Sacro Império Romano Germânico

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Data: 19-Out-2017
De: Wellington
Cidade: Belo Horizonte-MG
Assunto: Sacro Império Romano Germânico

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Salve Maria

Boa noite, André, como vai? Acabo de ver a pequena mas elucidativa do professor Marcelo Andrade sobre o plebiscito na Catalunha e tenho uma dúvida: A configuração dos reinos submetidos a Felipe II era semelhante à apresentada no Sacro Império Romano Germânico? Caso vc não possa responder a pergunta, qual o email do prof. Marcelo? Novamente, quero agradecer pelo trabalho feito no Youtube, é de grande proveito para nós católicos.

Agradeço desde já

Wellington

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Resposta

O Império Sacro Romano Germânico foi o mais fragmentado Estado da História, na Paz de Westfalia foram contabilizados pouco mais de 300 estados semi-independentes e na Idade Média havia ainda mais. E os status deles eram diferentes entre si. Assim, por exemplo, havia os que eram dirigidos por bispos (Colônia, por exemplo), havia as “cidades livres imperiais”, havia os comandados por duques etc. Existia a “imediatidade imperial” que designava as entidades que estavam sujeitas diretamente ao imperador, como abadias, cavaleiros, conventos e cidades etc. Também não iguais uns aos outros. O Imperador era eleito pelos príncipes-eleitores, o que infelizmente gerou muitos abusos.

No vasto Império que dominava o centro europeu existiam diferentes línguas e costumes, assim a Baviera era mais influenciada pela Igreja e o nordeste era mais ligado comercialmente à Escandinávia.

Uma beleza de organização feudal, desigual e católica. Isto sem falar na força das guildas e no “ora et labora” beneditino. Todo o poderio industrial alemão é herdeiro destes dois últimos, só que isto é não reconhecido hoje em dia. Uma vocação para o trabalho invejável.

A Espanha era menos fragmentada (formada “oficialmente” por Castela e Aragão que por sua vez eram formadas por reinos menores) e toda a organização social era baseada nos fueros, que eram o direito local e regional, esta belíssima estrutura feudal espanhola. O rei tinha de jurar os fueros, caso contrário, não seria reconhecido localmente como tal. O juramento feudal era feito pela “investidura e homenagem”. No País Basco, os fueros eram mais fortes (talvez tenha sido o último local do mundo onde foi abolido o feudalismo e até hoje se estudam os fueros) e na atual Catalunha o feudalismo se assemelhava mais com o estilo francês.

A Espanha foi formada na mais longa luta da história, a Reconquista, foi forjada sob a “guerra sem quartel” contra o Islã. Isto só podia gerar o “império onde nunca o sol se põe”.

Interessante que a História promoveu um encontro entre a Espanha e o Império, estes dois lados diferentes da Cristandade. Isto aconteceu sob Carlos V, Imperador e rei da Espanha. Os exércitos de Carlos V foram, durante um certo tempo, simplesmente invencíveis.

O Rei Felipe II, era filho de Carlos V, foi rei da Espanha e de Portugal (mas, não foi imperador), mas não mandava igualmente em seu poderoso império. De Portugal, ele só podia requisitar homens e naus para as guerras, em Aragão os tributos não podiam ser aumentados, no País Basco seu poder era fraquíssimo. Somente em Castela ele mandava mais, assim mesmo nem tanto, certa vez teve um pedido seu recusado por um diretor de escola porque feria o direito local. Felipe II foi o rei mais poderoso da História até aquela data e podia fazer guerra ao mesmo tempo nos “sete mares”, na América, na África, no Oriente Médio, no mar da China e na Europa.

Ao longo da História, o Império e a Espanha foram sendo destruídos. O século XIX assistiu ao fim de ambos como tal. Napoleão começou depondo o imperador e desorganizando a Espanha. Depois, o liberalismo, este câncer maldito que odeia toda a beleza, gerou a criminosa unificação alemã e o fim dos fueros por meio das “guerras carlistas”. A última herança do Império Sacro Romano Germânico foi o Império Áustro-Húngaro destruído na Primeira Guerra mundial e os últimos resquícios da Espanha de outrora terminaram com o franquismo.

Atenciosamente,

Marcelo Andrade

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