Data: 17-Fev-2019
De: Anônimo
Cidade: –
Assunto: Bernardo Küster e Olavo de Carvalho
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Salve Maria !
Caríssimos amigos da Flos Carmeli, muito decepcionado fiquei com o vídeo-aula postado no seu canal no YouTube. Sou inscrito e aprecio os estudos por vocês realizados, porém o vídeo de Bernardo Kuster e Olavo de Carvalho carece de consistência na argumentação e passa por ser uma ridícula explanação de frase e pensamentos retiradas do contexto, alegando que o contexto do qual fora retirados obedecem a mesma linha de raciocínio.
Senti vergonha por este vídeo de natureza tão fraca que parece fofoca de esquina de velhas invejosas.
De fato, Olavo tem muitas problemas com seu passado, o que pra mim revela um caráter tal como muitos Santos obtiveram após um profundo buscar da verdade que leva a conversão. Evidente que compará-lo a Santo Agostinho seria hiperbolizar-lo imensamente, mas a crítica, por vocês feita, aparenta como se criticássemos santo Agostinho por ter sido maniqueísta e tão imoral antes de sua conversão.
Caríssimos irmãos, é inadmissível que professores da autoridade e capacidade de vocês consigam divagar sobre questões tão inócuas porque carecem de explicação do acusado.
Ao professor Fernando, não pude fazer questionamentos sobre várias partes, em que ele alega que Olavo teria sido anátema a muitas encíclicas papais, porque desativaram os comentários. É triste ver que o professor Fernando subestima a capacidade dos espectadores do vídeo quando alegou que Olavo disse que Deus pode ser concebido como objeto… Olavo não disse isso, disse o oposto e completou dizendo que Deus é sujeito não objeto, o que é porque Deus é o verbo que tudo faz e cria. Nesta parte o professor Fernando até parece perceber que sua alegação tão fraca quanto falsa.
Caríssimos irmãos e amigos de fé, o sujeito ao qual vocês se opõe está vivo, neste caso vocês poderiam promover um debate que esclareceria muitos pontos, inclusive sobre Rene Guinon, a tanto falado desde a Montfort. Um evento deste poderia ter apenas duas conclusões: 1- embasar suas suspeitas sobre o gnosticismo pregado por Olavo de Carvalho e deste modo prestar um grande serviço tanto aos alunos de Olavo e, quem sabe, até a ele mesmo; 2- A Flos Carmeli se retratarem por injusta conclusão sobre fatos ocorridos pela distorção feitas por pesquisas infundadas na realidade presente.
De toda a sorte meus irmãos, não consentimento ao direito de se defender de acusações da natureza exposta no vídeo revela uma falta de corajem do opositor.
Antes de qualquer desejo, devemos sempre buscar a Verdade, que é Cristo e portanto é ama-Lo. Desejo que vocês sempre busquem a Verdade, sem que o demônio os atrapalhem pela sua tramas invejosas ou de outra natureza carnal.
Fiquem com Deus e com Maria sempre!
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Resposta
Prezado “anônimo”
Salve Maria!
Pensei que iríamos receber contra-argumentações. Sua carta apenas repete o chavão olavético “tiraram do contexto”. Você nos acusa de tirarmos as afirmações de Olavo do contexto, mas também não se esforça nem um pouco para mostrar em que contexto elas seriam corretas. Pelo contrário: como mostraremos abaixo, você apresenta uma enorme dificuldade ao interpretar nossa exposição, chegando a nos imputar exatamente o contrário do que afirmamos, o que torna sua carta extremamente constrangedora.
Além disso, você está tão “seguro” de sua contra-argumentação, que não é capaz de se identificar.
