Orlando Fedeli
CNBB e Política
- Idade: 21
- Localizaçao: Monte Carlos – MG – Brasil
- Escolaridade: Superior em andamento
- Profissão: Historiador
- Religião: Católica
Lí um de seus artigos, onde fica clara uma postura concervadora, e diria até reacionária quando da discursão do envolvimento da CNBB com a política e as questões sociais. Diante disso gostaria eu de perguntar-vos:
1) Vocês acham que seria moralmente ético e cristão, um orgão da relevância social da CNBB não se colocar ao lado dos mais pobres e marginalizados de nossa sociedade??????
2) O que no artigo é tratado como “marxismo” não seria na versade “cristianismo”.
3) O concílio Vaticano II não deixou claro a sua opção teológica e evangélica pelas questões que afetam o homem??? e no brasil o que mais afeta a sociedade se não a questão da terra e a exclusão social. Isso pra não falar daqueles que nem têm o privilégio de serem explorados pelo sistema vigente, pois se encontram totalmente excluídos.
4) Vocês não acham que a questão moral e espiritual, já é uma obrigação de todo o cristão,, assim como a luta contra o pecado???? e que a CNBB deve se preocupar tambem com outros problemas de curnho mais sociais??????????
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Prezado , salve Maria !
O senhor começa sua carta considerando a posição que assumo como “uma postura concervadora, e diria até reacionária” .
Permita-me dizer-lhe que essas qualificações são as usadas pelo jargão político revolucionário, e diria até marxistóide.
E lhe peço que não se ofenda por isso, pois foi o senhor quem começou sua missiva com etiquetas políticas.
Seria precipitação minha desconfiar que o senhor é favorável à Teologia da Libertação já condenada pelo Vaticano?
Pois são os católicos adeptos da Teologia da Libertação que falam de marginalizados e excluídos, entendendo por esses termos os que eles consideram, com Marx, os “explorados”.
Espantaria eu ao senhor se lhe dissesse que, como católico que apoio a condenação papal à marxista Teologia da Libertação, me sinto, muitas vezes, “excluído” e “etiquetado”?
A CNBB é um órgão episcopal e, como tal, deve ocupar-se principalmente de questões religiosas.
Isso não excluiria que ela se preocupasse com as necessidades reais dos pobres. Mas jamais exclusivamente e nem mesmo principalmente. Jamais revolucionária e demagogicamente, como em geral ela o faz, a ponto de muitos a terem como um organismo ou um partido político.
E de esquerda.
O que se vê é a CNBB tratar quase que só de política e de economia, como se ela fosse um órgão especializado em questões econômicas, financeiras e sociais.
O que é inteiramente fora de suas atribuições eclesiásticas.
A CNBB não tem autoridade especial nenhuma em campo político e econômico, e ela fala mais de salário do que de pecado pessoal. Trata mais da terra do que do céu. Mais trata de política do que de religião ou de moral.
E isso é um abuso e um desvirtuamento de suas funções episcopais.
Por exemplo.
O Papa, há mais de um ano, determinou que se recolocassem os confessionários nas igrejas.
A CNBB tratou disso? Tratou de fazer aplicar esse decreto do Papa?
Claro que não. Nem deu, e nem dá, a menor importância ao que o Papa mandou ou manda.
Nada mudou quanto aos confessionários, como se o Papa nada tivesse mandado.
Outro exemplo.
O Papa acaba de lançar o decreto Redemptionis Sacramentum, coibindo os imensos e escandalosos abusos que há na Liturgia.
A CNBB se preocupou em coibir os abusos litúrgicos que o Papa condenou?
Pelo contrário, apesar de o Papa ter proibido o leigo de falar na Missa ou haver danças e outras coreografias na Missa, tudo isso continua a ser feito, como se o Papa nada mandasse; como se o Papa não existisse.
Não vi a CNBB dizer nem uma palavra sobre esses abusos.
Não. Devo fazer uma ressalva.
