731- Sobre a TFP – Perguntas Compostas

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Orlando Fedeli

Sobre a TFP – Perguntas Compostas

 

  • Localização: Paraíso do Tocantins – TO

 

Tenho um amigo, diácono, que é muito coeso e firme em sua fé na Tradição, Família e Propriedade. Sendo eu católico, psicólogo e bastante curioso com teologia, pois nunca estudei essa área, gostaria de tirar uma dúvida. Primeiramente parabenizo-nos pelo site, pela coesão argumental e científica como vocês tratam a fé. Científica de ciência de estar ciente do que faz como diz Pe. Oscar Quevedo. A minha inquietação é a seguinte: A humanidade vem sofrendo degradações esfoliativas há anos. Vivemos um tempo em que a família (instituição) vem se mortificando, a tradição se perdendo, com os absurdos de igrejas evangélicas que sem o menor conhecimento teológico lê a bíblia como se fosse uma literatura de Stephen King. Eu quero muito saber o que vocês pensam da Tradição, da Família e da Propriedade. Desculpe fazer perguntas compostas, pois confunde, mas outro item é: o que provoca o sofrimento humano do ponto de vista espiritual ? Os espíritas são cheios de argumentos plausíveis, mas acriteriosos. O que faz um Bebê nascer sem cérebro (anencefalia), com síndromes terríveis (Autismo, Rett, Kleinifeltter etc). Uma pessoa mereceria sofrer tanto ? É uma inquietação. Trabalhei na APAE muito tempo e vi muitas mães revoltadas: “Porque eu ?” “Queria um filho saudável” Será que estamos perto do juízo final ? Como dizem os protestantes: É o demônio ? Ele existe ? (Fato que eu acredito). Por favor me retornem, pois sou extremamente feliz por ter encontrado esse site. Não se esqueçam de responder minha pergunta sobre TFP.
Obrigado,

Salve Maria.

 

——————————

 

Muito prezado , Salve Maria!

Antes de responder suas “perguntas compostas”, permita-me agradecer suas palavras simples de satisfação com a leitura do site Montfort*. Espero que simplesmente você continue aproveitando nossos artigos e cartas.

O demônio existe, sim. Nosso Senhor Jesus Cristo, com divina clareza, fala dele, e de sua existência muito real, nos Evangelhos, e o livro de Jó denuncia como ele atua.

Sei, sim, que o Padre Quevedo, contra o ensinamento de Cristo, se esforça em negar a ação do diabo através de sua nova “ciência” para-normal.

Mas Jesus é Deus e Homem, e é infinitamente mais sábio do que o Padre Quevedo.

Jesus não fez curso de Parapsicologia, essa para-ciência anti cristã, e por isso ensinou divinamente que o diabo existe e que possessões são possíveis.

Em que pese tudo o que afirma gratuitamente a pseudo- ciência quevediana. Que, aliás, não pesa nada.

E caso você tenha alguma dúvida sobre a existência do diabo, aconselho-o a que abra os olhos e os ouvidos, e você o verá atuando, e o ouvirá discursando em comícios, fazendo comentários na mídia, ou fazendo sermão em igrejas e igrejolas.

Porque o diabo, hoje, ou fez seminário, ou fez curso de jornalismo — quem sabe até na PUC, para passar por católico. Imagine ! — ou em Faculdade de Direito de fim de semana…Ou, mesmo, de semana inteira.

Abra os olhos, e veja que profanações sacrílegas e ações anti-cristãs ocorrem em muitas missas, hoje.

Até mesmo no Paraíso… de Tocantins. Até em Paraíso de Tocantins!

Porque, depois do Vaticano II, o mal se tornou pastoralmente universal.

Entrou até no Paraíso. De Tocantins, é claro.

Abra os ouvidos — sei que para isso será preciso que você tenha uma grande paciência e uma grande capacidade para suportar sofrimentos entediantes – mas abra os ouvidos, peço-lhe, e, enquanto a assembléia dormita, fingindo que escuta, preste atenção nos sermões dominicais pronunciados em muitas igrejas, hoje.

Assista as assim chamadas missas televisadas em redes de morte doutrinária. São espetáculos do nível mais baixo que a criatividade pós-conciliar conseguiu inventar.

Sei que isso é pedir talvez demais, mas … Coragem!