Note que sua alegação é totalmente vazia e pode ser aplicada indefinidamente como desculpa para desconversar e somente desconversar. É um recurso olavético de refutação infinita: ninguém entendeu Olavo, todos que o criticam estão sempre numa “camada” inferior, incapazes de compreendê-lo. E isso é o próprio Olavo que sempre afirma, de modo a fazer com que seus alunos sempre se sintam inferiores a ele e incapazes de compreendê-lo, induzindo-os a um estado de passividade e subserviência (que deve, como ele mesmo afirma, ser devotada a sua figura por pelo menos 20 anos). Infringir essa passividade acarreta imediatamente em Olavo desqualificar e debochar publicamente do “infrator”. Conheço diversos casos. Assim, muitos de seus alunos morrem de medo de investigar contradições a seu respeito, pois temem serem humilhados publicamente pelo guru, e acreditam também sempre a priori que, caso algum erro seja encontrado nas afirmações de Olavo, são eles que estão errados e não o guru, pois os discípulos estão sempre em estágio muito inferior ao do mestre. E é assim que Olavo acaba criando certo “culto” à sua personalidade.
Assim, qualquer contradição entre o que Olavo afirma e o que a Igreja afirma sempre será considerada a priori ilusória e passiva de harmonização. Será sempre um equívoco de leitura, uma interpretação distorcida. A harmonização (entenda-se: cauterização de consciência) entre o erro de Olavo e o Catolicismo se dá justamente pela chave interpretativa fornecida por Olavo, obviamente. A vulnerabilidade psicológica e intelectual produzida pelo acatamento servil ao discurso de que só é possível compreender Olavo após 20 ou 30 anos de convívio (como veremos abaixo) acaba tornando a pessoa dócil a aceitação de qualquer incoerência e contradição, sempre encontrando e aceitando argumentos forçados, sofismas para justificar o injustificável – e sempre com muito medo e insegurança em contestar o mestre quando esse se mostra errado. O efeito psicológico disso é muito parecido com o efeito de líderes de seitas sobre seus discípulos (guardada as devidas proporções). Qualquer imputação de erros ao que ensina Olavo é por ele considerado a priori decorrente de uma incapacidade de interpretação, juízo temerário, difamação e até calúnia. Ele pode até achar o contrário, mas na prática age exatamente assim.
Uma prova de que Olavo tenha criado certo culto ao redor de si encontramos por exemplo na aula do COF de número 82. Essa aula tem como fim desqualificar todos os seus ex-alunos que apresentam críticas ou reservas em relação a Olavo, de modo a prevenir todos seus alunos do contato com eles. Para embasar isso, Olavo usa de um argumento extremamente exagerado e escancaradamente soberbo e vaidoso: diz que é preciso no mínimo de 20 a 30 anos de convívio com um filósofo como ele para poder assimilar sua filosofia (entenda bem: trata-se de convívio e não meramente de leitura e estudo, uma vez que só isso seria insuficiente conforme Olavo). Assim, segundo Olavo, qualquer pessoa que não tenha convivido com ele por por cerca de 20 a 30 anos (tal como Aristóteles com Platão – sim, ele faz essa comparação!), seria incapaz de ter assimilado sua “filosofia” e portanto estaria necessariamente incapacitado a lhe fazer qualquer crítica ou correção.
Alguém que não consiga ver o grande exagero nisso, lamentamos muito, mas só pode estar fanatizado. Trata-se de um artifício mequetrefe de retórica, mediante o qual Olavo busca desqualificar de antemão todos seus críticos (a não ser que tenham convivido com ele por 20 a 30 anos!), de modo que todos seus alunos passam então a se verem como sempre abaixo do mestre, sempre ainda incapazes de compreendê-lo. Mais do que isso: trata-se de uma formação de verdadeiro culto a sua personalidade, a qual é atribuída uma importância muito, mas muito maior do que realmente tem. Assim, tudo o que Olavo ensina deve ser aceito de antemão e jamais criticado, uma vez que ninguém está ainda à altura de compreendê-lo a ponto de criticá-lo (com exceção da sua devotíssima aluna Luciane Amato, como ele mesmo afirma). Só uma pessoa já fanatizada por ele e/ou muito vulnerável intelectualmente e psicologicamente não reconhece que essa argumentação é brutalmente exagerada e que ela é um artifício de manipulação psicológica cujo efeito é fazer com que todos seus alunos sempre se sintam inseguros em julgar as afirmações do guru – ao mesmo tempo em que desqualifica e assassina a reputação de qualquer de seus “ex-alunos”, deixando um recado bem claro ao que pode acontecer com os atuais alunos que ousem criticá-lo antes de um convívio de 20 a 30 anos.
Você atribui ao Olavo apenas erros em seu “passado”, dando a entender que no presente ele seria isento de erros. Você nos escreve:
De fato, Olavo tem muitas problemas com seu passado, o que pra mim revela um caráter tal como muitos Santos obtiveram após um profundo buscar da verdade que leva a conversão. Evidente que compará-lo a Santo Agostinho seria hiperbolizar-lo imensamente, mas a crítica, por vocês feita, aparenta como se criticássemos santo Agostinho por ter sido maniqueísta e tão imoral antes de sua conversão.
Hiperbolizar imensamente é o que Olavo faz consigo mesmo, ao vender a ideia de que nenhum aluno sem pelo menos 20 (a 30) anos de convívio com ele está apto a criticá-lo. Parece-me que não é preciso muito esforço para compreender isso. Que Olavo exagera a própria importância, é mais do que evidente. Que ele assim exige um reconhecimento muito maior do que merece, é manifesto. É um fulano totalmente soberbo e arrogante.
As críticas que fazemos a Olavo se referem a convicções atuais dele. A não ser que atual para você seja somente “agora”, e que “agora” ele tenha mudado completamente, e tudo aquilo que Olavo tenha falado e escrito antes de “agora” não lhe possa ser imputado (o que ele disse 20 segundos atrás nunca poderia valer).
Além disso, você afirma que Olavo se converteu. Me diga então a data ou época de sua conversão, para que possamos traçar uma linha entre “antes” e “depois” e assim separarmos a fase “herética” ou “apóstata” da “católica”. Se você nos acusa de criticarmos injustamente as convicções dele antes da conversão, você deve obviamente saber essa data ou ao menos a época em que ele se converteu.
Aliás, diga você mesmo ao Olavo que houve uma época em que ele não foi católico. Pois o próprio Olavo afirma que jamais deixou de ser católico, inclusive quando era membro da tariqa de Schuon, quando tinha entrado no Islã (ou seja, ato de apostasia) e adotado o nome de Muhammad Ibrahim. Olavo chegou a frequentar a mesquita da Av. do Estado, em São Paulo, sendo até testemunha do casamento islâmico de sua filha Heloísa, nos anos 80 (e para ser testemunha em uma cerimônia de casamento islâmico é preciso ser muçulmano).
O documento com a assinatura de Olavo é apresentado por sua filha primogênita, Heloísa, em Hangout “Olavo: assuntos proibidos 2”. Entrevista com Heloísa de Carvalho Martins Arribas, 5 jul. 2018: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Q5nvJO-h_kw>. É verdade que sua filha Heloísa tem feito diversas acusações bem pesadas contra Olavo. No entanto, não pretendemos comentá-las, porque muitas das afirmações de Heloísa – de cunho extremamente pessoal, referentes a acontecimentos vividos em ambiente doméstico – necessitam ainda ser devidamente confirmadas. De qualquer modo, não é isso que nos interessa. A finalidade desse estudo não é um ataque pessoal a Olavo de Carvalho, mas somente mostrar que suas ideias se encontram em contradição com a doutrina católica. Esse documento dela deixa bem claro que Olavo – ao contrário do que afirma – foi muçulmano.
Pergunte a Olavo quando ele se converteu ao catolicismo. Ele mesmo diz que nunca deixou de ser católico:
Parece-me que você anda bem desinformado. Novamente: os erros por nós apontados são convicções atuais de Olavo. Os erros apontados por nós em nossa palestra, aliás, foram somente alguns poucos. Além deles há muitos e muitos outros. Vamos expor mais alguns deles abaixo.
Mas antes disso, vamos esclarecer um ponto contraditório da sua carta. Você nos escreve:
Ao professor Fernando, não pude fazer questionamentos sobre várias partes, em que ele alega que Olavo teria sido anátema a muitas encíclicas papais, porque desativaram os comentários.
