1

870- Parte 4 – Kiko Repete a Doutrina Modernista de Fé que Destrói a Caridade

Orlando Fedeli

Kiko Repete a Doutrina Modernista de Fé que Destrói a Caridade – Parte 4

 

  • Localização: Brasil

 

3 — Desprezo do Neocatecumenato pelo Clero

Além das doutrinas heréticas sobre as quais Kiko recomenda segredo, nas Apostilas se encontra um franco menosprezo dos dirigentes do Neocatecumenato com relação ao Clero.

Isso é uma conseqüência lógica da perda da Fé.

Como poderia ter amor ao Clero quem não teve amor e zelo pela verdade?

A caridade manda amar, em primeiro lugar, os superiores: pai e mãe, padres, mestres e superiores de qualquer tipo, pois sua autoridade vem de Deus, e lhes foi dada para ajudar a nossa salvação.

É do Clero que recebemos os Sacramentos que nos salvam. É por meio do Clero que recebemos, normalmente, a doutrina da salvação. Sinal claro de perdição é o desprezo da autoridade colocada por Deus, especialmente a do Papa, depois a do Bispo diocesano e do vigário, a quem estamos direta e normalmentemente ligados.

Isso não significa, obviamente, que não devamos nos opor, até mesmo publicamente quando necessário, aos maus membros do Clero, quando ensinam o erro, ou quando, como agora com os casos de pedofilia e homossexualismo, cometem escândalo público.

Entretanto, isso deve ser feito exatamente por amor à Autoridade Eclesiástica – que é ultrajada por esses maus elementos – e nunca por ódio, ou com desprezo, a essa mesma autoridade, instituída por Cristo.

As apostilas, como você verá, não criticam membros do Clero por eventuais erros, mas membros do Clero.

Vejamos como Kiko tem pouco apreço pelos padres:

“E isso se vê pelos fatos: aquele que tem o Espírito Santo ama o inimigo: vigário, capelão, Bispo ou quem quer que seja” (Francisco Arguelo — Kiko — Apostilas, Orientações às Equipes de Catequistas para a fase de Conversão, Anotações tiradas das gravações dos encontros realizados por Kiko e Carmem, para orientarem as equipes de catequistas de Madri, em Fevereiro de 1972, Jundiaí – SP- Janeiro de 1987, 8º Dia do Encontro — O Querigma– 2a. parte Querigma nas Escrituras, p. 121)

Repare que ao citar o inimigo a quem se deve perdoar, Kiko enumera somente pessoas do Clero… É sintomático de um espírito sectário que não quer se submeter ao Clero. Para Kiko, os inimigos são primeiramente os membros do Clero.

Numa outra Apostila, Kiko diz:

“Os padres acreditam que as pessoas são religiosíssimas, porque as igrejas estão cheias, passam a vida dando sacramentos… Vá falar ao padre sobre o Caminho Neocatecumenal… Nada, nem o escutam. Há um clericalismo feroz. Os padres são super homens. Uma massa de gente muito cristã. Mas você percebe que alí existe um muro de borracha e que você não sabe se aquilo é cristianismo ou o que seja. Porque logo você vai ver a verdade no fundo, a família está destruída, há bebedeiras , incestos, promiscuidade…Tudo aquilo que sabemos que existe.” (Kiko, Convivência de Catequistas – 1995 p. 70. O negrito é meu).

E veja, meu caro, como fazendo a caricatura de um padre mau, Kiko insinua uma generalização que solapa a própria autoridade eclesiástica:

“Não existe pior caricatura de um padre do que aquele que usa o colete assim, e anda requebrando, elegante, autoritário. Jesus Cristo crucificado, o último; os padres têm que dar exemplo de humildade”( Kiko, Convivência de Catequistas – 1995 p. 72).

Em outras passagens, Kiko demonstra pouco respeito pelo sacerdócio, pois diz:

“Um outro problema terrível que podemos ter, é que o pároco comece a ficar nervoso porque não lhe agradam as catequeses; isto sim é que é um problema, pois os padres têm uma idéia do que seja a catequese e pensam que os catequistas devem ser pouco menos que os professores de teologia e esperam escutar certas coisas.

Segundo problema: o pároco tem já uma idéia da gente que virá, conta com tal pessoa, com tal outra e com os mais firmes da paróquia, e sucede que não vem nenhum destes, mas se vê alí um bando de pobretões e outros senhores que jamais viu na paróquia; assim leva uma grande desilusão e se sente destruído, a coisa já não lhe agrada e não o convence. No fim, vê que as pessoas diminuem e começa a pensar que diminuem porque as catequeses não são bem dadas, que o enganaram, porque ele queria uma equipe mais bem formada e não esta que vem aqui e diz coisas “muito pobres”.