Houve, sim, uma palavra: a do Presidente da Comissão Litúrgica da CNBB, o Senhor Bispo de Chapecó, que ensinou como se poderia passar por cima da proibição do Papa, de que seminaristas fizessem sermão.
Disse o senhor Bispo de Chapecó que bastaria chamar de “pregação” e não de “homilia” o que o seminarista fosse convidado a fazer, na missa, no lugar do sermão do padre celebrante.
É assim que a CNBB orienta como se deve “obedecer” ao que manda o Papa…
E se a CNBB desobedece ou não, dá a menor importância ou atenção ao que manda o Papa, por que razão os fiéis deveriam obedecer as ordens e orientações por vezes bem marxistas da CNBB?
E sobre os marginalizados, a CNBB se preocupa em ensinar-lhes os Mandamentos da Lei de Deus, que proíbe roubar e cobiçar os bens alheios?
Esse sim é que é o dever da CNBB!
Nesses pontos, ela se cala ou recomenda fazer o oposto do que Deus manda.
Veja este exemplo comprovante: Recentemente Dom Tomás Balduíno, um Bispo da Teologia da Libertação, declarou que o MST deveria invadir fazendas produtivas e não as improdutivas. O que é crime previsto até no Código penal e, mais ainda, pela Lei de Deus.
Esse Bispo, que foi, ou é, da Comissão Pastoral da Terra da CNBB — portanto com autoridade da CNBB — incentiva o roubo e espoliação. Deste modo, este Bispo, em vez de se preocupar em levar as ovelhas à prática da virtude, as incentiva a violar o que Deus mandou. As incentiva a cometer pecado. Será que é isso o que se entende por ajudar os marginalizados?
É fazendo-os viver à margem da lei de Deus que se os incluirá na sociedade normal?
É isso o que o senhor chama de tomar a posição a favor dos excluídos e marginalizados?
O que seria para o senhor ser marginalizado?
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Marxismo não é de modo algum cristianismo. Marxismo é o oposto do cristianismo. E essa sua pergunta revela o senhor como um “comunista de sacristia”, isto é, uma vítima da pregação de algum padre comunista que usa a sacristia e o sermão para fazer propaganda soviética.
Não lhe ensinaram, nas sacristias que o senhor freqüenta, que Pio XI condenou o comunismo como “intrinsecamente mau”?
Não leu o senhor que Pio XI, na encíclica Quadragésimo Anno, declarou que ninguém pode ser, ao mesmo tempo, socialista e católico?
Não existe marxismo cristão.
Todo marxismo é condenado.
O que há são falsos cristãos que defendem o marxismo. O que há são comunistas e marxistas travestidos de cristãos.
Repito-lhe o que declarou Pio XI, na Quadragésimo Anno: Ninguém pode ser católico e socialista, ao mesmo tempo.
Já antevejo, porém, o que o senhor talvez me responderá que Pio XI é um Papa ultrapassado.
E isso seria uma nova declaração de apostasia de sua parte, porque o que a Igreja ensina vale para sempre.
A doutrina católica não é evolutiva como a moda.
O senhor me diz um slogan absurdo: o problema do Brasil é o da questão da terra.
No Brasil sobram terras devolutas. O problema do Brasil são os marxistas que fazem agitação. O problema dos tais “marginalizados” não é o da falta de terra para trabalhar, mas é o da falta de vontade de trabalhar a terra.
O pessoal do MST recebe para invadir terras, e depois muitos deles vendem os lotes recebidos sem lhes ter dado nem um golpe de enxada, e passa para outra invasão, pela qual consta que recebem do governo R$ 16.000,00 para seu assentamento… bem temporário…
Enquanto isso, um trabalhador de verdade, um que labuta em seu emprego, mas que não tem o privilégio dos “marginalizados” e dos “excluídos”, esse recebe de salário 260 “irreais” por mês.
O problema do Brasil é o da verdadeira indústria das invasões das terras de quem trabalha, pelos famosos “excluídos”, que na verdade são os incluídos em todos os privilégios partidários e revolucionários.