É difícil compreender essa sua afirmação. Você diz que não pode fazer questionamentos, mas justamente nos escreve essa carta fazendo… questionamentos! Pobrezinho! Impedimos você de comentar em nosso canal no Youtube! Que absurdo! Que anti-democrático! Que exclusão! Ora, alguma vez proibimos alguém de nos escrever? Na descrição do vídeo SEMPRE está lá disponível justamente o email de nosso site, para que pessoas nos escrevam civilizadamente. Email aliás que você mesmo usou! Por que você está se fazendo de vítima? Você está justamente nos fazendo questionamentos agora (bem rasos, diga-se de passagem). Abrir a caixa de comentários infelizmente é dar voz à pessoas desqualificadas que estão interessadas somente em xingar e cuja opinião ou questionamento não valem a pena serem respondidos. Por essa razão preferimos responder emails. De preferência, respondemos emails de pessoas que se identificam, pois são maduras o suficiente para terem responsabilidade sobre o que escrevem (sobretudo quando nos insultam e não tem medo de arcarem com as consequências). No entanto, se outras cartas forem de interesse, respondemos também a pessoas como você, como pode constatar. Então, não compreendo como você se sente vitimizado por não poder comentar numa caixa de comentários.
E eis então a “grande pérola” de sua carta:
É triste ver que o professor Fernando subestima a capacidade dos espectadores do vídeo quando alegou que Olavo disse que Deus pode ser concebido como objeto… Olavo não disse isso, disse o oposto e completou dizendo que Deus é sujeito não objeto, o que é porque Deus é o verbo que tudo faz e cria. Nesta parte o professor Fernando até parece perceber que sua alegação tão fraca quanto falsa.
Essa é de doer. Mas é de doer mesmo. Aqui você revela toda sua inépcia. Realmente constrangedor.
Você escreve que nós alegamos que Olavo teria afirmado que “Deus pode ser concebido como objeto”. Ora, foi exatamente o contrário! Mostramos claramente com citações que Olavo nega que Deus possa ser conhecido como objeto! Volte lá na aula e veja! O erro de Olavo é justamente ter afirmado que Deus não pode ser conhecido como objeto: tese condenada com excomunhão latae sententiae por São Pio X, como mostramos. Você demonstra assim uma grande dificuldade de compreensão. Vai ver você ficou muito emocionado ao ver alguém tão “querido” por você criticado, o que provavelmente deve ter obnubilado sua razão e te deixado muito confuso, a ponto de compreender exatamente o contrário do que afirmamos. Você assim falsifica nossas palavras. Mas que vexame, hein? Dissemos claramente uma coisa e você nos imputa exatamente o contrário! Acho que depois dessa você deve estar “corajosamente” aliviado de não ter se identificado! Além disso, não precisamos subestimar a capacidade de ninguém, pois, como é evidente, a incapacidade de compreensão de pessoas como você se revela por si mesma, sem precisarmos em qualquer momento subestimá-lo. Você sequer entendeu as passagens da Pascendi por nós citadas em que São Pio X condena a mesma tese defendida por Olavo e que condenam quem afirma que Deus não pode ser conhecido como objeto:
Começando pelo filósofo, cumpre saber que todo o fundamento da filosofia religiosa dos modernistas assenta sobre a doutrina, que chamamos agnosticismo. Por força desta doutrina, a razão humana fica inteiramente reduzida à consideração dos fenômenos, isto é, só das coisas perceptíveis e pelo modo como são perceptíveis; nem tem ela direito nem aptidão para transpor estes limites. E daí segue que não é dado à razão elevar-se a Deus, nem conceder-lhe a existência, nem mesmo por intermédio dos seres visíveis. Segue-se, portanto, que Deus não pode ser de maneira alguma objeto direto da ciência; e também com relação à história, não pode servir de assunto histórico. Postas estas premissas, todos percebem com clareza qual não deve ser a sorte da teologia natural, dos motivos de credibilidade, da revelação externa. Tudo isto os modernistas rejeitam e atribuem ao intelectualismo, que chamam ridículo sistema, morto já há muito tempo. Nem os abala ter a Igreja condenado formalmente erros tão monstruosos [as marcações são nossas] (Papa São Pio X – Encíclica Pascendi Dominici Gregis).