Agüente ouvir 10 minutos desses sermões, e você terá a prova de que o diabo existe mesmo, e de que ele domina, hoje, alguma coisa mais do que o mundo. Pois até parece que alguém o adorou no alto do monte Tibidabo, no século XX, acreditando que o demônio lhe daria todos os reinos da terra…Abriram a Igreja ao mundo, esquecendo que “todo o mundo está posto no maligno” (I Jo. V, 19), e o maligno entrou no Templo de Deus, como até Paulo VI constatou.

Ou então — supremo ato de heroísmo em matéria de paciência – leia o comunicado n0 347.532,07 do Setor Sub Regional Sudeste 15, da verborréica CNBB.

Neles você poderá tomar conhecimento de que há Pastores satisfeitos com o governo Lula, mesmo depois de ele ter aprovado a lei que permite assassinar embriões. São Pastores satisfeitos com os métodos científico-jurídicos modernos, que o lobo arquitetou para matar ovelhas. Pois esses métodos, além de matar ovelhas embrionárias, dão emprego para enfermeiros e médicos assassinos, ajudantes de laboratórios químicos, e até mesmo a coveiros.

Finalmente, o Lula está combatendo o desemprego. À custa da vida de embriões inocentes.

Fazendo tudo isso, abrindo olhos e ouvidos, você verá — sem dúvida!!! — como o diabo continua existente e atuante.

Se, hoje, os padres modernistas aposentaram o diabo, você poderá encontrá-lo, senão disfarçado de velho beato tossindo fogo nas filas do INSS, certamente, como já disse, nas leis iníquas que o Lula acaba de aprovar sobre os embriões. E isso acarreta a excomunhão para quem propôs essa lei, para quem votou a seu favor, para quem a patrocinou, apresentou — lá cai o Severino sob a excomunhão — assim como sobre o Lula que a sancionou.

Acarreta a excomunhão latae sententiae. E os elogios de alguns Pastores que o elevaram do emprego de metalúrgico, que ele pouco exerceu, para a cadeira presidencial, que ele mal exerce, não o salvarão da excommunhão.

Como você vê, o diabo não só existe, mas tem mais servidores do que o INSS.

Hoje, há mais servidores do diabo do que funcionários novos nos cargos de confiança governamentais. Portanto, são multidão.

Sem contar os padres hereges que trabalham para o diabo, negando a sua existência, embora o tenham como patrão.

Veja o que acaba de confessar Frei Beto, em entrevista para Salomão Schwartzman.

Quando o tal Salomão perguntou a Betto:

“Frei Betto, o diabo está mesmo entre nós?

Frei Beto, quase liturgicamente, respondeu que, de fato, “Ele está no meio de nós”(…). (Cfr. SALOMÃO SCHVARTZMAN –

http://www.comsalomao.com.br/entrevistas/entrevistas.asp?txt=frei 22/03/2005]

A resposta verdadeira na liturgia latina é:

“Et cum spiritu tuo”.

E como a Liturgia antiga era veraz e verdadeira!

E falando em diabos, você em sua “perguntas compostas” me questiona sobre a TFP.

Essa é uma mistura — uma confusão — que normalmente resulta de fazer “perguntas compostas”. Sai confusão mesmo.

Da qual não tenho culpa.

Se lhe dou uma resposta-composta, é que fui induzido ou contaminado por suas perguntas-compostas. Perguntas- compostas são contagiantes e causam inevitavelmente respostas-compostas.

Ela — a TFP — como a confusão e o diabo –também existe.

Existem até duas TFPs, para acrescer uma confusão dos diabos.

Uma TFP é desprezada pela cleresia como vetusta e antiquada. É a chamada TFP dos Provectos. TFP falida, envelhecida e comatosa, como doente que perdeu a hípófise.

A outra TFP é barulhenta, embotada — como o famoso gato que andava de botas enganando os outros — e abençoada pela CNBB (ao menos por uma ala da CNBB) que lhe permite entrar de botas e banda nas igrejas, a pretexto de cultuar, publicamente Nossa Senhora, e secretamente Plínio e a sua mamãe (dele, é claro).

Ela (a TFP) — como a confusão — está dividida, e todo reino dividido perecerá.

Como já lhe disse, ela está dividida em TFP dos Provectos e TFP dos Arautos.

A TFP dos Provectos é a que vegeta em estado agônico.

A TFP dos Arautos está disfarçada de cavalaria medieval –sem cavalos — e marchando a toque de caixa, já que se resume a uma banda. Ela vive na flauta e batendo caixa. Sob o aplauso de Bispos e Cardeais per omnis orbis terrarum. Parece que o clero pós conciliar—ecumenicamente — gosta muito de banda. O mundo virou coreto.

A primeira “est bien mourante”.

