Orlando Fedeli
Bento XVI, Rodeado pela Matilha
- Localização: Rio de Janeiro – RJ
As sábias palavras do então recém-eleito Bento XVI de que rezássemos para que ele tivesse força para enfrentar os lobos agora tomam cada vez mais sentido e aplicação.
A desfaçatez de nossos dirigentes políticos sempre foi notória. Mas poucas vezes me enojou como hoje, ao ver a recepção que o Papa recebeu no Brasil. Belo baile de máscaras providenciaram.
O que o Esquerdista na Presidência e seu antigo rival, agora Governador de SP possuem em comum? São pró-assassinato de infantes não-nascidos. E lá estavam bailando juntos dando boas-vindas ao Sumo Pontífice.
De certo modo compreendo que um Líder de Estado, por ossos do ofício, receba tais formalidades. Mas o que não me conforma foi Lula inflamar seu discurso, passando para o tom particular, ao dizer que se sente duplamente honrado como Cristão (à sua própria maneira, convém notar) pelo Papa escolher visitar o Brasil, sendo que ele (Lula) ainda teve o descaramento de falar dos valores Católicos que permeiam a família Brasileira.
Que vontade me deu de poder soprar no ouvido do Apascentador de nosso rebanho sobre a forma como Lula e sua turma tem destruído os referidos valores Católicos da sociedade de que ele tanto gabou-se. Que ele apóia (ou pelo menos apoiou quando era oposição mendigando votos) a invasão de terras, desrespeitando a propriedade alheia; Que Boff (imprensado pelo próprio Bento XVI) é hoje leitura de Ensino Médio em nosso (não por acaso) falido sistema de ensino; Que nestes mesmos colégios nossas crianças e adolescentes agoram obtiveram carta branca para transar irresponsavelmente como animais (só isso mesmo que se aprende), com máquinas de camisinhas iguais às de refrigerante, banalizando o sexo; Que o aborto liberado facilitará ainda mais tal estilo de vida promíscuo; Que nunca se esteve tão perto de liberar a maconha.
Em meio a tantos sorrisos amarelos, fiquei me indagando sobre quantos Cardeais ali mostrados não são modernistas. Chego a pensar que Ratzinger se encontra sob miras mais perigosas que João Paulo II no dia do atentado. Porque muito piores que os que ameaçam nossa integridade física, são aqueles que atentam contra nossa vida espiritual, os valores de nossa Fé, a Salvação.
A ciência nos diz que o número de predadores, carnívoros, é sempre inferior ao de herbívoros. A Fé nos mostra o contrário. E hoje eu pude conferir com meus próprios olhos. Lobos de várias matilhas até. Neo-Liberais, Esquerdistas, Católicos (modernistas à sua forma). Cada um jogando por um clã diferente, com sua agenda própria, mas todos servindo aos interesses de um único senhor, que não é o Nosso.
De certo modo até lamento que Sandy e Marcelo Rossi não estejam mais cogitados para cantar para o Papa. Quando o gato sai, os ratos fazem mesmo a festa. Parece aquela instituição militar bagunçada, que fica brilhando quando um oficial altamente graduado agenda uma vistoria, mas quando ele se vira torna a ser a mesma baderna.
Por que o Brasil não mostra sua cara ao Papa? Por meio de ídolos adolescentes sem pudor, que comentam publicamente de suas vidas sexuais, afirmam já terem ficado de bebedeira, que ligam suas imagens à preservativos… Ou a RCC organizar uma Missa Show, com direito a abominações como funkristão, rap de Cristo, cair pelo espírito, a dança dos espíritos, jogar água benta em baldes como quem acalma cachorros brigando, celebrantes de missa (bom um m bem minúsculo) travestidos de goleiro, as orações de línguas. Se nossos líderes políticos e religiosos tem tanto orgulho assim do que o Brasil é e dos nossos valores Católicos, que tal uma amostra LEGÍTIMA ao Papa de como as coisas realmente ocorrem por aqui?
A pá de cal final sobre o caixão foi ouvir o comentarista da Globo (e isto é o que eu ganho por ainda assistir televisão) tecer comentários sobre a Juventude Católica Brasileira (aquela das escandalosas Missas Show), e dizer que na Europa e em todo mundo a Igreja precisa ser Renovada.
Não tive estômago para assistir mais além disso. Desliguei a tv, liguei o computador e decidi escrever este relato.
Hoje antes de dormir espero colocar nas minhas intenções de orações o Papa, para que ele resista à tais lobos – que merecem coisa pior que o Limbo (que por sinal nem era tão ruim quanto tentam apregoar, apenas justo), sendo que agora devem lutar para a Igreja negar o Purgatório também e ceder razão aos Protestantes (tudo pelo equivocado Ecumenismo)-sendo que também orarei pela Associação Montfort*.