Você nos acusa de nos valermos de alegação fraca e falsa mas não dá argumentos que demonstram sua acusação. Pelo contrário: você não consegue nem compreender o que afirmamos, mostrando ter compreendido exatamente o contrário do que claramente foi exposto. Quem se vale de argumentação fraca e falsa é exatamente você, que afirma que “acusamos” Olavo de ter afirmado que Deus pode ser conhecido como objeto, quando o acusamos – com citações dele, claríssimas – de negar esse conhecimento. Como você pode cometer um erro tão grave quanto esse? É você, dessa maneira, quem falsifica nossas afirmações.
Nós é que devemos nos sentir extremamente constrangidos por você, depois disso. Se é que você vai conseguir compreender o erro grave de interpretação que cometeu.
Poderíamos encerrar nossa carta somente expondo esse seu erro. Mas, justamente por não subestimarmos a você (mesmo depois desse seu erro grosseiro e vexaminoso de interpretação), vamos, por caridade, continuar tentando te explicar. Quem sabe, se não fizer bem a você, pode fazer a alguma outra alma.
Você também não comentou como é possível Olavo afirmar que Cristo não ensinou doutrina, de que não havia corpo de doutrina e ao mesmo tempo isso não incorrer na condenação do decreto Lamentabili (e complementado com excomunhão latae sententiae pelo Motu Proprio Praestantia Scripturae) conforme o qual dizer que Cristo não ensinou um corpo de doutrina é heresia? Você não comentou como o conceito de fé de Olavo – que condena a palavra crer e afirma ser a fé um ato de confiança – pode estar congruente com as definições de fé do magistério da Igreja. Não comentou as afirmações do Padre Leonel Franca contra o conceito de fé como ato de confiança que se encaixam perfeitamente nas convicções heréticas de Olavo. Para alguém que alega ter sido impedido de fazer questionamentos e ao mesmo tempo nos escreve um email questionando-nos, parece que você não está querendo aproveitar muito essa oportunidade.
Para embasar a tese de que Deus é sujeito no homem, você diz que Olavo afirmou que o Verbo é sujeito no homem por ser criador. Ora, isso é falso. O fato de Deus ter criado tudo por meio do seu Verbo e ser a Ele consubstancial não torna o Verbo de Deus sujeito no homem, isto é, consubstancial ao homem. Caso você não saiba, afirmar que Deus é sujeito no homem é afirmar alguma forma de identidade ou um “Eu divino” no homem (ainda que dialeticamente, como se a distinção entre o homem e Deus fosse somente a de uma ilha encoberta pela água do mar, mas que por baixo d’água se revela um só bloco ou continente com todas outras ilhas “individuais”): tese gnóstica.
Esse erro é reafirmado por Olavo em seu péssimo e delirante curso online sobre Esoterismo (de 2016), em que ele afirma não existir um “eu individual” natural no homem, mas somente o “Eu divino”. Trata-se de uma concepção inequivocamente gnóstica. Ele afirma que os sacramentos católicos são iniciáticos, e que eles conferem ao homem a deificação, compreendendo por deificação a transfiguração na identidade divina.
Você parece também desconhecer o modo imundo como Olavo de Carvalho se refere à autoridades eclesiásticas como Dom Odilo Cardeal Scherer. Olavo, para demonstrar todo o seu vigor anti-comunista, aparece num vídeo proferindo diversos insultos pesados, cheios de palavrões, contra o Cardeal. Nele, Olavo de Carvalho afirma que D. Odilo estaria excomungado pelo seu apoio ao comunismo e que, por isso, não seria mais cardeal, bispo, padre e nem católico. Mais ainda, afirma que a vida do Cardeal seria uma farsa e sua batina uma fantasia para baile de carnaval de pessoas que cometem pecados contra a natureza.
O referido vídeo foi um hangout do portal youtube datado do dia 21 de abril de 2015, e que infelizmente somos obrigados a referenciar aqui, por receio de perdermos a credibilidade ao não citarmos a fonte, apesar dos palavrões e insultos escandalosos ao cardeal, alertando, porém, que não recomendamos a sua visualização (o trecho isolado em questão: https://www.youtube.com/watch?v=KsQ4jS924Dw ).