Se o governo destinasse aos operários comuns as verbas polpudas que dá para o MST invadir o que é dos outros — com as bênçãos da CNBB — o salário mínimo poderia ser bem mais alto do que é.
Se as CNB”s européias, especialmente as instituições religiosas controladas pelos Bispos da Alemanha, dessem suas copiosas verbas, de fato, para os pobres, ajudariam bastante, mas as Conferências Episcopais, desgraçadamente, preferem financiar os movimentos marxistas e revolucionários, mesmo partidários — os “excluídos” — do que fazer caridade para com os pobres de verdade.
E isso é um escândalo.
Mais: isso é um pecado que clama ao céu.
Você me diz: “Isso pra não falar daqueles que nem têm o privilégio de serem explorados pelo sistema vigente, pois se encontram totalmente excluídos”.
Será preciso provar-lhe que o “sistema vigente” inclui os pretensos “excluídos” em seu sistema de verbas partidárias e em seu sistema de Agit-Prop soviético?
Os grandes privilegiados, hoje, pelo sistema vigente, são os agitadores, sob a bandeira vermelha e comunista de “excluídos”.
***
Copio sua última pergunta, porque ela revela a sua absoluta ignorância religiosa, que é ainda maior que o número de interrogações que o senhor coloca em seu texto:
“Vocês não acham que a questão moral e espiritual, já é uma obrigação de todo o cristão, assim como a luta contra o pecado???? e que a CNBB deve se preocupar também com outros problemas de cunho mais sociais??????????”
Claro que todo fiel é obrigado a se preocupar com suas atitudes morais. Mas não sabe você que Cristo incumbiu aos Apóstolos que cuidassem da salvação eterna das suas ovelhas? E não com a “bóia” e em dar verbas para arruaceiros e invasores do que é dos outros?
Lendo sua carta fica-se com a impressão que senhor julga que os Bispos da CNBB entendem que os fiéis que eles deveriam pastorear são, para eles, literalmente ovelhas, que eles deveriam engordar. Por isso o senhor se espanta que eu pense, e que eu não faça “Béééé´”, para tudo o que alguns marxistas encastelados na CNBB propagam.
Finalmente, o senhor me pergunta sobre o Concilio Vaticano II, Concílio que está na raiz de toda a crise atual da Igreja.
Sobre o Vaticano II escrevi um longo trabalho em resposta ao Instituto Paulo VI de Brescia, provando que a Teologia do Vaticano II, como disse o Modernista Jean Guitton, é modernista.
Que esse Concílio Vaticano II mudou a religião imutável, que ele fez uma nova Teologia e uma nova moral, o senhor pode constatar no livro “Vaticano II: Análise e Prospectivas”, coordenado pelo Padre Paulo Sérgio Lopes Gonçalves e pela Irmã Vera Ivanise Bombonatto.
O livro, que é editado pelas Paulinas, e recomendado pelo Cardeal Aloísio Lorscheider, confessa que o Vaticano II instaurou uma nova Teologia, uma nova eclesiologia, uma nova moral, em suma uma nova religião.
Que essa nova visão religiosa — portanto diferente daquela que a Religião Católica sempre teve — é humanista, o próprio Paulo VI o declarou, ao afirmar que, nesse Concílio, a Igreja como que se fez serva da humanidade. E que o Vaticano II foi antropocêntrico. Quando deveria ter sido teocêntrico.
Ora, a Igreja deve ser serva de Deus e não do Homem. Não da Humanidade.
Portanto, a CNBB deveria, antes de tudo, preocupar-se com a salvação das almas, coisa que ela praticamente nunca faz, e só depois, e sem aceitar que o homem viva para a terra e para este mundo, fazer caridade, e nunca agitação.
Não sei como o senhor receberá esta carta, que é sincera. Temo que se zangue com meu tom e com minha franqueza, que visa abrir-lhe os olhos, para o que talvez nunca lhe ensinaram.
Caso compreenda minha intenção profunda — que é a de fazer-lhe bem — escreva-me, que conversaremos mais longamente.
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli.