692- Positivismo

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Orlando Fedeli

Positivismo

 

  • Localização: Blumenau – SC

 

Prezado prof. Orlando, Salve Maria!

Se não me engano o sr. é professor de História.

Meus estudos foram feitos durante a fase do regime militar e com certeza alguns aspectos ficaram incompletos, que constantemente procuro preencher.

Várias vezes encontrei referência à ação do Positivismo no Brasil. Mas não tenho conhecimento do que realmente seja o Positivismo, e quais foram os seus efeitos práticos no Brasil.

Suspeito que é um assunto relevante e que muitas pessoas desconhecem. Talvez o senhor possa explicar um pouco.

Obrigado pela atenção.

 

————————-

 

Muito prezado Professor,
Salve Maria!

Infelizmente, hoje, não posso lhe dar senão um breve esquema do Positivismo, porque meus afazeres não me permitem escrever um trabalho mais elaborado sobre esse assunto curioso e divertido.
O Positivismo foi o sistema “cientificamente” imaginado por Augusto Comte.
Ele havia sido um discípulo de Saint Simon, um utópico revolucionário que fundou um movimento de características religiosas e socialistas, ainda no princípio do século XIX. Saint Simon era um alumbrado, desequilibrado, e Comte não era mentalmente mais sadio que ele. Tanto que foi fechado em hospício de loucos. Saindo do hospício, Comte ficou professor da Escola Politécnica, em Paris… O que indubitavelmente foi um sucesso e uma honra para ele. Não, evidentemente, para a Escola Politécnica.
Depois… Virou “profeta”e fundador de Religião, vendo a História como Tradição, e a Humanidade como Divindade
Sua obra mais importante foi o Sistema de Política Positiva ou Tratado de Sociologia que institui a Religião da Humanidade, escrito em quatro volumes, e publicado em Paris de 1851 a 1854.
Comte era discípulo de Saint Simon e de Joseph de Maistre, e se dizia um tradicionalista… (Dá cada coisa entre os tradicionalistas, especialmente entre os seguidores de Joseph de Maistre!…).
Também — como muitos tradicionalistas — Comte era contra os livros. Ele se orgulhava de ter feito uma “higiene cerebral”, que consistia em ler o menos possível, porque, segundo ele, “a leitura prejudicava a meditação, alterando, ao mesmo tempo a sua originalidade e a sua homogeneidade”.
Esse ódio aos livros e ao estudo é comum entre os teósofos do romantismo aos quais repugna tudo o que é intelectual, pois que eles preferem o que chamam de “intuição”.
Como todo “profeta” romântico, como Marx, e também como outros tradicionalistas, Comte pretendia ter descoberto as leis da História.
Todo “profeta” megalomaníaco pretende sempre dominar o tempo, quer prevendo as futuras e corriqueiras condições meteorológicas, quer dominando a História, tendo todo o passado na memória e o futuro em suas “profecias”…
Eles deliram presumindo conhecer os “sinais dos tempos” como disseram o cabalista Jacob Boehme e… o Vaticano II.

O sistema positivista-“tradicionalista” de Augusto Comte era um sistema evolucionista da História.

Segundo Comte, a primeira fase da humanidade seria a teológica. Nesse período, os homens, levados pelo medo, imaginaram deuses, para explicar o mundo. A seguir houve uma fase filosófica, metafísica ou atéia. Finalmente, numa terceira fase positiva ou científica, os homens explicariam todos os fenômenos por meio da Ciência. Como o senhor vê, professor, o sistema de Comte era claramente materialista.
O incrível é que, depois disso, Comte elaborou uma Religião do Positivismo, na qual os grandes vultos da Humanidade– cientistas e heróis — ocupariam o lugar que antes fora dos santos.
Nessa Religião Positiva, haveria uma Trindade Divina formada pela Humanidade, ou o Grande Ser; a Terra, que Comte chamava de o Grande Fetiche; e o Meio ou o Espaço. Partindo do cientificismo materialista, Comte chegou à idolatria do Homem.
Dessa Religião atéia e panteísta, Comte se fez o Sacerdote Supremo.
Comte atingiu o maior ridículo ao elevar sua amante Clotilde de Vaux ao mais alto posto de santidade da Religião Positivista. Essa loucura só teve algum êxito — muito temporário, claro — na França.
Mas houve um país em que a Religião do Positivismo pegou fundo: foi o Brasil.
Aqui, o Coronel Benjamim Constant Botelho Magalhães — aquele que foi a alma da proclamação da República Brasileira, e que agora, por isso mesmo, virou nome de rua em todo o país — espalhou essa Religião do Positivismo no Exército Nacional. O lema da República, posto em nossa bandeira, é o lema positivista: Amor, Ordem e Progresso. (veja no site Montfort a crônica “Salve Lindo”. Você vai se divertir).
No Rio Grande do Sul, e no Rio de Janeiro, creio e ainda há Templos da Religião Positivista…… Só no Brasil!…
Lamento não poder me estender mais, porque o sistema de Comte é cientificamente… divertido.
Logo que me for possível, retomarei esse tema.
Esperando tê-lo ajudado um tanto, me despeço desejando que mantenhamos outros contatos como amigos

in Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli

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