Orlando Fedeli
A questão da predestinação
O tema da predestinação dos eleitos pode ser encontrado na Suma Teológica de São Tomás de Aquino: I, Q. 23 a. 1, a.2, a. 7, a. 8; I, 2ae, Q.117, a. 5; II 2ae, Q. 174; III, Q. XXIV, a.1, a. 3; entre outras questões e artigos.
Quanto ao texto de São Paulo, a que você se refere, (Romanos VIII, 28-30 e IX, 6-24), digo-lhe o que explica a doutrina Católica.
Deus, desde toda a eternidade, conhece e elege os Santos. Isto não significa que esta eleição anule o livre arbítrio deles. Como não significa também que Deus não concede a graça suficiente para os demais.
Deus quer a salvação de todos, e com ninguém Ele é injusto.
Erram, pois, os que deduzem que Deus predestina alguns ao inferno.
Esta eleição dos bons, sem que haja predestinação ao inferno, é um mistério de que conhecemos apenas os limites intransponíveis: 1) Deus elege apenas os bons sem anular a sua liberdade psicológica e moral; 2) Ele dá a graça suficiente para todos, de modo que quem se perde, só se perde por culpa própria, e nunca por injustiça de Deus.
Supor que Deus possa ter criado alguns para serem condenados ao inferno é uma blasfêmia contra a bondade e a justiça de Deus Nosso Senhor.
O mais permanece, para nós, mistério.
“E quem és tu, ó homem, para replicares a Deus? Porventura o vaso de barro diz a quem o faz: por que me fizeste assim?” (Rom. IX, 20).
Recomendo-lhe que, invés de se preocupar com tais mistérios de eleição, você estude a misericórdia de Deus, e principalmente que procure ter confiança em Deus, pela devoção maior a Nossa Senhora. Leia os livros de São Luís de Montfort e os de Santo Afonso de Ligório, sobre a oração como meio de salvação. Esses livros lhe farão bem.
Permaneça, pois, confiante na misericórdia de Deus, que é infinitamente bom e misericordioso, e que é “amigo dos homens”, como se reza na Missa de São João Crisóstomo.
In Corde Jesu, semper, Orlando Fedeli