculada

Data

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no email
Compartilhar no whatsapp
Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no email
Compartilhar no whatsapp
image_pdfConverter em PDFimage_printPreparar para impressão

Marcelo Andrade

 

NOSSA SENHORA, ÁGUA IMACULADA

 

 A água, nos seus três estados: líquido, sólido e gasoso, relaciona-se muito bem com Nossa Senhora, com Sua relação com a Santíssima Trindade e com três aspectos da Cruz de Cristo. Interessante observar que a água é una e trina ao mesmo tempo, pois possui seus três estados sem perder sua natureza, uma molécula formada por um átomo de oxigênio e dois de hidrogênio: H20. Viver sem água é impossível, assim como ter vida espiritual sem Maria é impossível.

 

1 – Nossa Senhora do Monte Carmelo

 

Num período de grande seca, Santo Elias estava no Monte Carmelo rezando, no mesmo local onde venceu os idólatras de Baal, quando, de repente, viu uma pequena nuvem erguer-se do mar, no meio de um céu totalmente azul. Por uma intuição sobrenatural, Santo Elias soube que esta pequena nuvem simbolizava a Virgem predita por Isaías. E a tradição sempre interpretou esta nuvem como símbolo de Nossa Senhora, pois a nuvem é água, mas não tem o sal do mar. Desta forma, Maria nasce da natureza humana, que é machucada pelo pecado original, mas em Maria há apenas a natureza e não a mácula do pecado, pois o Redentor a preservou da culpa original. Dos seguidores de Santo Elias, nasceu a Ordem do Carmo. A água em estado gasoso vai para o alto, de forma completa, assim como Nossa Senhora que foi assunta ao céu, de corpo e alma. Nossa Senhora é Medianeira de todas as graças, assim como as nuvens são medianeiras das chuvas. Não há chuva sem nuvem, não há graças sem Maria. As nuvens se movem sopradas pelo vento, que também é símbolo do Espírito Santo, Nossa Senhora é movida por Deus. Nuvens e vento parecem esposos, assim como Nossa Senhora é esposa castíssima do Espírito Santo. Onde não há chuva, há deserto. Onde não há Nossa Senhora, há deserto na alma. As nuvens bloqueiam a visão de baixo das montanhas muito elevadas, assim também a devoção a Nossa Senhora bloqueia nossa vista para o que é baixo. A água em estado gasoso pode ser minúscula ou enorme como as nuvens que cobrem todo o céu, como a humildade de Nossa Senhora e a Sua Maternidade que cobriu todo o céu em Seu ventre. Nem Elias nem Nossa Senhora nem Cristo na Cruz foram ecumênicos, para os que trocarem o calor do Espírito Santo pelo calor da criatura, o destino não será o Alto, mas o calor infernal. Num outro monte, o Calvário, num dia quente, o maior sacrifício de toda a História alcançava o alto e o suor de Cristo também evaporava e ia para o céu. Cristo, na Cruz, apontava para o alto como que pronto a decolar. O Paraíso estava prestes a ser aberto para o homem, assim como as nuvens se abrem para o céu azul. Cristo ia alçar os homens bons ao céu. Por isso, Ele disse para o bom ladrão:  Ainda hoje estarás comigo no Paraíso (Lc 23, 43).

 

2 – Nossa Senhora das Neves

 

No ano de 363 vivia em Roma um ilustre casal, sem filhos, que resolveu consagrar sua fortuna à glória de Deus e em honra à Santíssima Virgem. Na noite de 4 para 5 de agosto, o casal estava pensando seriamente no assunto, quando a Rainha do Céu apareceu-lhe em sonhos e disse-lhe:  – Edificar-me-eis uma basílica na colina de Roma que amanhã aparecerá coberta de neve.  Ora, nos dias 4 e 5 de agosto, é a época de maior calor na Itália, a canícula. Mas no dia seguinte, devido a um estupendo milagre, o Monte Esquilino estava coberto de neve. Lá foi construída Santa Maria Maggiore, a maior e a mãe de todas as Igrejas marianas. A água congelada é estável na terra, não se move. Pode bem simbolizar a eternidade, por isso se diz das neves nas montanhas elevadas, de eternas. As montanhas nevadas parecem felizes em si mesmas, pois não precisam de chuva nem de vento nem de água, nem de nada para serem o que são, são impassíveis, silenciosas, são geladas para este mundo. Parecem também eternas e sábias como Deus, que feito Verbo se encarnou em Maria, como uma montanha que se entranha de neve. A neve é filha da eternidade assim como Maria é filha diletíssima de Deus Pai. Maria é a eternidade na terra, como as neves simbolicamente o são. Quanto mais pura a neve, mais ela reflete a luz. Nossa Senhora é neve puríssima que reflete integralmente a grandeza de Deus. Existem cachoeiras congeladas, que são como um movimento estacionado. Lembram como Deus vê a história, como é o tempo visto da eternidade, como uma fotografia que alcança desde o alfa até o ômega. Da eternidade, Deus concebeu Maria para ser Sua Mãe, a eternidade encarnada no tempo. A neve é como uma ponte simbólica entre o eterno e o tempo, Nossa Senhora é uma ponte mística entre o eterno e o tempo. A água congelada pode ser minúscula como os flocos de neve e gigantesca como as geleiras. Nossa Senhora é humilde como os flocos e possui virtudes maiores que o tamanho das geleiras. Não há montanha muito elevada sem neve, e podemos dizer também que elas estão vestidas de neve. Ninguém poderá alcançar elevação espiritual sem Maria e aqueles que querem progredir na fé deverão se vestir das qualidades dEla. Nossa Senhora tem virtudes extremas e opostas, como Sua Virgindade e Sua Maternidade. Assim, no Monte Esquilino houve as qualidades opostas do calor e da neve. Calor é símbolo do Espírito Santo, do amor, da geração e por meio Dele, Ela concebeu. Já a neve é contemplativa como a Virgindade, pois no gelo não há explosão de vida. Ela parece existir somente para refletir grandezas, como a de Deus. Esquilino deve seu nome à abundância de carvalhos (exculi) que outrora havia neste monte (ou pelo menos esta é uma hipótese plausível). Num outro monte, em Jerusalém, Cristo foi crucificado na madeira, pregado, sem poder se mover, como que congelado e no calor, contemplando o mundo desde a eternidade. Houve ainda um outro calor, produzido pelo ódio dos que mataram a Cristo, possuidores de corações gelados, que trocaram a eternidade pelo tempo. Do alto da Cruz, em posição majestática, ainda que sui generis, Cristo conhecia o que só Deus podia conhecer e era misericordioso, como só Deus pode ser, por isso pôde dizer: Pai, perdoai-os porque eles não sabem o que fazem. (Lc 23,34)

 

3 – Nossa Senhora de Lourdes

 

Na nona aparição de Nossa Senhora em Lourdes, Ela manda a Santa Bernadete cavar o chão e aí brotou uma fonte de água milagrosa. A água nasce pura como Nossa Senhora. Cristo veio por meio de Maria assim como a Luz, que é Cristo passa pela gota d´água e se vê um arco íris. O heroísmo da água é a queda d´água. Às vezes, a queda é tão forte que do estado líquido ela já passa para o gasoso, como os mártires que, após a morte, vão direto para o céu. Nossa Senhora é a rainha deles. No vinho da Missa, que se transubstancia no Divino Sangue, há a matéria acrescentada da água, assim como Cristo tem matéria de Sua Mãe. Cristo disse: eu sou a videira e meu Pai é o agricultor, todavia para a videira florescer se faz necessária a água, que pode simbolizar Maria. Não existe agricultura sem água, não existe boa cultura sem Nossa Senhora. Os cursos de água são curvos como o caminho das serpentes. Cristo disse: “Sejais prudentes como a serpente” e Nossa Senhora é prudentíssima. Quem segue um curso d’água chegará ao oceano, quem seguir a Maria chegará a Deus. Um outro líquido brotava, era o de Cristo na Cruz enterrada na terra. Seu Sangue, como uma queda d’água, escorria – Eu me derramo como água (Sl 21) – e Ele sentia sede. E havia também o Sofrimento de Maria, representado por lágrimas que escorriam. Aqueles que não saciarem sua sede com o sangue de Cristo e com a água de Maria serão abandonados para o inferno. Cristo parecia largado como as águas o são na borda dos precipícios. Tão abandonado que nem entenderam o que Ele disse: “Eli, Eli, lama sabachthani? (Deus, meu Deus, por que me abandonaste?)” (Mt 24,46) Pensaram que era Elias, o mesmo profeta que viu a nuvem.

 

Marcelo Andrade

19 de março de 2015, na festa de São José.

image_pdfConverter em PDFimage_printPreparar para impressão