A segunda– pelo menos por ora — “est bien vivante”…

Ambas as TFPs, – de modo semi público, uma, ou secreto, a outra, – continuam cultuando e aguardando a ressurreição do imortal Plínio Corrêa de Oliveira.

Distintas e adversárias nos tribunais, elas se confundem e se iludem romanticamente sonhando à beira túmulo, como Inês à beira do Mondego — e essa é a única Consolação das TFPs divididas – unidas no culto comum a Plínio, que é o único imortal falecido.

Sem contar, é claro, os “imortais” por título, isto é, os “imortais” da Academia Brasileira de Letras, que conta com tantas letras quanto “imortais”.

E nesta República de cartuchos, até o Sarney virou imortal !

Meu Deus ! O Sarney imortal! Graças a seus ardentes “Marimbondos de Fogo”.

Marimbondos que nos fazem lamentar que não tenha sido inventado, antes, um inseticida literário, para exterminar — a esguicho incenticidal — os tais marimbondos do Sarney.

Meu Deus, que poetas o mundo precisa agüentar! De que marimbondos é preciso se coçar!

E o Paulo Coelho também virou imortal! Que alquimias o mundo precisa agüentar!

Só falta o Padre Marcelo Rossi virar imortal. Que sermões será preciso escutar?!

E se há tais imortais no mundo atual, porque PCO não poderia ser imortal também?

Afinal ele era o Profeta de Higienópolis, e garantia que não morreria sem fundar um milenarista Reino de Maria. Ele afirmava ter tido “a impressão” de que Nossa Senhora lhe prometera uma imortalidade… temporária: até fundar o Reino de Maria

Foi só impressão. Morreu. Morreu em 1995. Está morto até hoje.

E isso não é uma impressão. Está morto mesmo.

Impressionante ! Um imortal morrer!

Que imortal o mundo viu falecer!

Pax anima ejus!!!

Que profetas é preciso agüentar! Que sectários é preciso contemplar.!

E ainda por cima, lá nos vem o Padre Quevedo com sua paranormática ciência abracadabresca trazer-nos o atestado de aposentadoria do diabo, e até negando que o diabo,— esse “imortal” infernal— exista!

Plínio, o velho, morreu. Até Plínio, o moço, morreu.

Pergunte para seu professor de História ou de Literatura latina. Os Plínios, velhos e moços, profetas ou funcionários públicos, também morrem.

Todos os Plínios morrem. O da TFP também.

Como Malbrought:

Est mort et enterré. Est mort et enterré !

E quando se morre, ainda que se acredite na imortalidade do defunto, se morre por longo tempo, asseguram os franceses.

E não são só os franceses que garantem isso com o seu imortal ditado: “Quand on meurt c´est pour longtemps”.

Fica-se morto até o Juízo Final, como ensina a Igreja.

Os cemitérios de todo o mundo comprovam que os mortos ficam mortos até o juízo final. Juízo esse que ninguém sabe quando virá.

Muito menos que seja em 2.007.

Xiii vai demorar…

Pois então o imortal Plínio Corrêa de Oliveira morreu. Morreu mesmo.

Está tão morto tão quanto Tutankhamon.

Mas, apesar de sua morte, há entre os Arautos e Provectos quem se irmane na esperança de que ele–ao contrário de Tutankhamon — vá ressuscitar em breve.

Em 2007, para ser mais preciso.

Informe então o seu amigo diácono desse segredo arautiano desconhecido, talvez, no Paraíso de Tocantins, mas bem acreditado pelos freqüentadores do cemitério da Consolação, pelos fãs das flores sempre vivas.

Como você talvez não saiba o que acontece por aqui, nos cemitérios paulistas é muito comum ver se esgueirarem silenciosamente, entre as sombras sepulcrais, negros gatos misteriosos, assim como devotos murmurantes. Devotos que parecem gatos. Gatos que se fingem de devotos.

No cemitério da Consolação, além dos negros gatos misteriosos, há os devotos de PCO e da senhora mãe dele. Rezam para seus santos imortais, já mortos, enquanto aguardam a sua ressurreição.

Para 2.007.

Como sebastianistas modernos, fundaram até uma editora de nome revelador: Retornarei. Prometendo, nas entrelinhas, a volta de Plínio.

Não como “revenant”, enrolado em mortalha macabra. Mas em carne e osso. E até com muita carne, que o defunto era bem fornecido.

E, quando isso se der, Tefepistas e Arautos esperam colaborar para a conversão da Igreja, que hoje, dizem eles, em segredo e às costas de Cardeais e Monsenhores, está corrompida…

Você me perguntaria desta vez simplesmente, ou melhor, simploriamente:

“E os Cardeais, que apóiam a banda que passa, sabem disso?