Gostaria que o Papa tivesse uma estada agradável e proveitosa em nossa terra. Só que nada poderia ser mais proveitoso que um quadro realista da precária situação de nosso “Catolicismo” (ainda que pouco ou nada pudesse ter de agradável). Conhecer os fatos como são é condição primordial para consertá-los. E a triste realidade é infinitamente preferível à doce ilusão.
Afinal, a Palavra de Deus nos Aconselha a ser mansos, porém cautelosos.
Um dado de última hora: Sobre o Papa valer-se de um altar da tal comunidade Canção Nova: Lembremos das palavras do próprio Bento XVI ao ter anunciada sua eleição como Papa, em que disse que Deus consegue valer-se de instrumentos inadequados. Isto sim é que é Dom da Profecia.
———————–
Muito prezado Professor,
Salve Maria.
Que carta excelente você me enviou! E como você comentou bem as contradições registradas na visita do Papa Bento XVI!
Pergunta você: “Que há de comum entre Serra e Lula?”
Só há de comum entre eles a mentalidade comunista que Serra — genro de Salvador Allende (?) — aprendeu na comunistóide JUC e que Lula recebeu — ele não aprende nada — em conversinhas com os Cardeais Arns e Hummes, com Bettos e Boffes.
Que contradições entre o que o Papa disse à juventude brasileira — que ela deve praticar a castidade — e o que lhe diz o clero nacional: que nada é pecado.
Que contradição entre um Papa que combate o modernismo e os Bispos da CNBB que ensinam marxismo, mal lido, e socialismo de sacristia.
Que contradição entre a defesa que Bento XVI fez do celibato com o mau clero que escandolasamente sonha ter sogra.
(Um seminarista me comentou que quando o Papa falou em castidade, certamente alguns padres moderninhos foram pegar o dicionário para saber o que seria aquilo…).
Que contradição entre um Papa culto e intelectulizado, e a “festinha” intelectualmenete caipirinha organizada pela CNBB, com as cançõezinhas do padre Zezinho, um padre em diminutivo libertador, cantando uma canção esteticamente lamentável e absurdamente fora de propósito e fora de lugar, sobre a Amazônia!
Que contradição oferecerem ao Papa — que não quis que padres Marcelo Rossi e Padre Jonas Abib se cercassem dele com suas canções (leia mais), com seu balde “litúrgico”, e com seu blá blá blá, e a exibição “folclórica” organizada pela CNBB com frevo, capoeira e Aquarela do Brasil.
E o pior é que o nivel intelectual desses Bispos e Padres organizadores da ridícula “festinha” os impede de ver o feio que fizeram. Eles acham que realmente a capoeira, o frevo e a “Aquarela do Brasil” são de fato representativas da cultura nacional.
O que demonstra a cultura deles.
Cultura e senso estético que “vai parelho” com o conhecimento teológico que exibem.
(Ainda na semana passada conversei com um seminarista franciscano que me contou que, em seu curso de Filosofia, estudou Augusto Comte, Marx e São Tomás…Que salada “filósofica”! Claro que um moço que estudou isso, seria presa fácil do hermenêutico Concílio Vaticano II).
O que trouxe imenso júbilo na visita de Bento XVII foram as palavras do Papa.
O que ele disse aos Bispos da CNBB na Catedral de São Paulo foi espetacular!
Disse tudo o que a CNBB precisava ouvir, e que ela jamais disse em seus numerosíssimos manifestos das Campanhas da Fraternidade naturalista.
É é evidente que o Papa Bento XVI sabe que os Bispos brasileiros defendem o contrário do que ele disse.
Então, por que o Papa lhes disse isso?
Para que, uma vez, pelo menos, os Bispos da teologia da Libertação da CNBB ouvissem o que era preciso que ouvissem.
Disse o Papa o que ele disse, para que os católicos do Brasil, que há tantos anos têm que engolir, têm que suportar, os longos, prolixos, marxistóides e indigestos manifestos da CNBB, soubessem que o Papa pensa o contrário do que a cúpula dirigente da CNBB impinge como doutrina católica: marxismo de sacristia (teologia da libertação).
Uma maravilha um Papa dizer desasombradamente tudo isso!
E como o Brasil vibrou com o que disse o Papa!
E como foi corajoso esse Papa ao dizer, sem rebuços, que os católicos devem dizer NÂO aos meios de comunicação social que ridicularizam a virgindade e o matrimônio.
Bento XVI desafiou não só os hereges da Teologia da Libertação, mas também a Mídia, e a quem manda na Mídia, e a quem maneja Lula, fazendo-o falar em laicismo (que ele talvez deve pensar que é uma tática futebolística).
E — de sobremesa — o Papa nos fez saber que não tolera, e que não se devem tolerar certos cantores clericais, aos quais ele vetou até a sua aproximação.
Deus proteja o Papa Bento XVI.
Que matilha ele está enfrentando!
Rezemos pelo Papa.
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli
*O professor Orlando Fedeli foi presidente da Associação cultural Montfort de 1983 a 2010.