“Não vos deixeis enganar com tudo isso, dizei ao pároco que ele está enganado, QUE PASSE À FÉ; que vós estais ali em nome de Jesus Cristo, que não estais ali em vosso próprio nome e que é Ele quem vos escolheu, nem vós escolhestes a paróquia, e que, se houvesse necessidade de estudos maravilhosos, jamais se evangelizaria”.

(Kiko, Apostilas, idem Introdução, p. VII).

Note você, meu caro, como Kiko quer que os catequistas do Neocatecumenato falem aos padres: eles é que são escolhidos e enviados por Jesus Cristo e pelo Espírito Santo. Os catequistas é que têm uma missão diretamente confiada a eles por Deus.

“Vós exerceis um ministério em nome de toda a Igreja, não deveis pregar só o pedacinho de fé que tendes; pregai em nome da Igreja” (Kiko, Introdução, documento citado, p. I).

O que está dito aí é gravíssimo. Kiko considera seus catequistas como possuidores de um ministério em nome de Cristo. O Neocatecumenato se apresenta então como uma hierarquia paralela àquela que foi estabelecida por Cristo. Isto é cismático e herético, pois constitui uma Igreja paralela à Igreja Católica, dentro da Igreja. É natural que tal posicionamento tenha criado, por toda a parte, atritos com a hierarquia, e causado divisões nas paróquias. É natural então que Kiko veja no vigário, no Bispo, “o inimigo”.

Kiko considera que, na Igreja, devem se distinguir duas forma de autoridade e de magistério: 1 – a carismática, como a dele e do Neocatecumenato, em geral; 2 — a Institucional.

É essa postura doutrinária errada que provoca a formação de uma estrutura paralela nas paróquias e dioceses onde se instala o Caminho neo Catecumenal de Kiko e Carmem.

“Pedro e Paulo. O que salva a Igreja são sempre as duas testemunhas, o carismático e o institucional juntos. O carisma é um dom. Nós [os membros do Neocatecumenato] somos os mais irregulares. Eu sou um pintor e Carmem…(Sic) uns leigos, e estamos aqui armando uma confusão na Igreja…o Papa vem e nos apoia…Mas o que é isto, uma igreja paralela? Um diz que dividimos as paróquias , outros…” (Kiko, Convivência de Catequistas — 1995, p. 70).

É por razão de se crer autorizado por um carisma do Espírito Santo que Kiko se sente com a autoridade — carismática — de dizer a seus sequazes que eles devem “prega em nome da Igreja” e “exercer um ministério” em nome da Igreja, sem ter nenhum a autoridade institucional.

No Neocatecumenato se manifesta de modo agudo a dicotomia da pseudo igreja carismática em oposição à Igreja institucional

Ainda bem que Kiko reconhece que está armando uma confusão na Igreja…

Para Kiko e para o Neocatecumenato, o padre devia representar a “comunidade” e não Cristo:

“Quarta Pergunta: Até que ponto, para você, o Presbítero que o absolve representa a comunidade?”

“As pessoas dizem que nunca tinham pensado nisso. Acreditam que o Presbítero representa Jesus Cristo e a Deus somente. Mas, a comunidade ? … Qual comunidade ? Então explica um pouco, falando da Igreja primitiva” (Kiko, op. cit. p. 143).

Se o Padre não representa a comunidade — esse novo ídolo da teologia de Zundel que, juntamente com a teologia do Padre Bouyer, informa a doutrina do Neocatecumenato – são os catequistas Neocatecumenais que se julgam os verdadeiros representantes da comunidade, com um ministério dado pelo próprio Cristo para guiar o povo para a Nova Terra Santa, liderado por Kiko-Moisés (Cfr. Documento citado, p.155).

Daí, os catequistas serem incitados por Kiko a dirigirem, guiarem, mandarem o que os Padres devem ou não fazer.

Que os padres compreendam isso, e não criem problemas.

Por isso diz Kiko o que é preciso:

“Nisto deveis ter paciência com o pároco e ‘amaciá-lo’ ” (Kiko, Introdução idem p. VIII ).

Dou-lhe alguns exemplos do que Kiko recomenda aos catequistas para fazerem com relação aos sacerdotes.

“Porque os padres poderiam não dar muita importância para vocês. Ao contrário, se vocês instruírem bem o vigário, têm o terreno bem preparado para que ele mesmo explique como terão que ser feitas as coisas e por quê.” (Kiko, Apostilas, cit. 10º Dia, Celebração Penitencial, p. 140).

