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887- Católicos de Ontem e Hoje (RCC e Protestantismo) 9 de 10

Orlando Fedeli

 Católicos de Ontem e Hoje (RCC e Protestantismo) 9 de 10

 

  • Localização: Rio de Janeiro – RJ

 

RCC, CURAS E PECADOS

Em certo sentido, o pentecostalismo que hoje faz devastações entre os católicos é uma reação irracionalista ao racionalismo marxista da Teologia da Libertação.

Esta última, como materialismo de sacristia, renega o sobrenatural, é cética quanto aos milagres, não crê nos demônios, apesar de crer em Fidel, Stalin e Mao, não acredita nem no céu, nem no inferno,e em seu naturalismo radical, pretende realizar a utopia , o céu na terra, Com arame farpado e paredón.

O pentecostalismo, reagindo contra isso de forma absolutamente errada, cai no erro posto: afirma-se radicalmente irracionalista, vendo em tudo a ação de forças sobrenaturais ou preter naturais. Daí sua crença infantil em falsos milagres e em exorcismos fáceis contra atuações diabólicas mais das vezes imaginárias, Se o pentecostalismo recusa a utopia marxista da Teologia da Libertação, leva o povinho ao erro oposto, ao esperar, com sofreguidão, a realização do milênio, isto é do Reino de Deus sobre a Terra. É o que veremos ser defendida por Padre Jonas Abib, da Canção Nova, esse padre que é um negativo de Frei Boff, sem o conhecimento nem a inteligência do outro.

Teologia da Libertação racionalista e RCC irracional repetem a dicotomia – o verdadeiro dualismo da Gnose protestante — entre um protestantismo pseudo científico, que lê a Bíblia através dos óculos do racionalismo, e um protestantismo t alumbrado, com ares de possesso.

O pentecostalismo, por ser irracionalista, vive de emoções e procura emoções. Por isso, a fé, como virtude intelectual, entre os pentecostais tem pouca ou nenhuma importância. O pentecostal quer ver, e quer sentir. A Fé é a adesão da inteligência a verdades reveladas por Deus, àquilo que não se vê, e que não se sente.

No pentecostalismo, quer seja ele protestante declarado, quer seja protestantismo travestido de catolicismo, geralmente a pessoa busca destacar-se por um pseudo dom espiritual, ou procura uma cura extraordinária, pouco importando o credo que se tenha. Daí, os pentecostais migrarem facilmente de uma seita para outra, ou de uma missa do Padre Marcelo Rossi, onde praticaram a tola “aeróbica do Senhor”, ou um ato supersticioso qualquer, para uma sessão de macumba ou de espiritismo, ou ainda para ma seita de um “pedir mais cedo” ou um “pedir mais tarde” qualquer. O que interessa para essas pessoas é uma cura, venha de onde vier.

Daí as chamadas “Missas de Cura”, tendas milagreiras, falsas sessões de exorcismo, e todas as mais variadas formas de curandeirismo e de charlatanice.

O falso misticismo—que sempre grassa separado da Fé autêntica – leva a práticas supersticiosas e mágicas: bênçãos através do rádio, recitações repetitivas de orações ou de nomes em forma de mantras hindus, abuso de sacramentais, obsessão com ações diabólicas, possessões e exorcismos, anulação do eu absorvido numa comunidade fanática, etc.

Não é, pois, de espantar que se encontrem, em livros ligados à RCC, idéias absurdas a respeito de doenças, curas e pecados, que aproximam a RCC de seitas amalucadas e fanáticas. Nas prateleiras das denominadas livrarias católicas, abundam volumes com títulos sugestivos dessa mentalidade irracionalista: Cura Interior, Libertação do Eu, Auto Libertação, Relaxamento Imediato, Na Trilha da Cura, Auto Controle do Temperamento, etc.

Vejamos algumas provas dessa mentalidade, ao mesmo tempo, naturalista e mágica, retiradas de livros carismáticos.

No Livro que já citamos de S. Falvo, há um capítulo em que lê o seguinte sub título: “As enfermidades não vêm de Deus” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 83).

Depois de dizer algumas verdades sobre as doenças e Deus, como por exemplo, que Deus manda as enfermidades para expiarmos os nossos pecados, ou para nos provar, o autor afirma rotundamente que esse modo de pensar, é errado, esquecendo-se o que dia a própria Escritura, no livro de Jó. E conclui esse autor de modo peremptório e absurdo:

“Elas [as doenças]: são um mal, e nenhum mal pode provir de Deus” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 84).

