Orlando Fedeli
Muito Obrigado, Professor Orlando Fedeli!
- Localização: Brasil
Caro prof. Orlando Fedeli, salve Maria!
Permita-me considerá-lo meu professor, sem mesmo nunca tê-lo visto, pois assim mesmo tu o és, e certamente o mais importante que já tive. Digo isso pois aprendi muito com os teus escritos.
Particularmente as tuas frases incisivas e o “aço” cortante das verdades por ti anunciadas atingiram o mais íntimo do meu coração, da minha alma e da minha inteligência. Tenho de dizer que me sentia “golpeado” conforme lia teus escritos. Mas a cada golpe era como se eu desejasse o próximo, pois podia sentir que eram meus erros que estavam sendo atingidos, e substituídos pela suma verdade.
Gostaria de te contar como fui agraciado pelos teus escritos.
Como a maioria da juventude, abandonei a Igreja logo após a primeira comunhão. Voltei apenas para a crisma. Antes e depois, nunca apareci na Igreja. Fui influenciado pelo romantismo, relativismo, ocultismo e o rock. Claro que comecei a duvidar de todas quantas fossem as doutrinas católicas, considerando-as como “lavagem cerebral” sem fundamentação lógica. Meus pais não conseguiam me convencer, quando tentavam, de que havia lógica, e meus amigos me convenciam daquilo que hoje é o senso comum, ou seja, que a Igreja de Cristo prega uma obediência cega.
Hoje vejo que Jesus nunca nos abandona, nem a um filho ingrato como eu fui. Comecei a namorar uma amiga da faculdade que era católica e voltei a ir à Missa, inicialmente para agradá-la. O pároco era bem idoso, seu sacerdócio estava perto do jubileu de ouro, e havia um coral convidado, de outra cidade, chamado Coral Santa Cecília, que cantou todas as músicas e algumas orações em latim. Naquele momento senti algo que não compreendi de início, mas mesmo assim comecei a procurar fontes e a estudar o latim pela internet. Hoje sei que percebi a verdadeira beleza do verdadeiro culto a Nosso Senhor Jesus Cristo, não com a inteligência, pois nada sabia eu de latim, mas com o coração e com a alma.
Nesta busca, encontrei textos sobre exegese que me mostraram não ser assim tão ilógica a Igreja. Mas ainda assim tinha muitas e muitas ressalvas. Mas ao menos passei a ir à Missa não mais para agradar alguém, mas para minha salvação e para louvar. Nesse período fui apresentado à RCC, mas nunca consegui compartilhar daqueles grupos de oração que mais pareciam cultos evangélicos. Talvez porque agradava mais à minha alma o canto gregoriano em latim.
Alguns anos se passaram assim e eu ainda tinha muitos conflitos internos. Muitas opiniões que eu tinha pareciam ir contra a doutrina, ao menos contra a “doutrina” da forma como ela era me passada, pois a capela que passamos a freqüentar era muito ligada à RCC, mesmo sendo subordinada ao mesmo pároco que me apresentou ao latim.
Por ser cadastrado numa livraria, sempre recebia avisos de lançamentos, e fiquei inclinado a comprar o livro “Tu És Pedro” (Georges Suffert, 2001, tradução de Adalgisa Campos da Silva, editora Objetiva, 520 páginas). Comprei-o e depois de começar a lê-lo não consegui parar. Muito aprendi sobre a Igreja e sobre as injustiças que ela sofreu. O livro esclareceu muitos conflitos, mas também aguçou outros, principalmente os de ordem dogmática, mas não era esse o foco do livro.
Passei a pedir ao Senhor em todas as minhas orações que aumentasse a minha fé, para que eu pudesse crer com o coração mesmo naquilo que eu não conseguia concordar com a inteligência. E assim foi durante mais de um ano.
Na ocasião do referendo pela proibição do comércio de armas esses conflitos se tornaram mais gritantes. Eu nunca consegui ser contra a pena de morte, nem contra a legítima defesa; sempre achei o sistema prisional muito favorável ao bandido; sempre achei excessiva a aplicação dos “direitos humanos” aos bandidos. E percebi que essas posições eram contrárias ao que me parecia ser a “doutrina” da Igreja.
Foi quando resolvi procurar sobre pena de morte na internet. Encontrei o artigo “Pela pena de morte” (Macelo Andrade, Seção Veritas, Site da Montfort*). Enquanto eu o lia sentia como se estivesse sendo absolvido. Naquele momento desapareceu o sentimento de conflito com a Igreja que havia em mim, ao menos quanto a esses assuntos. Foi um sentimento de libertação, e eu entendi profundamente o sentido da frase do Senhor: “a verdade vos libertará”.
Não foi fácil convencer os amigos e familiares disso. Todos tinham na ponta da língua a posição da CNBB, e eu tinha uma posição contrária. Quando falei dos parágrafos 2266 e 2267 do Catecismo, eles tiveram de aceitar a minha posição, mas percebi que isso não foi feito de coração, ao menos no início, e talvez pelo forte confronto que isso pode ter causado.
A partir de então comecei a ler artigos e mais artigos, respostas e mais respostas do site da Montfort*, e muitos outros conflitos e mitos foram sendo derrubados. Diante da espada afiada da verdade, os conflitos e os mitos caíam como muros podres e não como fortalezas. Pensei comigo mesmo qual seria o motivo de ninguém nunca ter me apresentado essas verdades. Se isso houvesse ocorrido mais cedo, muitos muros nem teriam sido erguidos.
Agora sei que as minhas orações para que o Senhor aumentasse a minha fé foram atendidas. Mas Ele me corrigiu também: eu não deveria tentar crer com o coração abandonando a razão, mas deveria sim usar do dom da razão para aumentar o amor ao Senhor em meu coração.
Devo muito disto tudo ao sr., professor. Hoje não possuo mais conflitos. Hoje amo a Jesus e à Igreja de todo o meu coração, mas também creio profundamente neles com a minha inteligência. Não mais vejo a inteligência como obstáculo para a minha fé, mas sim como um forte sustentáculo.
Agradeço a Deus pela sua batalha, professor. Sou do interior de São Paulo, e gostaria de um dia ter a honra de ser seu aluno presencial, e não virtual.
Em Jesus e Maria me despeço.
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Muito prezado,
salve Maria!
Claro que o recebo como a um meu aluno de verdade, e não só virtual. Tanto mais que você, morando em Limeira, bem perto de Campinas, onde tenho um grande grupo de amigos da Montfort*, aos quais dou aulas com certa regularidade, facilmente poderá juntar-se a eles.
Agradeço a Deus ter me permitido ajudar sua alma a compreender a verdade da Igreja Catolica e o convido a me auxiliar no combate em sua defesa.
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli
*O professor Orlando Fedeli foi presidente da Associação cultural Montfort de 1983 a 2010.