Orlando Fedeli
Sou Militante Comunista e não Pretendo Ficar Sentado Esperando que o Mundo Mude
- Idade: 18
- Localizaçao: Palmas – TO – Brasil
Caro sr.(capitalista)
Eu tenho 18 anos, sou um militante comunista,e não pretendo ficar sentado esperando que o mundo mude.Fiquei muito triste ao ver a injustiça cometida pelo sr. ao se referir ao grande homem que teve coragem de lutar pelo direito de todos nós sem pedir nada a nimguém.
Talvez CHE não lutou pelos seus direitos, porque vc não deve passar de um capitalista, que talvez “trabalha” em um escrítório com ar condicionado e quando chegua em casa nunca faltou comida para alimentar seus filhos. Talvez vc nunca teve coragem de visitar uma favela e ver que lá existem seres humanos que têm assim como vc sonhos de uma vida digna, seres que trabalham o dia todo, fassa chuva ou sou, todos os dias da semana e quando chega em casa não tem comida para os fihos, enquantos outros estão empanturrados e vomitando todo o ouro que tem. Talvez isso não justifique as mortes causadas pelas revoluções comunistas, mas foi o único jeito de acabar com essa desigualdade. Mas eu poderia chamar de bandidos certas pessoas que mataram sem razão em nome de Deus em uma certa “santa” inquisição.
Mas eu não escrevir para descutir religião nem muito menos para apontar erros.
Se o seu descontentamento é matar veja quantas pessoas morrem de fome em todo mundo vítima desse capitalismo selvagem e canibal.
Vamos podemos mudar! Não podemos ficar sentados.
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Prezado e inexperiente, salve Maria.
Sua carta me deu muita pena.
Como é fácil enganar os jovens ! A juventude é generosa e anseia por lutar pelo que lhe parece ser justo.
Esse parece ser o seu caso.
Entretanto, a juventude é inexperiente e, por isso, fácil de ser enganada. A generosidade e o ímpeto a fazem presa fácil de qualquer propaganda enganosa. Esse, de novo, me parece ser o seu caso.
Meu caro, você pretende mudar o mundo…
Mais do que de fome, há gente que morre de ignorância, de fome da verdade — o que parece ser, mais uma vez, o seu caso.
Cristo já nos advertira que não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.
Quanto ao que sou, você se equivocou ainda mais redondamente.
Sou filho de um operário. Nunca tive casa própria. Se agora tenho uma é por comunhão de bens com minha esposa.
Não sou capitalista. Sempre trabalhei, para sustentar minha mãe, um irmão menor, minha avó e três primas órfãs pelas quais sempre lutei.
Não trabalho em lugar que tenha ar condicionado, mas num ambiente que me faz suar muito, nesse calor que estamos tendo este ano.
Quase toda a minha vida dei aulas em subúrbios pobres. Fui mandado embora de várias escolas, por padres socialistas – e amigos do PC — que não toleravam minha defesa da Fé e meu apostolado. O que me custou sofrer pobreza junto com a injustiça. Pobreza a ponto de, um dia, não ter nada em casa para comer. E o mais não lhe conto, porque é minha honra.
Quanto a ir a uma favela, devo dizer-lhe que tive, e tenho, alunos favelados, aos quais ensino, como sempre ensinei, e de graça.
E lamento que você more tão longe de mim, porque, se morasse aqui em São Paulo, ensinar-lhe-ia História e mesmo ortografia, sem nada lhe cobrar.
Ensinar-lhe-ia a verdadeira História da Inquisição e das Cruzadas, sem deturpações e sem surrupiar fatos, para você conhecer a verdade, e não slogans partidários e mentiras.
Sim, podemos mudar.
Quem sabe um dia você mude, e então me procure, porque achará um amigo. Mas mude logo, porque estou muito velho, e não posso esperar por muito tempo pela sua mudança.
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli
PS. Sobre o terrorista Chê, peço-lhe que leia a carta que escrevi para um Guevarista lusitano, a quem acabo de responder. A resposta que dei a ele pode lhe ajudar bastante. Havendo alguma dúvida, escreva-me, e sem temer os erros de ortografia, que lhe prometo não ver, por amor a sua alma. OF