Não é a primeira vez, aliás, que Olavo de Carvalho – passando-se por teólogo e canonista – ataca o clero de modo desequilibrado e com muitos erros doutrinários. Em outras ocasiões, chegou a afirmar que os sacramentos de padres excomungados seriam inválidos e que eles até deixariam de ser padres, o que não é verdade. Essas afirmações fazem com que Olavo incorra num erro semelhante ao da heresia donatista.
Para mostrar todo o seu direitismo, Olavo de Carvalho passou a afirmar ainda que Bento XVI é ainda o Papa, e não Francisco, incorrendo, assim, inevitavelmente em cisma. Suas afirmações são explícitas e não deixam dúvida alguma de suas convicções cismáticas:
https://www.facebook.com/carvalho.olavo/posts/599146823570729
Pesquisando mais um pouco descobrimos que essa convicção não surgiu recentemente. As citações abaixo são de setembro de 2015:
https://twitter.com/odecarvalho/status/646099984115466240
Além de ser defensor de doutrinas gnósticas – como já mostrado em artigo anterior – e herege, agora Olavo é cismático.
Vale aqui lembrar a definição de cisma dada pela Igreja:“[…] cisma é a recusa da sujeição ao Sumo Pontífice ou da comunhão com os membros da Igreja que lhe estão sujeitos”.
Olavo chega mesmo a dizer que o Papa deve ser expulso de seu trono a pontapés:https://twitter.com/odecarvalho/status/808627126828154880
É mais do que evidente que Olavo não deve servir de referência para os católicos. É uma pena que, mesmo depois disso, Pe. Paulo Ricardo – seu aluno e divulgador – não tenha o admoestado publicamente, orientado seus fiéis para se afastarem dele e cortado relações com ele.
Como diz São Jerônimo, a heresia conduz ao cisma, e vice-versa.
De nada adianta Olavo ter depois amenizado suas afirmações a respeito do Papa Francisco afirmando apenas que “não dá para saber se ele é Papa”, uma vez que tal convicção continua cismática, pois tira toda a força da afirmação de que Francisco é o Papa.
Como disse um padre amigo, não são necessários os comunistas para combater a Igreja quando existem pessoas como Olavo de Carvalho e seus seguidores. Eles já fazem o serviço bem melhor.
E, veja só quanta contradição:
Olavo afirma isso ao mesmo tempo em que não só se declara favorável à maçonaria como a promove, tendo chegado a fazer um hangout com o grupo Avança Maçons Brasil como mostramos em: http://165.227.105.11/bolsonaro-a-direita-e-as-eleicoes-parte-ii-a-quem-serve-jair-bolsonaro/. E nisso ele incorre em diversas outras condenações do magistério da Igreja, justamente por promover uma associação que trama contra a Igreja, como mostramos nesse artigo mencionado.
É de pasmar também a contradição, ela, sim, “explícita, indisfarçável e escandalosa” dessas afirmações de Olavo. Pois o próprio Olavo de Carvalho defende – explícita, indisfarçável e escandalosamente – assim como ele acusa o Papa Francisco e o Cardeal Dom Odilo Scherer de o fazerem, diversas teses condenadas com excomunhão latae saetentiae por São Pio X no decreto Lamentabili, na Encíclica Pascendi Dominici Gregis e no Motu Proprio Praestantia Scriptura (http://www.montfort.org.br/bra/veritas/religiao/modernismo_olavoc/).
Obviamente que é permitido aos católicos expressarem reservas às autoridades legítimas da Igreja quando essas não se mostram alinhadas com a doutrina católica. No entanto, isso deve ser feito respeitosamente, com fundamento e sem escandalizar o próximo, coisa que passa longe daquilo que Olavo fez. Aliás, você me exige uma benevolência com Olavo (um mero leigo) que ele mesmo não teve nem com um cardeal da Igreja, nem muito menos com o Papa – pessoas a quem devemos obviamente muito mais respeito do que a um mero leigo.
Você ainda nos diz:
2- A Flos Carmeli se retratarem por injusta conclusão sobre fatos ocorridos pela distorção feitas por pesquisas infundadas na realidade presente.
