Orlando Fedeli
Padre Critica o Site Montfort
- Localização: Valinhos – SP
Prezado Sr. Orlando Fedeli
Desde que tomei conhecimento da Montfort*, sinceramente não sei se sinto compaixão ou pena dos comentários aqui tecidos…
Bem sei que acabo de me englobar neles ao escrever-lhe esta mensagem. Porém, acho bom dizer-lhe que o coloco em minhas orações desde então.
Tenho plena consciência que sua resposta possa não ser agradável… nem espero por isso, pois seria contraditório. Sinto uma profunda pena por saber que o senhor se denomina um Católico praticante.
Qual a sua fé? Retórica? Filosófica? Falaciosa?… Triste fim o seu!
ORO POR VOCÊ!;
E conclamo a todos os Católicos e homens de boa vontade que também orem!
comentários: Por meio de um bom fiel que se penalizou como eu pelo conteúdo aqui expresso!
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Muito Reverendo e prezado Padre, Salve Maria!
Quero agradecer, antes de tudo, suas caridosas preces por minha alma.
Orações sempre são boas, ainda mais as de um Sacerdote. Deus lhe pague!
Mas permita-me dispensar as orações dos, hoje, chamados “homens de boa vontade” que, o senhor conclama a rezarem, também, por mim.
E por que as dispenso?
Porque desde João XXIII, que a eles se referia no cabeçalho diretivo de suas encíclicas, se distinguiram certos misteriosos “homens de boa vontade” dos católicos fiéis, dos cristãos, dos judeus e maometanos, dos pagãos , e até dos ateus.
Quem seriam, então esses tais misteriosos “homens de boa vontade”?
Não sendo eles católicos, nem cristãos, quem seriam eles?
Parece que o senhor conhece alguns deles, pois que até os conclama a rezarem por minha alma tão penada, que lhe causa tanta pena…
O senhor pode me dizer, Padre, quem são esses “homens de boa vontade” com os quais o senhor reza?
O senhor me diz algo que não entendi, talvez porque o senhor não tenha se expressado… retoricamente bem.
Escreveu-me o senhor:
“Sinto uma profunda pena por saber que o senhor se denomina um Católico praticante”.
Como, Padre?
O senhor sentiu pena porque sou católico praticante, e por dizer-me tal?
O senhor preferiria, então, que eu não fosse católico, ou que não fosse praticante?
Ou que não me confessasse católico?
Francamente, não entendi sua pena.
Será que o senhor usou mal a pena?
Que estranho desejo em um Padre….
Que estranha pena em sua alma sacerdotal…
E o senhor me pergunta qual é a minha Fé, ao mesmo tempo em que me vaticina um fim triste, isto é, morte má:
“Qual a sua fé? Retórica? Filosófica? Falaciosa?… Triste fim o seu!”
Minha Fé -será que o senhor não percebeu? – é, graças a Deus, a Fé Católica Apostólica Romana. É a Fé que se canta no Credo, na Missa. Credo que o senhor deve rezar todo dia, em sua santa Missa, não é Padre?
Como o senhor não identificou a minha Fé?
Como o senhor não percebeu que ela é a mesma Fé que o senhor reza no Credo em suas Missas?
Não posso imaginar que um Padre Católico tenha um Credo e uma Fé diferente da minha, e diferente do Credo de sempre.
E de novo, usando mal sua pena, para expressar a pena que o senhor tem de mim, o senhor me pergunta se minha Fé é Filosófica.
O senhor escreveu e assinou:
“Qual a sua fé?(…) Filosófica?”.
Uái, Padre!
Será que o senhor não sabe que não existe Fé filosófica?
Será que, depois de tantos anos de estudo, num seminário, — onde se estuda tanto, não é, Padre? – será o senhor desconhece a diferença entre Filosofia e Teologia?
Não é possível!…
Fé filosófica?
Que é isso, Padre?
Ah… Talvez que os “homens de boa vontade” sejam aqueles que têm uma “Fé filosófica”…
Eu, não Padre. Minha Fé, como já lhe disse, mas faço questão de repetir, é a da Igreja Católica Apostólica Romana, graças a Deus.
E a sua, Padre, qual é?
Tenho receio que seja uma outra Fé, visto que o senhor deixa entender que a sua Fé não coincide com a minha.
Será que o senhor é um adepto da Nova Fé Modernista tão difundida, hoje, entre tantos clérigos?
E o senhor me pergunta ainda se minha Fé é “Falaciosa?”.
Que entende o senhor por uma Fé falaciosa?
O senhor quer dizer que, na verdade, não tenho Fé?
Que finjo ter Fé?
Seja mais claro, Padre.
E que entende o senhor por Fé “Retórica”?
O senhor quer dizer, talvez , que só falo em Fé da boca para fora?
Que sou um hipócrita?
Vai ver que não…
Como o senhor parece ignorar a diferença entre Filosofia e Teologia, talvez, de novo, o senhor se tenha expressado mal, por desconhecer o que significa, de fato, a palavra retórica.
Quero ser compreensivo, e não pensar o pior.
Digamos que o senhor se expressou retoricamente mal, para desculpá-lo do pior.
E o senhor me vaticina um “fim triste”…
Em italiano, isso se diz “la mala morte”.
E desejar “la mala morte” é uma maldição.
E maldição de Padre, se diz, costuma pegar.
Libera me Domine de mala morte, de morte aeterna.
Ab homine iniquo et doloso erue me, Domine.
Sorte que o senhor apenas me vaticinou a “mala morte”, sem desejá-la …espero…
E falando em morte, sempre pedi, na Comunhão, que Deus me concedesse uma graça que certamente não mereço, e que duvido Ele me conceda: que eu seja morto pela Fé. Que eu seja morto por defender a Fé da Igreja Católica Apostólica Romana, pela qual vivi e pela qual quero morrer.
Quem sabe então Padre que eu lhe possa fazer um pedido…
Já que o senhor bondosamente me oferece suas preces, e mais certamente me vaticina um”fim triste”, posso lhe pedir um santo favor?
Reze para que Deus me faça um dia, ao sol , numa manhã azul, que eu possa morrer pela Igreja, que eu possa ser morto por defender a Fé Católica Apostólica Romana.
Pois que
” Y la glória derradera ,
por la cual yo bien muriera,
dar mi sangre viva y fiera,
por mi Diós y su bandera.
Con mi sangre roja y fiera,
hacer roja su bandera”.
Pois,
“Si la Iglesia verdadera,
la mi vida me pidiera,
yo mil vidas oferecera,
por mi Diós y su bandera.
Yo mil vidas yo las diera
por guardar la Fé entera”
Não quer o senhor, Padre, rezar por minha pobre alma, para que se me conceda essa graça que exprimi, um dia, nesses versos simples?
Assim se juntariam suas preces ao “triste fim”, segundo o mundo. “La mala morte, con la santa morte”. Que não mereço.
E, para efetivar essa graça, aí sim, conto com a eficiente cooperação dos tais conhecidos seus, os “homens de boa vontade”.
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli
*O professor Orlando Fedeli foi presidente da Associação Cultural Montfort de 1983 a 2010.