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316- Poesia no Romantismo Alemão

Orlando Fedeli

Poesia no Romantismo Alemão 

 

  • Localização: Brasil

 

Olá como vai? Entrei nesse site à procura de algo sobre a poesia no Romantismo Alemão. É que estou fazendo uma monografia e precisava verificar se na poesia alemã desse período havia também uma espécie de elogio à morte ou mais especificamente ao corpo em decomposição, como o que Baudelaire ou o Alvarez de Azevedo demonstram em algumas de suas poesias. Se possível gostaria de obter uma resposta.

Obrigado,

 

 

 

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Muito prezado,
salve Maria!

O tema da morte era caro ao Romantismo.

Se você tiver tempo, procure ler meu trabalho — está no site da Montfort* — sobre as origens do Romantismo. Esse trabalho é o primeiro capítulo de minha tese de doutorado (aprovada na USP, em 1988). Lá, você verá demonstrado que o Romantismo foi um movimento gnóstico.

Ora, a Gnose afirma que a vida atual, neste mundo, é fruto de uma queda da divindade. Nos corpos, haveria uma partícula da divindade aprisionada, que anseia por libertar-se do cárcere da matéria. Daí o Romantismo ver a morte como libertação. Por isso, normalmente, os livros românticos incluem a morte em seu desenlace.

Esse tema da morte e da decomposição vai aparecer exacerbado nos autores simbolistas, que sempre se apresentaram como os continuadores do romantismo. Veja, por exemplo a obra de Augusto dos Anjos, “EU”, que está toda encharcada pelo tema da morte, túmulos e putrefação. Nessa obra, os temas gnósticos são transparentes.

Recomendo-lhe que consulte as obras de Novalis, especialmente seu Hino à Noite.

Você poderá encontrar muito boas informações na obra de G. Gusdorf sobre o Romantismo (Payot. Paris. 2 vol. 1993), na qual transparece a relação entre o Romantismo e o a heresia Modernista, condenada por São Pio X .

Excelente é a obra de Ladislao Mittner sobre as origens do Romantismo: Dal Pietismo al Romanticismo, Ed Einaudi, Torino 1964.

Outras obras indispensáveis sobre o Romantismo são “Les sources Mystiques de la Philosophie Romantique Allemande de Ernst Benz (Vrin , Paris, 1968), que mostra as origens gnósticas e cabalistas do Romantismo através da mística de Jacob Boehme, e “Les sources occultes du Romantisme – Illuminisme et Théosophie” de Auguste Viatte (Ed. Honoré Champion, Pris, 2 vol. 1979), que demonstra as relações entre esoterismo, ocultismo e Romantismo.

No Brasil, a principal obra a respeito do Romantismo é publicada pela Editora Perspectiva. — O Romantismo — organizado por J Guinsburg. Nessa coletânea, há ensaios interessantíssimos, como os de Gerd Bornheim e de Benedito Nunes, entre outros.

Muito bons são também os trabalhos de Massaud Moisés sobre o Romantismo e o Realismo.

Haveria muitas outras obras a citar e a consultar. Se houvese possibilidade de nos encontarmos pessoalmente, poderia auxiliá-lo como muitos outros dados.

Coloco-me então à sua disposição, e, para isso, lhe peço que me envie seu telefone ou endereço, caso você tenha interesse.

In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli.

*O professor Orlando Fedeli foi presidente da Associação Cultural Montfort de 1983 a 2010.