Orlando Fedeli
Concílio Vaticano II ou Concílio da Igreja em Laodicéia?
- Localização: Belo horizonte – MG
Caro Prof. Orlando Fedeli,
a paz de Cristo!
Concordo com aquilo que o Sr. diz acerca do Concílio Vaticano II, foi a maior desgraça que já ocorreu na Igreja. Desde a árvore até os frutos, existe a ambiguidade, somente as autoridades Eclesiásticas não vêem esses absurdos.
Interessante o segredo de Fátima, mas me ocorre uma outra interpretação, o Bispo de Branco, pode não ser o Papa, mas um outro Bispo e uma parte do clero que tenha se mantido imaculada diante dos erros, por seguir este Bispo. Veja como pode ser, pela própria análise do site da Montfort*:
“Quadro 1: o anjo e Nossa Senhora. O anjo segurando uma espada de fogo visando incendiar o mundo;
b. Intervenção misericordiosa de Nossa Senhora impedindo esse castigo;
c. O anjo grita três vezes “Penitência!””
O anjo iria efetuar o castigo, diante da intervenção de Nossa Senhora, ele pede Penitência como um preço a ser pago para que o castigo não seja efetuado, será?
Quadro 2: o Bispo vestido de brancoVejo o Bispo de Branco, como alguém que se manteve imaculado, uma vez que saí de uma luz imensa, que é DEUS. Pode ser e não ser o Papa.
Quadro 3: os martíriosa. A cidade em ruínas e a montanha com a cruz;
b. A procissão que precede o Papa;
c. O Papa “meio trêmulo e vacilante”;
d. O Papa sobe a montanha;
e. Os martírios do Papa e dos fiéis.
A cidade em ruínas, pode ser a civilização Cristã.
A montanha escabrosa, pode ser o Concílio Vaticano II que torna escabroso o acesso a cruz “tosca”, representando a tradição.
A procissão que precede o Bispo de Branco, podem ser os tradicionalistas.
O Bispo de Branco subindo a montanha, pode ser o Papa deixando o Concílio para traz, o que explica ele estar meio trêmulo e vacilante. Os cadáveres podem ser pecadores que se tornam pesados ao Santo Padre por serem frutos do Concílio.
O martírio do Papa e dos fiéis, poderá ocorrer com a volta do Papa a tradição.
Quadro 4: os anjos que regam a terra com o sangue dos mártires.Os anjos regando as almas com o sangue dos mártires, pode simbolizar o alimento oferecido pelo testemunho.
Esse terceiro segredo permanecerá assim enquanto não revelarem as partes que lhe faltam é muito estranho o clero omitir um segredo de Nossa Senhora a Igreja.
O caso da linguagem ambígua do Concílio deve se a rejeição da Filosofia Escolástica de Santo Tomás de Aquino. O interessante é que São Pio X, na Pascendi, a coloca como remédio contra o modernismo e manda que ela seja ensinada nos seminários. Além de rejeitar outros pontos, o Concílio rejeita a distinção entre o direito humano e o divino, presente na Summi Pontificatus de Pio XII. Concluo isso, pois de certa maneira o Concílio tem em absoluto o humano e o divino, fornecendo subsídios a humanistas e católicos. Talvez seja essa a maior fonte da ambiguidade do Concílio, o desenvolvimento das duas naturezas da Igreja em separado.
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O Sr. deve ter assistido aquele filme mentiroso de Lutero produzido pela Igreja Luterana. Nele o dogma;”Extra Eclesiam Nulla Sallus” literalmente perturba, o heresiarca.
A sua “reforma” é apenas uma resposta a este dogma, onde tenta separar Cristo da Igreja e uní-lo individualmente a cada homem fazendo do própio homem em particular Igrejas de Cristo. É um cristianismo para os que estão fora da Igreja, um cristianismo individualista que produz auto-cristãos pela leitura biblíca.
Esse “novo Cristianismo” apresenta uma oposição antagônica, entre os Pais da Igreja e os reformistas (Pais das Igrejas). Essa diferença não é somente do singular para o plural, ela passa justamente pela consideração de propriedade privada.
Os Pais da Igreja tinham plena consciência de que a Igreja era propriedade privada de Cristo e a revelação propriedade privada da Igreja. Já no período da reforma entre os Protestantes tanto a Igreja quanto a Revelação tornam se propriedade privada do homem. Assim cada qual não vê maiores problemas em fundar sua Igreja e em pregar a sua revelação particular. Trata-se de uma mudança de realidade, na Igreja Católica, ela sempre foi e sempre será Cristo, no Protestantismo, ela é o homem.