Pode, sim senhor. Deus pode permitir um mal relativo.

A negação dessa verdade leva a atribuir todos os males relativos do mundo ao demônio o que conduz em linha direta ao dualismo gnóstico.

Daí, conclui erradamente esse autor com um novo sub título absurdo: “As enfermidades provêm do pecado e do demônio”(S. Falvo, op. cit. p. 87).

De onde se concluiria que todo doente é pecador, e que todos os sadios são santos.O que além de uma loucura.

E que esse autor tira exatamente essa conclusão estapafúrdia se pode ver por esta outra afirmação dele: “Se, portanto, o pecado já não está em nós porque Jesus o tomou sobre si, as doenças também já não podem estarem nós, desde que ele as tomou sobre si”(S. Falvo, op. cit., p. 91).

“Jesus tomou as nossas enfermidades e carregou-se com as nossas doenças( Mt. VII, 17) e, portanto, elas já não podem mas residir em nós” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 132).

Para esse autor, católico em estado de garça não pega nem gripe. Em vez de aspirina, se confesse. Em vez de operar o câncer no intestino, se confesse que o câncer some.

Que loucura!

Todo católico batizado, então, e que não peque, tem que gozar de excelente saúde.

Quem fica doente, é sinal de que pecou.

Como esse autor explica, então, que bebês batizados fiquem doentes é um mistério.

Por isso, esse autor chega ao desvario de escrever: “Ora, Cristo já foi glorificado e, portanto, todos os membros [de Cristo] também participam de sua glorificação” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 93). Como corpos glorificados, então, ao podemos ficar doentes.

Mas isso nunca foi catolicismo. Isso é Sei tcho no Yê !

Mas esse autor delirante não se detém em seu delírio, e, para comprová-lo, declara solenemente este despautério: “Não consta que Jesus tenha chamado de bem aventurado algum enfermo” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 98).

Deixe-me, prezado, colocar, em seguida, várias frases absurdas desse pentecostal dito católico: “Pecados e enfermidades são, antes, dois aspectos de um único mal, dois campos de uma só vitória de satanás” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 99).

“Se, portanto, não somos mais escravos do pecado, segue-se que são eliminados também os efeitos deste, sendo que um deles, são as doenças” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 109.).

Portanto, só morre quem pecou. Se não pecou não morre, e nem fica doente. De onde, em vez de gastar tanto em remédios e aparelhos tão caros, em vez de fazer operações tão dolorosas, bastaria que os doentes se confessassem e estariam curados.

Fácil, não?

Fácil, mas falso. Fácil, mas absurdamente estúpido.

Como se permite.que se vendam, como livros católicos, obras como essa ?

Por ai também se vê como se fez mal, após o Vaticano II acabar com o Índice dos Livros Proibidos e com o Santo Ofício ! Para obter a cura das doenças, esse autor recomenda o seguinte método mágico- pentecostal: “ Além disso, enquanto o doente reza, tendo confiança e otimismo em seu coração, ele também deve formar uma imagem em sua mente, de como gostaria de ser, isto é, ver-se livre da enfermidade, e sentir-se feliz por isso. Deve ele imaginar-se curado e tocado pelas aos de Jesus que lhe diz: “ quero, sê curado”. E ainda que a enfermidade persista, é preciso louvar o Senhor e agradecer-lhe a cura alcançada” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 121).

E, confirmando a idéia absurda de que toda doença é causada por um pecado, diz esse autor: “A cura, talvez, não se realize pelo fato de ainda existirem pecados não confessados ou a intenção de continuar no pecado, caso a cura não se concretize” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 130). Portanto, ara esse carismático, todo doente está em pecado. E como todo o mundo morre, então todo o mundo morreria em pecado, e por estar em pecado, e ninguém se salvaria. Essa é a loucura que se deduz desse livro péssimo. Essas são as idéias não católicas que se ensinam na RCC. Isso é o que se edita e se vende nas livrarias ditas católicas.

E enquanto isso, a CNBB faz uma campanha pelas águas, e se preocupa com a economia, com trânsito, desarmamento, e em proteger os “direitos humanos” de bandidos e assassinos.