Orlando Fedeli
Posição da Igreja Contra a Pena de Morte
- Localização: Barbacena – MG
Boa noite senhores da Montfort*;
Gostaria de tirar uma duvida:
Tenho lido neste site que a Igreja é a favor da pena de morte, porém ao realizar uma pesquisa no site oficial do Vaticano, encontrei o texto abaixo:
“Entre os sinais de esperança, há que incluir ainda o crescimento, em muitos estratos da opinião pública, de uma nova sensibilidade cada vez mais contrária à guerra como instrumento de solução dos conflitos entre os povos, e sempre mais inclinada à busca de instrumentos eficazes, mas « não violentos », para bloquear o agressor armado. No mesmo horizonte, se coloca igualmente a aversão cada vez mais difusa na opinião pública à pena de morte — mesmo vista só como instrumento de « legítima defesa » social —, tendo em consideração as possibilidades que uma sociedade moderna dispõe para reprimir eficazmente o crime, de forma que, enquanto torna inofensivo aquele que o cometeu, não lhe tira definitivamente a possibilidade de se redimir.”
O link é ” http://www.vatican.va/edocs/POR0062/__P9.HTM “.
Gostaria muito de entender esta questão.
Desde já agradeço a atenção.
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Muito prezado,
Salve Maria.
O autor desse texto que aparece no site do Vaticano foi o próprio Papa João Paulo II. Evidentemente ele tinha uma visão bastante otimista a respeito do homem e da poética.
E convém lembrar que o Papa não é infalível ao fazer comentários políticos ou sociológicos.
Não há dúvida que ele notava que havia realmente “uma nova sensibilidade cada vez mais contrária à guerra como instrumento de solução dos conflitos entre os povos, e sempre mais inclinada à busca de instrumentos eficazes, mas « não violentos », para bloquear o agressor armado”.
Pouca gente lê a vida de Santa Joana d`Arc que dizia: “Só se terá paz, na ponta da lança”.
João Paulo II não notou, porém, que essa “sensibilidade” pacifista era fruto da propaganda, com muito pouco de real.
A sempre crescente violência urbana — e cada vez mais brutal — as guerras cada vez mais absurdas evidenciam como esse otimismo pacifista das massas é superficial e ilusório.
Pois, se fosse real essa sensibilidade pacifista, como então explicar que houve Bin Laden? Como houve a guerra do Afganistão? Como continua a trágica guerra dos homens bomba muçulmanos contra a aviação judaica na Palestina.
Quais são os instrumentos atuais contra a guerra? A ONU? A ONU — aquela coisa de Nova York como a chamava De Gaulle — ela é ridícula.
A ONU impediu a guerra do Iraque? Ou a aprovou?
A ONU consegue acabar com a guerra entre árabes e judeus?
A ONU é um fracasso total.
Proibir as guerras é tão utópido, como querer proibir as cirurgias ou a legítima defesa.
Foi o pacifismo que gerou Hitler e a segunda guerra mundial.
Quanto à aplicação da pena de morte, o próprio Catecismo publicado por João Paulo II reconhece — com pesar…– a sua legitimidade do ponto de vista da doutrina católica. E nem poderia ser diferente.
Mas dizer que “uma sociedade moderna dispõe para reprimir eficazmente o crime” barra ao trágico. Basta ver as estatísticas crescentes de crimes violentos, para se compreender que a Sagrada Escritura tem toda razão ao dizer que “Os injustos sejam punidos e a descendência deles perecerá” (Sl. XXXVI,28)”; “O rei sábio dissipa os ímpios” (Prov. XX, 26).
Por não se punirem os crimes, eles se multiplicarão na sociedade.
Quem tem coragem, hoje, apesar da nova sensibilidade pacifista e apesar dos meios ultra modernos para conter o crime, quem tem coragem para ir passear à noite na favela da Rocinha ou na do Esqueleto?
Quem se atreve a fazer esse passeio, hoje, por acreditar no que está no site do Vaticano?
Quem se atrevesse a fazer isso, seria logo “roçado” e viraria esqueleto.
Um abraço
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli
*O professor Orlando Fedeli foi presidente da Associação cultural Montfort de 1983 a 2010.