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A Proximidade da Missa Nova de Paulo VI com a ‘Ceia’ Luterana

Marcelo Fedeli

A PROXIMIDADE DA MISSA NOVA DE PAULO VI COM A ‘CEIA’ LUTERANA

Afirmações de Mons. Annibale G Bugnini, do jornal L’Osservatore Romano e de Jean Guitton, amigo íntimo de Paulo VI.

Sobre o “afastamento” da NOVA Missa de Paulo VI “da teologia católica da Missa”  [cf. cardeais Ottavianni e Bacci] à aprovação final por pastores protestantes em 1969 vejam as seguintes citações:

1 – Mons. Annibale Bugnini, indicado por Paulo VI no dia 5 de maio de 1964 como Secretário da Comissão para elaborar o Novo Ordo, já em  março 1965 manifestava no jornal da Santa Sé, L’OSSERVATORE ROMANO, seu desejo de eliminar [do futuro Rito em elaboração]  cada pedra que pudesse se tornar  ainda que só uma sombra de possibilidade de obstáculo ou de desagrado aos irmãos separados” (L’Osservatore Romano, de 11 de março de 1965; Doc. Cath. Nº 1445, de 4/4/1965, coll. 603-6040).

Pergunta-se: quais seriam as tais “pedras, obstáculos e desagrados” para os “irmãos  separados” , senão as orações e gestos que exprimiam muito claramente na liturgia romana as verdades católicas de sempre, tão repudiadas pelos protestantes, e reafirmadas no Concílio de Trento, como a Presença Real na Eucaristia, o sacerdócio ministeriale o caráter sacrifical e propiciatório da Santa Missa?

2 – L’Osservatore Romano de 13 de maio de 1967 [coincidentemente, na comemoração do 50º aniversário da 1ª aparição de Nossa Senhora em Fátima, e quando lá Paulo VI faz o seu famoso discurso enaltecendo os….“homens”…]:

“A reforma litúrgica realizou um notável passo na direção do campo ecumênico e se aproximou das formas litúrgicas da Igreja Luterana”.

3 – Por sua vez, o filomodernista JEAN GUITTON — amigo íntimo de Paulo VI — e que no  livro L’infinito in fondo al cuore”, escrito juntamente com Francesca Pini, já afirmara que “a Missa de Paulo VI parece ser a tradução de um serviço protestante” (leia mais abaixo-(1)) – no dia 19 de dezembro de 1993, no debate “Lumière 101” da Rádio Courtoise,  declarou:

…a intenção de Paulo VI em relação à liturgia, ou à vulgarização da Missa, era para reformar a liturgia católica para aproximá-la da liturgia protestante… à Ceia protestante. (…) repito que Paulo VI fez tudo o que estava em seu poder para aproximar a Missa católica — apesar do Concílio de Trento — à Ceia protestante.

Ao protesto de um sacerdote presente no debate, Guitton respondeu:

A Missa de Paulo VI se apresenta principalmente como um banquete, não é verdade?… e insiste muito  pouco na noção de sacrifício, de sacrifício ritual (…). Em outras palavras, há em Paulo VI uma intenção ecumênica de eliminar, ou pelo menos de atenuar, o que há nela de muito ‘católico’, no sentido tradicional e de aproximá-la — repito — da Missa calvinista! (UNA VOCE – França – maio/junho de 1994)

“… agora se têm a sensação de que ela seja
a tradução de um serviço protestante”
 (J. Guitton – 1998)

Falando sobre a reforma da liturgia da Missa, imposta a toda a Igreja pelo Papa Paulo VI nos anos 70, Jean Guitton faz, dentre outras, as seguintes afirmações:

1 – Antes do Concílio, a Missa era a Missa. Evidentemente era em latim, não se entendia nada, mas tinha-se a impressão (impressão???) que era a Missa. Porém, agora, têm-se a sensação que ela seja a tradução de um serviço protestante. Do meu ponto de vista, a reforma desejada pelo concílio (Vaticano II) era boa; claro que ela não queria que a Missa, a Eucaristia, fossem sacrificadas, nem principalmente reduzida àquilo que os protestantes fazem durante a sua cerimônia, que chamamos ceia. Por exemplo, quando se decidiu que o sacerdote não a celebrasse mais voltado para o altar, dando suas costas aos fiéis, mas sim voltado a eles, foi executada uma reforma decisiva que realmente perturbou muitos cristãos. Com razão (Com razão ???) quis-se celebrar a liturgia na língua comum — para que os fiéis a compreendessem —, mas sem querer abolir o sagrado. Hoje, praticamente, a Eucaristia não tem mais o caráter sagrado, sério e divino que tinha no passado.(…). (J. Guitton com Francesca PiniL’infinito in fondo al cuore, Ed. Mondadori, Milão, 1998, p. 103. O negrito é nosso).

2 – (…). Frequentemente me pergunto se os sacerdotes que rezam a Missa creem realmente que a hóstia seja o corpo e o sangue de Cristo. Principalmente quando — terminada a função — vemo-los fugir rápido e apressados da igreja, como se tivessem terminado a sua jornada. Então as pessoas se perguntam se os sacerdotes creem realmente. Se eles não creem, portanto, porque razão deveriam eles crer? (Op. cit. p. 104. O negrito é nosso).

3 – Perguntado se a Missa corre, hoje, o risco de se assemelhar a uma liturgia da palavra, responde Guitton:

Os protestantes não têm esta ideia do sacramento, da transubstanciação: eles repetem aquilo que Jesus Cristo fez, mas de modo simbólico. A ceia deles é uma liturgia da palavra, não é um ato que transforma (transforma ou transubstancia ???) o pão e o vinho no corpo e no sangue de Cristo no sentido fundamental do gesto, assim como pensam (?) os católicos. A Igreja católica tem razão de querer tornar a sua liturgia mais acessível e compreensível aos protestantes, mas não pode abandonar a essência do catolicismo: que no pão e no vinho consagrados estão o corpo e o sangue de Cristo no sentido substancial, verdadeiro e profundo. (idem, p.104. O negrito é nosso).

Perguntamos: Jean Guitton, considerado o “maior filósofo católico do século XX”, amigo íntimo de Paulo VI, presente no concílio Vaticano II e único leigo nele a discursar (aliás, fato jamais ocorrido em toda a história dos concílios da Igreja), ao criticar a “Nova Missa” de Paulo VIafirmou uma verdade, ou não?

Na qualidade de simples fiéis e leigos, aguardamos resposta séria, clara e objetiva, principalmente dos teólogos, àquela importante e atual questão.

Marcelo Fedeli
Junho 2003