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356- Cheiro de Protestantismo no Tradicionalismo

Orlando Fedeli

 Cheiro de Protestantismo no Tradicionalismo

 

  • Localização: Quedas do Iguaçu – PR – Brasil

 

 

Prezado Sr. Orlando Fedeli, Salve Maria!

Sou leitor constante do site da Montfort*, pois foi através deste site que consegui me firmar na Fé Católica de uma maneira mais sólida, sendo assim, só tenho que agradecer à vocês da Montfort*, especialmente Prof. Fedeli.

Como confio muito em que vocês escrevem e defendem, pois sei que não está em contradição com as Verdades de Igreja, peço uma ajuda na interpretação do texto seguinte.

Este texto quer fazer uma comparação do tradicionalismo com o protestantismo. Sei que o conteúdo do mesmo não suporta a mínima crítica séria. Mas como sou um tanto quanto inexperiente para fazer uma crítica mais profunda gostaria que vocês da Montfort* me ajudasse.

Segue o texto:

CHEIRO DE PROTESTANTISMO NO TRADICIONALISMO
Dr. Rafael Vitola Brodbeck

Nas páginas da Sagrada Escritura há não poucas passagens aparentemente contraditórias. Para resolver esse impasse, empregam os protestantes métodos de interpretação próprios de sua visão teológica: ora suprimem textos bíblicos – como fez Lutero com os deuterocanônicos -, ora aplicam sobre eles suas observações pessoais, alegando “iluminação interior do Espírito Santo”.

É interessante notar que os protestamtes não admitem que tais interpretações sejam realmente pessoais, mas, e isso é comum sobretudo entre luteranos, calvinistas e anglicanos, invocam a autoridade da Tradição e do Magistério – com citações patrísticas e de Concílios pré-Reforma -, freqüentemente fora de seu contexto, para justificar suas posições. Para cada protestante, sua interpretação é a verdadeira, pois diz – e, se não analisamos detidamente, quase nos convencemos disso – que é a mais adequada à ortodoxia, aos costumes dos primeiros cristãos, além, é evidente, de ser, na sua opinião, “inspirada” pelo Espírito Santo – qualquer outra, então, passa a ser demoníaca, numa petição de princípio flagrante!

Semelhantemente às Escrituras, há textos do Magistério da Igreja que aparentam estar em contradição entre si. Se quando o problema apresenta-se em relação à Bíblia, é bastante a autoridade da Igreja para resolver, interpretando adequadamente o dado escriturístico, no caso de aparente incoerência interna do próprio Magistério, é óbvio que será este a autoridade legítima para a interpretação correta. Cristo, conferindo autoridade à Igreja, i.e., ao Romano Pontífice, para interpretar Sua Palavra, harmonizando passagens bíblicas aparentemente desconexas, por evidente também confiou à idêntica Igreja, ao mesmo Papa, autoridade suficiente para, entre textos emanados dela mesma – ainda que com a direção do Espírito Santo -, que apresentem, à primeira impressão, descontinuidade de doutrina, fixar-lhes o verdadeiro sentido.

Parecem não pensar assim os auto-denominados tradicionalistas. À maneira protestante – pois seu método muito se assemelha do utilizado pelos hereges -, encontrando alguma dificuldade de entendimento dos documentos do Magistério, que crêem estar em contradição, põem-se os tradicionalistas a fazer grosseira operação exegética, tarefa que, aliás, não lhes compete em definitivo – as obras teológicas nada são sem a palavra final da Igreja, recomendando-as -, sem esperar a elucidação do próprio Magistério. Muitas vezes, inclusive, diante do esclarecimento magisterial posterior, dado pelos Papas, resolvendo os aparentes conflitos, rechaçam a interpretação pontifícia, como os protestantes. Na prática, reclamam que o Magistério posterior ao Vaticano II está fora de sintonia com o anterior – que não é verdade -; tentam resolver por si mesmos o que alegam ser uma contradição, usurpando tarefa que não é sua; acusam a Igreja de não dar a interpretação que resolva a referida contradição; e, quando ela o faz, não aceitam – pura teimosia mesclada com orgulho, em nome de um estranho conceito de “Tradição sem Magistério vivo”.

Sustentam, para isso, que a Igreja ter-se-ia corrompido – ou Roma, o que dá no mesmo -, velha desculpa de Lutero e Calvino para a Reforma Protestante.

A isso, juntam argumentos de que sua interpretação (dos tradicionalistas) é a ortodoxia, citam a Tradição e o Magistério fora de contexto – duas manobras protestantes -, e, gnose das gnoses – característica dos protestantes e também dos “católicos progressistas” tão combatidos pelos tradicionalistas -, parecem supor uma imunidade à heresia, fruto talvez de sua assistência à Missa no rito antigo. Como se, por si só, a fórmula da Missa Tridentina pudesse santificar automaticamente os que a assistem, ou como se o rito de São Pio V – venerabilíssimo, aliás, e felizmente incentivado pelo Papa, pelos Padres de Campos erigidos em Administração Apostólica, pela Fraternidade São Pedro, e tantos outros – fosse garantia infalível de ortodoxia.

Fora de Roma, não só não há salvação, como também não há autêntica Tradição!

“Estamos ao passo da Igreja. Nem adiante dela, tampouco atrás.” (Pe. Marcial Maciel, LC. Fundador dos Legionários de Cristo e do Movimento Regnum Christi)

Fonte: http://www.veritatis.com.br/artigo.asp?pubid=2882
//Fim do texto

É isso. Contando com a ajuda de vocês, me despeço.

In Jesu et Mariae.

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Muito prezado,

salve Maria!

    O texto que você me envia para analisar apresenta algumas verdades e faz alguma confusão.

    É bem verdadeiro o que ele diz dos protestantes. Também é verdade o que ele afirma de certos tradicionalistas.

    Porém, ele erra ao generalizar, não distinguindo tradicionalistas verdadeiros de falsos tradicionalistas, que são sede vacantistas, e portanto bem errados.

    O maior erro dele, porém, é o de considerar que o Vaticano II não teve erros. Peço-lhe que você leia meu trabalho Auto demolição da Igreja

 promovida pelas Doutinas Modernistas no Vaticano II ? Resposta ao Instituto Paulo VI de Brescia, < ?xml:namespace prefix = o ns = “urn:schemas-microsoft-com:office:office” />analisando os erros modernistas do Vaticano II — concílo pastoral falível e não dogmático, publicado no site Montfort. Nesse trabalho você verá que o Vaticano II , de fato, aprovou erros condenados por São Pio X como modernistas.

    Está equivocado, então, o autor do texto ao considerar que o Vaticano II não teve erros.

Agadeço sua confiança em nosso trabalho. Escreva-nos sempre..

In Corde Jesu, semper,

Orlando Fedeli

*O professor Orlando Fedeli foi presidente da Associação Cultural Montfort de 1983 a 2010.