Orlando Fedeli
Dúvidas De Um Católico Inculto
- Localização: Rio de Janeiro – RJ – Brasil
- Escolaridade: Superior incompleto
- Profissão: Funcionário Público
- Religião: Católica
Caríssimo Professor Orlando Fideli!
A Paz de Cristo e o Amor de Maria!
Me permita uma pequena introdução antes da pergunta e de dúvidas de que gostaria de ver dirimidas. Minha formação se deu na zona rural até a 4ªsérie, o restante do primário bem como o 2ºgrau foram concluídos na idade adulta na forma de supletivo e hoje com estes rudimentos tento a graduação em Direito. Minha formação religiosa também carrega vícios e falhas desde o cerne, sendo profunda a sua marca. Minha mãe era Ialorixá, e foi yaquequerê de um ramo tradicional do candomblé, meu pai chegou mesmo a morar na África (a trabalho) aprofundando a prática animista, fato que contribuiu para que eu somente conhecesse a Igreja de Cristo e o Sacrifício da Missa aos 18 anos incompletos. No entanto este início de catequese foi claudicante, em meadosdos anos 80 o Pároco de minha igreja era um militante da Teologia da Libertação, antropólogo e professor da Puc/rj, fato que tornava a Liturgia mero simbolismo, o Celebrante um debatedor pronto a acatar comentários e a dialogar, abrindo mão da missão de Pastorear e Ensinar segundo o Magistério da Igreja.
Verificando as atualizações do site pude ler sua resposta ao Sr.Paulo Soares em 10/04/2004 e verificar que procuro suprir a minha pouca formação exatamente como ele, sendo assim indago:
Como a mariposa que anseia pela Luz, como não me perder na escuridão ou não me calcinar com o excesso de luz e calor? Como distinguir a Pastoral ou Movimento fiel a Tradição e ao Magistério sem o Cajado a mostrar o Caminho? Temos tão poucos Sacerdotes, e poucos são sábios. Somente a leitura de documentos da Igreja e livros aumentam a nossa informação mas não formam ou catequizam com segurança.
Participo do ECC, e novamente lhe pergunto: As “experiências românticas” como o Sr. classifica tais Movimentos, podem embaçar a Fé? Os sentimentos que emanam da reflexão sincera, do arrependimento e da percepção da nossa condição miserável de pecadores não podem fluir simultaneamente do cérebro onde se engendra a certeza da Salvação em Cristo e do coração, que sim; se comove? Perceba Professor, se assim lhe pergunto é por que sinceramente gostaria de não somente ser fiel mas de permanecer fiel e aprender, sempre.
Desde que tomei conhecimento do site MONTFORT* me fiz aluno, pelas leituras indicadas (quando os recursos me permitem), pelas respostas e textos, e de maneira particular pela defesa firme, intransigente e leal de Cristo e sua Igreja e de Maria Santíssima.
Me permita chamá-lo com propriedade de Professor e incluí-lo nas minhas orações cotidianas. obs.Temos no Rio de Janeiro a benção da presença de Dom Estevão Bittencourt e sua Escola (Mater Eclesia), mas se possível quando da sua presença no Rio de Janeiro para aulas, debates e/ou palestras gostaria de saber se a divulgação antecipada para seus “alunos do site”. A Paz do
Bom Jesus.
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Muito prezado,
salve Maria!
Sua carta me deu grande alegria por ver como a graça de Deus atua, e como Ele não abandona ninguém. Essa alegria foi sucedida logo por outra ao conversar com você pelo telefone.
Deus seja louvado ! Agradeço a Deus Nosso Senhor por me fazer encontrar tantos amigos que querem ser verdadeiros católicos. Mal depositara o telefone, depois de falar com você, quando ele tocou imediatamente. Era outro advogado do Rio, dizendo-me coisas semelhantes às que você me dissera. Em cinco minutos, dois novos cariocas querendo defender a Igreja Católica!
Li com atenção sua história impressionante. Impressionante porque, nela se vê como Deus age por caminhos que ninguém prevê. A primeira coisa a fazer para não errar o caminho é pedir a Deus que Ele nô-lo mostre.
Se Deus o conduziu até a Igreja verdadeira sem que você, a princípio, O procurasse e nem pedisse, como deixará Ele que você se extravie, quando pedir expressamene que Ele lhe mostre o que deve fazer ?
Tenha, pois, grande confiança ! Depois de rezar, o que se deve fazer é procurar o caminho, seguindo a direção indicada pelo cajado do Pastor, colocado por Cristo para cuidar de suas ovelhas: o Papa. Para seguir esse caminho, é preciso estudar o que os Papas tem ensinado no decorrer da História, especialmente em nossos tempos de crise que começaram com Lutero, e se aguçaram com a Revolução Francesa e o Comunismo.
Em terceiro lugar, é bem conveniente ter amigos que vivam de modo católico, e cujo exemplo nos estimule, quando vacilamos. Uma brasa sozinha, se apaga e vira carvão, e então só faz sujeira. Colocada de novo no fogo, ela volta a se esbrasear, a iluminar e a dar calor. Por isso, sempre São Paulo, e todos os santos, organizavam pequenos grupos de cristãos, que se entre ajudassem pelo bom exemplo, pela oração, e pelo estudo. Dai organizar eu grupos de estudo da Montfort*. Ainda no sábado passado, estive no Rio, dando palestras e fundando um grupo de estudos da Montfort*. Será uma alegria tê-lo nesse grupo, caso você queira participar dele.
Você me pergunta: “As “experiências românticas” como o Sr. classifica tais Movimentos, podem embaçar a Fé?” Respondo-lhe que sim. A Fé não é uma experiência nem um sentimento. A Fé é uma virtude intelectual, pela qual a nossa inteligência aceita docil e fielmente, como verdade, aquilo que Deus revelou, e que a Igreja confirma como verdade. O sentimento embaça a vista do intelecto. Sempre que somos dominados pelos sentimentos temos dificuldade de ver claramente.
Porém, depois que se viu claramente a verdade, então sim, podemos permitir que os sentimentos de amor e de entusiasmo nos tomem, para ajudar a adesão da inteligência e da vontade às verdades católicas. Dá me alegria tomar conhecimento de que o site Montfort me deu um novo aluno que eu desconhecia.
Claro que aceito que me chame de Professor. E claro que me honra tê-lo como aluno. Que a graça divina nos faça a ambos discípulos do único Mestre, que é Nosso Senhor Jesus Cristo e fiéis ao único Pastor de toda a Igreja, Pedro, hoje na pessoa de João Paulo II.
Agradeço muito suas orações por mim. Saiba que pedirei a todos da Montfort que rezem por você, e por todos nosso amigos no Rio.
Como gostaria de ir logo ao Rio conhecê-lo pessoalmene !
Como, agora, neste momento, essa felicidade me é impossível, mando-lhe do fundo minha alma um abraço bem amigo
in Corde Jesu, semper,
seu Professor.
*O professor Orlando Fedeli foi presidente da Associação Cultural Montfort de 1983 a 2010.