Não desconfiam do que se lhes diz às costas?”

É claro que eles não dizem isso para os Cardeais que os apóiam. Eles são arautos muito vivos. São até da Sempre Viva.

Jurariam até o contrário, caso fosse necessário.

Enquanto rezam e aguardam ressurreições, coletam ricos donativos de viúvas ricas e de comerciantes ingênuos, contribuições devotas de alumbrados que não sabem o que fazer com suas fortunas, e donativos de pobres ignorantes iludidos, enquanto pedem piedosas bênçãos a Padres, Bispos e Cardeais. Treinando e dando as “rasteiras magistrais” que alguém prometeu lhes dar.Em meio a sorrisos…

Promessa feita, promessa cumprida. Palavra dada deve ser respeitada.

E assim vão vivendo na flauta, que sabem muito bem tocar caixas.

Finalmente, atendo à sua última pergunta-composta que mistura reencarnação e anencefalia.

Pergunta-me você, porque Deus permite que nasçam crianças doentes, deficientes e anencefálicas.

Os espíritas falam em reencarnação, e que crianças nascem com deficiências para pagar pecados de uma vida anterior.

Ora, como poderiam pagar pecados de que não se lembram?

Ser punido sem saber o por quê é que causa revolta.

Toda criança nasce como imagem de Deus. Seus defeitos ou deficiências físicas não são punição por pecados de vida anterior.

Existência anterior que nunca existiu.

Lembra-se você do cego de nascença do Evangelho, que os Apóstolos perguntaram a Cristo porque nascera ele assim: se seria por culpa própria, ou por culpa dos pais?

E Cristo sabiamente respondeu, explicando que não fora nem por culpa própria, nem por culpa dos pais que ele nascera cego.

E, ademais, há que distinguir dois tipos de anencefalia: a física e a metafórica.

A física é a única que todos lamentam acontecer numa criança mal formada.

Mas a pior anencefalia é a metafórica. Porque a anencefalia metafórica é voluntária. É culpada. É adquirida lendo mangá, jogando RPG, ou assistindo televisão. Lendo certos autores. Acreditando em certos gurus. Ou até diplomando-se em certas faculdades.

Assim como o pior cego é aquele que não quer ver, o pior anencefálico é aquele que ama ser cranialmente vazio. É aquele que faz questão de ser encefalicamente oco.

Como você bem sabe, o mal absoluto não existe. A anencefalia voluntária e metafórica não pode ser atingida em grau absoluto.

Não! Não!! Não venha você me citar contra isso o exemplo de certos astros da TV, ou nomes de políticos famosos: o vácuo mental absoluto, como o mal absoluto, é impossível.

Sempre alguma coisa boa há.

E como não há males que não tragam algum bem, ou pelo menos alguma vantagem, a anencefalia voluntária pode trazer duas vantagens possíveis, e uma conseqüência certíssima:

1ª vantagem – Não morrer afogado, pois o anencefálico voluntário estará sempre “boiando”. Sua cabeça vazia lhe serve de salva-vida.

2ª vantagem – Poder se tornar imortal, de algum modo que seja. Nem que seja escrevendo poesias inséticas ou prosas esotéricas.

E a conseqüência certíssima será a de pertencer ao número da multidão dos seres tidos como normais, neste século XXI, em que se inaugurou a Civilização do Amor. Neste amaldiçoado Tertium Milenium inneunte, no qual só reina a heresia e a violação da lei de Deus.

E graças vos dou, meu Deus, por não me ter feito homem deste século, e que não me permitistes conformar-me a este mundo imerso no Maligno.

Maligno, mais atuante que nunca.

Em que pese a pseudo Ciência para-normática do padre Quevedo.

Et símiles…

*****

Relendo esta carta, me dei conta de como sua perguntação-composta me contagiou. Saiu-me uma respostação-composta.

E meândrica. Como um rio que vai para cá e para lá, hesitando em seu caminho, buscando a inclinação mais agradável, ainda que mais longa.

Mas buscando sempre o Mar. Buscando a grandeza.

Mesmo quando ao desprezar toda mesquinhez.

Mesmo ao rir de tanta tolice embasbacada, às suas margens

E que Deus o guarde em sua santa simplicidade.

In Corde Jesu, semper,

Orlando Fedeli

 

*O professor Orlando Fedeli foi presidente da Associação cultural Montfort de 1983 a 2010.

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