1624- Pode-se Matar Em Que Circunstâncias?

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Orlando Fedeli

Pode-se Matar Em Que Circunstâncias?

 

  • Localização: Toronto – Canadá

Prezados irmãos,

Gostaria de esclarecimentos. O CATECISMO DA IGREJA CATOLICA em sua versão em inglês, prevê no artigo 2267 que existe a possibilidade de aplicação de pena de morte (death penalty) em certos casos. Ao lê-lo e comentar em grupo de oração aqui em Toronto CANADÁ, gerou a maior polemica e ate discussão, por ate então, todos (inclusive eu) achávamos que a Igreja fosse absolutamente contra a pena de morte em todas e quaisquer circunstancias. Disse aos membros do grupo que iria procurar me informar, visto que o que a Igreja escreve ela nao pode se contradizer. Ouvi falar que o Catecismo havia passado por uma revisao, gostaria de saber o ano, pois esta edicao que lemos e de 1999. Podera ter havido falha de traducao ou outro erro? Sinceramente nao compreendo. Por favor nos ajude.

Outra duvida seria esta: Se a biblia diz claramente que e proibido matar no livro do Exodo, nao entendo porque o Antigo Testamento e recheado de matanca, e o proprio profeta Elias passou ao fio de espada os profetas de Baal, sendo ele um homem de Deus e que deveria ser conhecedor da lei.

Peco intercessao pelo proximo Dia Mundial da Juventude, a realizar aqui em Toronto, no mes de julho de 2002.

Gostaria de agradecer antecipadamente a sua disponibilidade em nos ajudar!

Em Cristo!

 missionário brasileiro em Toronto-Canada

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Prezada, Salve Maria.

O catecismo só disse o que a doutrina Católica sempre ensinou: que a pena de morte é legítima. E isto não pode ser “revisado”, porque é verdade ensinada pela Sagrada Escritura e confirmada pela doutrina oficial da Igreja.

O que é realmente espantoso, é como os católicos, hoje, estão contaminados pelo liberalismo e pelo romantismo que são contra a pena de morte.

Você diz bem: Santo Elias conhecia a Lei de Deus e, por isso mesmo, ele condenou à morte 800 sacerdotes e cantores de Baal e os executou.

Com efeito, no Antigo Testamento, você encontra que Deus probiu matar: “Tu não matarás”. Mas, logo depois, Moisés mandou massacrar 23.000 adoradores do bezerro de ouro, e Deus o aprovou por isso.

E, logo depois de ter dado a Moisés os Dez mandamentos, Deus dá a lista dos crimes que deveriam ser punidos com a morte. (Cfr. Ex. XXI, 12-17).

Como se explica isso?

Mas é muito fácil. Veja a explicação de São Tomás de Aquino: O sujeito do quinto mandamento: “Não matarás”, é “Tu”. E “tu” é uma pessoa particular.

Ensina São Tomás que a parte é inferior ao todo. O Todo é superior à qualquer de suas partes (por exemplo, meu computador é mais valioso e superior à tecla que estou digitando agora).

Se a parte prejudica o todo, ela precisa ser eliminada para que não destrua o todo.

(Exemplo: Minha mão é parte de meu corpo e vale menos que ele. Se tenho câncer na mão, o médico amputa essa mão, para salvar meu corpo todo).

Ora, o homem é parte da sociedade. A sociedade, então, é mais que qualquer dos homens que a compõem.

Se um homem agride a sociedade com seu crime, pode ser preciso eliminá-lo para salvar a sociedade. Logo, a pena de morte é legítima e lícita.

A Sagrada Escritura diz que, por falta de punição, multiplicam-se os crimes. O que é óbvio.

São Paulo, hoje, é uma cidade que tem mais de dez assassinatos por dia. O que dá mais de 330 mortos por mês, e cerca de 3.600 por ano. Isso é mais do que os mortos na atual guerra do Afeganistão.

Entretanto, os que são contra a pena de morte nada fazem de efetivo para evitar tantos assassinatos. Pelo contrário: bajulam-se os criminosos. Ainda agora, a mídia informa que um criminoso brutal, que matou uma pessoa há cerca de 5 anos, creio, está em liberdade condicional, e está prestes a ser indultado. Como se não tivesse cometido crime algum.

Perguntar-me-á você: e Jesus Cristo, Deus de AFmor, era Ele favorável à pena de morte?

Mas é claro que sim! E só poderia ser! Como contrariaria Ele a Lei de Deus e o bom senso?

Por isso Cristo disse no Apocalipse:

“Aquele que matar a espada, importa que seja morto a espada” (Apoc. XIII, 10).

No site Montfort* você poderá encontrar um debate que tive com o Vice Prefeito de São Paulo, Hélio Bicudo.

Quando lhe citei essa frase de Cristo, Ele me retrucou que o Apocalipse era de São João e não de Cristo. O que é uma fuga e um sofisma vergonhoso, pois o Apocalípse, como toda a Escritura, tem Deus por autor, ainda que o redator seja São João, São Lucas, Moisés ou Salomão.

Leia esse debate. Será bem útil para você. Leia também uma crônica: “Carta a meu primo Maximiliano”, na qual você achará alguns argumentos sobre a pena de morte.

Cristo defendeu a pena de morte também diante de Pilatos.

Quando o governador romano disse a Jesus que tinha poder de condená-lo à morte, Cristo lhe respondeu: “Não terias esse poder, se não te fosse dado do alto” (Cfr. Jo. XIX, 11) Também quando Pedro cortou a orelha do servo do templo, quando da prisão de Cristo, este disse ao chefe dos Apóstolos.

“Pedro, mete a espada na bainha, porque quem com o ferro fere com o ferro será ferido” (MtXXVI, 52).

Se fosse proibido usar a espada, Cristo teria mandado jogá-la fora. Ele mandou guardá-la na bainha, porque ela seria necessária para punir quem ferisse outros com o ferro.

E porque Cristo, naquela hora, proibiu que Pedro usasse a espada? Porque, naquela hora, Pedro ainda não era o representante de Cristo, pois ninguém representa quem está presente. Pedro seria a autoridade governante da Igreja, Vigário de Cristo, depois que Cristo subisse aos céus. Então Pedro, como toda autoridade soberana, pode condenar à morte, porque o poder do governante vem de Deus e não do povo. (Prov. VIII, 15; Sab. VI, 4).

Há muitas outras passagens da Sagrada Escritura que confirmam a legitimidade da pena de morte. Consulte as seguintes: Gen. IX, 6; Luc. XXII, 36; Mt X, 34″Mt XI, 12; Rom. XIII, 4; Atos XXIV, 1; Jer. XLVIII, 10.

Haveria ainda muito a dizer sobre isso. Peço-lhe que procure no site Montfort* as inúmeras cartas em que já tratei desse problema.

In Corde Jesu, semper,

Orlando Fedeli

*O professor Orlando Fedeli foi presidente da Associação cultural Montfort de 1983 a 2010.

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