Desta maneira, não me parece que Lutero tenha aceitado Cristo e rejeitado a Igreja. E sim tenha feito um cristianismo a partir dos princípios renascentistas. Onde a realidade já não é mais Cristo e sim o homem. Não se pode aceitar Cristo e rejeitar a Igreja.
Sobre o Concílio Vaticano II, é interessante observar que a revelação encerrou-se com a morte do último apóstolo, São João. Daqueles tempos até antes do Concílio, não houve momento em que algo tenha sido acrescentado ou retirado da revelação. Quanto então surge o Concílio com a proposta de diálogo com a modernidade (Mundo). Então Paulo VI nos diz o que foi feito:
“A religião, que é o culto de Deus que quis ser homem, e a religião ¬ porque o é ¬ que é o culto do homem que quer ser Deus, encontraram-se. Que aconteceu? Combate, luta, anátema? Tudo isto poderia ter-se dado, mas de facto não se deu.” DISCURSO DO PAPA PAULO VI NA ÚLTIMA SESSÃO PÚBLICA DO CONCÍLIO VATICANO II
Dessas palavras entende-se que houve também o encontro das duas cidades e dos dois amores, de que nos fala Santo Agostinho:
“Dois amores erigiram duas cidades, Babilônia e Jerusalém : aquela é o amor de si até ao desprezo de Deus ; esta, o amor de Deus até ao desprezo de si”.
Santo Agostinho, A Cidade de Deus,
2, L. XIV, XXVIII
Ora, se não houve combate, luta e anátema, houve então união e havendo união, a revelação a partir disso teve vários acréscimos para se adequar a essa nova cidade que não é fria como Babilônia e nem quente como Jerusalém, mas é morna, como a Aedes Capitolina do Imperador Adriano que se tornou a síntese das duas. A revelação não autoriza essa união:
“Acautelai-vos, para que não percais o fruto de nosso trabalho, mas antes possais receber plena recompensa. Todo aquele que caminha sem rumo e não permanece na doutrina de Cristo, não tem Deus. Quem permanece na doutrina, este possui o Pai e o Filho. Se alguém vier a vós sem trazer esta doutrina, não o recebais em vossa casa, nem o saudeis. Porque quem o saúda toma parte em suas obras más.” II Jo 1, 8-11
O fruto dessa união é uma Igreja que ama o seu tempo (a si mesma), até o desprezo da tradição de XX Séculos(Desprezo de si mesma)! A cada dia a Igreja esvazia-se mais do espiritual e enche-se do material. Paulo VI diz exatamente isso dizendo:
“No Vaticano II a Igreja redescobriu a consciência de si mesma.”
Antigamente a Igreja tinha consciência de DEUS, agora, ela tem consciência de “si mesma.” Isso é evidente em toda Igreja, desde o Magistério, até os leigos. O sinal disso é bem simples:
O episcopado que brilhou defendendo em todos os XX Séculos anteriores a tradição da Igreja, agora não faz mais Apologética. Desde os erros litúrgicos, até a penetração da liberdade do erro na Igreja, deve-se a omissão dos Bispos de serem Bispos. Isso já era de se esperar, pois a partir do momento que um Concílio se omite de condenar e dogmatizar, a sua identidade é retransmitida a toda Igreja e aos próprios Bispos que produziram o Concílio. Aos dignissímos e eminentissímos Bispos deve ser lembrado:
” O Senhor replicou: Qual é o administrador sábio e fiel que o senhor estabelecerá sobre os seus operários para lhes dar a seu tempo a sua medida de trigo? Feliz daquele servo que o senhor achar procedendo assim, quando vier! Em verdade vos digo: confiar-lhe-á todos os seus bens. Mas, se o tal administrador imaginar consigo: Meu senhor tardará a vir, e começar a espancar os servos e as servas, a comer, a beber e a embriagar-se, o senhor daquele servo virá no dia em que não o esperar e na hora em que ele não pensar, e o despedirá e o mandará ao destino dos infiéis. O servo que, apesar de conhecer a vontade de seu senhor, nada preparou e lhe desobedeceu será açoitado com numerosos golpes. Mas aquele que, ignorando a vontade de seu senhor, fizer coisas repreensíveis será açoitado com poucos golpes. Porque, a quem muito se deu, muito se exigirá. Quanto mais se confiar a alguém, dele mais se há de exigir.”Lc 12, 48
A Igreja pode ser entendida como um Candelabro onde a luz é a tradição que revela Cristo. A finalidade do Concílio é o fornecimento de combustível para que essa luz brilhe intensamente. No sentido de que o Concílio nos propõe um aprofundamento no mistério de nossa fé e retira esse combustível da própia tradição. Quando o Concílio deve ser interpretado a luz da tradição, tem-se algo novo, pois ele deixa de ser o meio pelo qual se fornece o combustível para o Candelabro, para ser o próprio candelabro e a tradição torna-se o combustível para o meio e não para o fim a que se destina, e o que temos é uma Igreja Conciliar.