“Digam aos padres que concretizem a absolvição segundo o Novo Ritual aprovado pela Reforma do sacramento da Penitência (…) Digam também aos padres que não demorem muito, fazendo direção espiritual. (…) “…nada de confissões em confessionários ou num cantinho, porque se perderia o sinal. Convidam-se os presbíteros a se confessarem entre si no começo das confissões” (Idem, p. 150).

O Neocatecumenato pretende governar o Padre:

“O Presidente [o sacerdote] seja breve. Digam-lhe que não faça sermões (…) que os padres não façam discursos às pessoas” (Kiko, Apostila citada, p. 158).

Até no tipo de penitência que o confessor dá ao penitente se intrometem os catequistas do Neocatecumenato:

“É bom, por isso, aconselhar com antecedência os presbíteros para não dar, a não ser em casos especiais, outra penitência além desta” [O Pai Nosso] (Kiko, Apostila cit. p. 158).

Não bastando essa diminuição do munus sacerdotal face aos catequistas, Kiko ainda ridiculiza os padres, pois recomenda:

“Que o Presidente a leia [ a Exortação bíblica tirada de II Cor. V, 1-21] com força, sentindo-a, e não com voz de padre ou com tom de sermão; que a torne realidade.” (Kiko , Apostila citada, p. 158).

Neocatecumenato — Favelas — Pobreza e Caridade

Certamente você me contra-argumentaria com a renúncia às riquezas praticadas por vários — para não dizer muitos — do Neocatecumenato, que passam a viver pobremente entre pobres, até mesmo, ao que consta, em favelas.

Evidentemente, se alguém faz isso com reta intenção, Deus, que conhece o fundo dos corações, o recompensará. Não entro no foro das intenções, onde nem mesmo a Igreja entra: “De internis, nisi Ecclesia”.

Também não entrarei na questão controvertida do uso das riquezas renunciadas em favor do Neocatecumenato, e do que tanto se fala: as diferenças de modo de vida dos dirigentes e da base do movimento. Deus julgue.

Permaneço circunscrito ao terreno doutrinário.

Ora, como já vimos, segundo a doutrina Católica ninguém pode ter verdadeira caridade, sem ter verdadeira Fé. Como o Neocatecumenato nega e destrói a Fé Católica em seus membros, se há algum ato de caridade praticado por eles, ele só pode ser de ordem material, e nunca formal.

Repito que não entro nas intenções e nem na questão de que, evidentemente, em concreto, pessoas do Neocatecumenato que não tenham ainda perdido a Fé possam fazer, realmente, atos de caridade correta.

Considero a questão apenas doutrinariamente.

Creio que lhe é clara a distinção entre atos de benfeitoria puramente humanos — atos de filantropia, sem valor sobrenatural — e atos de Caridade, realizados pelo amor de Deus, e não apenas por amor ao homem, ou por pena natural das miséria de alguém.

Creio que o Neocatecumenato explora a boa vontade de muitos, enganando-os com falsas doutrinas que lhes vai instilando lentamente, e em segredo, par não causar escândalo nem assustar os incautos. Não é à toa que a iniciação neocatecumenal leva 11 anos para se completar…

CONCLUSÃO

Meu caro, você deve ter ficado surpreso com a extensão de minha carta.

Afinal, você não me perguntara tanto.

Mas é que estava eu estudando a Apostila de Kiko, e minha indignação contra suas heresias crescia à medida que as lia, quando recebi sua carta.

Aproveitei para, ao mesmo tempo que elucidava suas dúvidas, esclarecer a muitos sobre uma das Apostilas de Kiko. Tenho quatro delas, e nem pude expor tudo desta primeira que examino. Dela haveria muito que dizer, a respeito da Penitência — da Confissão — e da comunhão.

No assunto confissão, a doutrina é vergonhosamente protestante. Na da Eucaristia ou Comunhão, a doutrina é escandalosamente judaica.

Como o Neocatecumenato consegue manter-se na Igreja, se diz tantas heresias?

Simples: elogiando o Vaticano II, palavra de passe que garante defender qualquer loucura em nome do Concílio .

Resumindo e concluindo, mostrei-lhe:

1) que o Neocatecumenato tem uma noção modernista de Fé;

2) que essa noção herética de Fé destrói a Caridade;

3) que a falta de Caridade do Neocatecumenato se manifesta no desrespeito à Eucaristia, no desprezo e na ridicularização da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, e no desprezo dos sacerdotes.

Esperando tê-lo auxiliado, assim como a muitos outros, enganados que foram por Kiko e Carmem, e recomendando-me às suas orações, me despeço fraternalmente

in Corde Jesu, semper,

Orlando Fedeli