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532- Padre Critica o Site Montfort

Orlando Fedeli

 Padre Critica o Site Montfort

 

  • Localização: Valinhos – SP

 

Prezado Sr. Orlando Fedeli

Desde que tomei conhecimento da Montfort*, sinceramente não sei se sinto compaixão ou pena dos comentários aqui tecidos…

Bem sei que acabo de me englobar neles ao escrever-lhe esta mensagem. Porém, acho bom dizer-lhe que o coloco em minhas orações desde então.

Tenho plena consciência que sua resposta possa não ser agradável… nem espero por isso, pois seria contraditório. Sinto uma profunda pena por saber que o senhor se denomina um Católico praticante.

Qual a sua fé? Retórica? Filosófica? Falaciosa?… Triste fim o seu!

ORO POR VOCÊ!;

E conclamo a todos os Católicos e homens de boa vontade que também orem!

comentários: Por meio de um bom fiel que se penalizou como eu pelo conteúdo aqui expresso!

 

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Muito Reverendo e prezado Padre, Salve Maria!

Quero agradecer, antes de tudo, suas caridosas preces por minha alma.

Orações sempre são boas, ainda mais as de um Sacerdote. Deus lhe pague!

Mas permita-me dispensar as orações dos, hoje, chamados “homens de boa vontade” que, o senhor conclama a rezarem, também, por mim.

E por que as dispenso?

Porque desde João XXIII, que a eles se referia no cabeçalho diretivo de suas encíclicas, se distinguiram certos misteriosos “homens de boa vontade” dos católicos fiéis, dos cristãos, dos judeus e maometanos, dos pagãos , e até dos ateus.

Quem seriam, então esses tais misteriosos “homens de boa vontade”?

Não sendo eles católicos, nem cristãos, quem seriam eles?

Parece que o senhor conhece alguns deles, pois que até os conclama a rezarem por minha alma tão penada, que lhe causa tanta pena…

O senhor pode me dizer, Padre, quem são esses “homens de boa vontade” com os quais o senhor reza?

O senhor me diz algo que não entendi, talvez porque o senhor não tenha se expressado… retoricamente bem.

Escreveu-me o senhor:

“Sinto uma profunda pena por saber que o senhor se denomina um Católico praticante”.

Como, Padre?

O senhor sentiu pena porque sou católico praticante, e por dizer-me tal?

O senhor preferiria, então, que eu não fosse católico, ou que não fosse praticante?

Ou que não me confessasse católico?

Francamente, não entendi sua pena.

Será que o senhor usou mal a pena?

Que estranho desejo em um Padre….

Que estranha pena em sua alma sacerdotal…

E o senhor me pergunta qual é a minha Fé, ao mesmo tempo em que me vaticina um fim triste, isto é, morte má:

“Qual a sua fé? Retórica? Filosófica? Falaciosa?… Triste fim o seu!”

Minha Fé -será que o senhor não percebeu? – é, graças a Deus, a Fé Católica Apostólica Romana. É a Fé que se canta no Credo, na Missa. Credo que o senhor deve rezar todo dia, em sua santa Missa, não é Padre?

Como o senhor não identificou a minha Fé?

Como o senhor não percebeu que ela é a mesma Fé que o senhor reza no Credo em suas Missas?

Não posso imaginar que um Padre Católico tenha um Credo e uma Fé diferente da minha, e diferente do Credo de sempre.

E de novo, usando mal sua pena, para expressar a pena que o senhor tem de mim, o senhor me pergunta se minha Fé é Filosófica.

O senhor escreveu e assinou:

“Qual a sua fé?(…) Filosófica?”.

Uái, Padre!

Será que o senhor não sabe que não existe Fé filosófica?

Será que, depois de tantos anos de estudo, num seminário, — onde se estuda tanto, não é, Padre? – será o senhor desconhece a diferença entre Filosofia e Teologia?

Não é possível!…

Fé filosófica?

Que é isso, Padre?

Ah… Talvez que os “homens de boa vontade” sejam aqueles que têm uma “Fé filosófica”…

Eu, não Padre. Minha Fé, como já lhe disse, mas faço questão de repetir, é a da Igreja Católica Apostólica Romana, graças a Deus.

E a sua, Padre, qual é?

Tenho receio que seja uma outra Fé, visto que o senhor deixa entender que a sua Fé não coincide com a minha.

Será que o senhor é um adepto da Nova Fé Modernista tão difundida, hoje, entre tantos clérigos?

E o senhor me pergunta ainda se minha Fé é “Falaciosa?”.

Que entende o senhor por uma Fé falaciosa?

O senhor quer dizer que, na verdade, não tenho Fé?

Que finjo ter Fé?

Seja mais claro, Padre.

E que entende o senhor por Fé “Retórica”?

O senhor quer dizer, talvez , que só falo em Fé da boca para fora?

Que sou um hipócrita?

Vai ver que não…

Como o senhor parece ignorar a diferença entre Filosofia e Teologia, talvez, de novo, o senhor se tenha expressado mal, por desconhecer o que significa, de fato, a palavra retórica.

Quero ser compreensivo, e não pensar o pior.

Digamos que o senhor se expressou retoricamente mal, para desculpá-lo do pior.

E o senhor me vaticina um “fim triste”…

Em italiano, isso se diz “la mala morte”.

E desejar “la mala morte” é uma maldição.

E maldição de Padre, se diz, costuma pegar.

Libera me Domine de mala morte, de morte aeterna.

Ab homine iniquo et doloso erue me, Domine.

Sorte que o senhor apenas me vaticinou a “mala morte”, sem desejá-la …espero…

E falando em morte, sempre pedi, na Comunhão, que Deus me concedesse uma graça que certamente não mereço, e que duvido Ele me conceda: que eu seja morto pela Fé. Que eu seja morto por defender a Fé da Igreja Católica Apostólica Romana, pela qual vivi e pela qual quero morrer.

Quem sabe então Padre que eu lhe possa fazer um pedido…

Já que o senhor bondosamente me oferece suas preces, e mais certamente me vaticina um”fim triste”, posso lhe pedir um santo favor?

Reze para que Deus me faça um dia, ao sol , numa manhã azul, que eu possa morrer pela Igreja, que eu possa ser morto por defender a Fé Católica Apostólica Romana.

Pois que

” Y la glória derradera ,
por la cual yo bien muriera,
dar mi sangre viva y fiera,
por mi Diós y su bandera.
Con mi sangre roja y fiera,
hacer roja su bandera”.

Pois,

“Si la Iglesia verdadera,
la mi vida me pidiera,
yo mil vidas oferecera,
por mi Diós y su bandera.
Yo mil vidas yo las diera
por guardar la Fé entera”

Não quer o senhor, Padre, rezar por minha pobre alma, para que se me conceda essa graça que exprimi, um dia, nesses versos simples?

Assim se juntariam suas preces ao “triste fim”, segundo o mundo. “La mala morte, con la santa morte”. Que não mereço.

E, para efetivar essa graça, aí sim, conto com a eficiente cooperação dos tais conhecidos seus, os “homens de boa vontade”.

In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli

 

*O professor Orlando Fedeli foi presidente da Associação Cultural Montfort de 1983 a 2010.