O que se tem hoje é um novo mistério, onde a tradição faz o papel do Concílio e deve ser utilizada para que possamos nos aprofundar nele e não mais em nossa fé. Ora, se o Concílio deve ser interpretado a luz da tradição, ou ele não traz luz nenhuma, ou ele traz uma nova luz, é o mínimo que a honestidade nos obriga a acreditar. Tudo isso foi predito por São Gregório Magno:
“A Igreja, nos últimos tempos, será espoliada da sua virtude. O espírito profético esconder-se-á, não mais terá a graça de curar, terá diminuta a graça da abstinência, o ensino esvair-se-á, reduzir-se-á, senão desaparecerá de todo o poder dos prodígios e dos milagres. Para o anticristo está se preparando um exército de sacerdotes apóstatas”. Comentário ao anticristo
Ora, sem um acréscimo na revelação, seria impossível “tratar a heresia com a graça”, conforme o Concílio se propõe, segundo as palavras de João XXIII em sua abertura. Antigamente tratava-se o pecador com a graça, hoje não é nem o herege, mas a heresia que se pretende tratar, como se fosse possível converter o própio Satã.
Na minha ignorância, me parece que os Concílios destinaram-se a tornar claro o que estava oculto. No sentido de aprofundar-nos na nossa fé, mas o Concílio Vaticano II faz exatamente o contrário, ele nos propõe que devemos usar a nossa fé para nos aprofundarmos no Concílio. Um Concílio que não se propõe a tornar claro o mistério de nossa fé, na medida em que se é exigido este esclarecimento, não tem qualquer serventia para a Igreja.
Professor é preciso que denominemos o Concílio Vaticano II, como o Concílio de Laodicéia e o magistério posterior a ele também, pois são praticamente idênticos:
“Conheço as tuas obras: não és nem frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente!
Mas, como és morno, nem frio nem quente, vou vomitar-te.” Ap 3, 15-16
Um Concílio que não dogmatiza e nem anatematiza, é um Concílio Morno, produzido exatamente pela junção entre os frios e quentes. Em outras palavras a Igreja de Laodicéia é a Igreja democrática, pois uma democracia não é fria e nem quente, ela é morna, uma vez que confere liberdade a esquerda e a direta, o governo torna-se a síntese de ambos.
Vou ficando por aqui, fique com DEUS.
Abraços fraternos.
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Muito prezado,
Salve Maria.
Achei muito cogentes alguns de seus comentários sobre o Concílio Vaticano II.
Este Concílio só suscitou confusão. Foi a maior desgraça já acontecida na História da Igreja.
Até os que o defendem são obrigados a reconhecer seus maus frutos, e, quando tentam defendê-lo, acabam caindo em contradição.
Ainda hoje foi noticiado que ontem o cardeal Herranz, em conferência na Embaixada Espanhola em Roma, disse:
“Enquanto o Espírito Santo acabava de difundir sobre a Igreja a luz potentíssima do Concílio Vaticano II sobre como apresentar a verdade salvífica de Jesus Cristo ao mundo de hoje, abriu-se um período dramático de escuridão e de confusão em muitos setores eclesiásticos” Isso levou “a muitos clérigos a laicizar seu estilo de vida, e comportou lamentavelmente — reconheceu — uma enorme hemorragia de demissões sacerdotais e religiosas, um experimentalismo litúrgico freqüentemente anárquico, feito em nome da chamada abusivamente ‘reforma litúrgica querida pelo Concílio’, e assim sucessivamente”
Como um Cardeal pode cair em contradição tão patente em três linhas?
Então o Concílio Vaticano II foi uma “luz potentíssima” que causou “escuridão e confusão”?
Que luz tenebrosa é essa?
E como um dom do Espírito Santo poderia produzir apostasias de tantos sacerdotes e a missa-show que está destruindo a fé?
Um abraço bem amigo e bem contente.
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli
*O professor Orlando Fedeli foi presidente da Associação cultural Montfort de 1983 a 2010.