Você afirma gratuitamente que cometemos distorções, que fizemos pesquisas infundadas, e que devemos nos retratar. Você diz tudo isso novamente sem se esforçar em provar que realmente incorremos em tudo isso. Mas foi justamente você quem fez uma enorme e vexaminosa distorção ao afirmar que nós “acusamos” Olavo de defender que Deus pode ser conhecido como objeto, quando claramente acusamos ele de não fazer isso. Como se nós defendessemos que Deus só pode ser conhecido como sujeito! Me parece claro que é você quem nos deve uma retratação. Quem sabe uma retratação corajosa e não anônima. Mas, creio que isso será bem difícil depois do vexame exposto a respeito de sua “dificuldade” de apreensão ser tão grande a ponto de compreender exatamente o contrário do que afirmamos. Mas, de qualquer forma, retrate-se pelo menos diante de Deus, reconhecendo seus erros.
Você irá exigir do Olavo que ele se retrate de suas heresias? Você exigirá que ele se retrate do modo brutal, estúpido, imoralíssimo, escandaloso e herético como se dirigiu a Dom Odilo? Você exigirá que ele se retrate do que ele afirmou escandalosamente – e incorrendo em cisma – a respeito do Papa Francisco? Tudo isso são pecados muito graves.
Além disso, mais uma contradição “anônima” e corajosa da sua parte:
De toda a sorte meus irmãos, não consentimento ao direito de se defender de acusações da natureza exposta no vídeo revela uma falta de corajem [sic] do opositor.
Tanto Olavo quanto Küster possuem a disposição deles seus próprios canais no Youtube, ambos atualmente com mais de 600 mil inscritos e com centenas de milhares de visualizações. Nós possuímos apenas um canal atualmente com cerca de 7500 inscritos e com muito menos visualizações do que os canais deles. Acho que eles estão em condições suficientes de se defenderem publicamente, não acha? Não entendo de onde você tira a ideia de que nós teríamos como negar o direito de eles se defenderem, uma vez que eles atingem um público muito mais vasto do que o nosso. Aliás, para nós isso não é nenhum problema, pois não estamos aqui em busca de visualizações, mas somente para defender a Igreja Católica e a Verdade por ela ensinada, ainda que sejamos xingados e atacados sem fundamentação sólida (como você faz conosco – e de um jeito bem constrangedor). É sempre uma enorme honra e prazer despertar antipatias por defendermos verdades incômodas, sobretudo quando essas verdades são aquelas ensinadas por Cristo através de sua Igreja. É tanto mais honroso quando a resposta que temos é de nível tão baixo e raivoso quanto a seu: você escreveu tentando nos expor a um vexame, mas o vexame foi todo seu. Isso por si só já nos traz alegria suficiente. Mas, nos desperta também uma enorme pena, pela sua cegueira em se recusar a reconhecer erros tão graves e por ser tão confuso e obtuso a ponto de compreender o contrário do que afirmamos – e sobretudo por fazer tudo isso em tom de indignação, de modo arrogante, como alguém que estaria nos expondo ao vexame!
Ao contrário do que você pensa, muitas pessoas que nos acompanham acabam reconhecendo essas verdades “incômodas” sobre Olavo et caterva de modo bem corajoso e nada anônimo. Verdades que não foram inventadas por nós, mas, como sempre mostramos, estão presentes no magistério da Igreja. Obviamente que visamos com nosso canal fazer o bem ao próximo. No entanto, se somente poucos aproveitarem e uma grande maioria ficar contra nós, tanto faz. Pelo menos cumprimos nosso dever de consciência e alguma semente foi jogada para que mais pessoas tirem as escamas de seus olhos.
Aliás, você ainda diz algo sobre “falta de corajem [sic] do opositor”. Estranho. Nós não fizemos nenhuma acusação “anônima”. Gravamos em vídeo, publicamos e nos identificamos. Nossa palestra não foi feita por meio de um email anônimo enviado ao site de Olavo e de Küster. Que contradição a sua, hein? Realmente você parece ter uma grande dificuldade. Falta lógica em praticamente tudo o que você escreve. E alguns pensam que Olavo ensina as pessoas a pensarem com rigor!
Será que o corajoso anônimo inventará uma desculpa “católica” para os xingamentos de Olavo ao Cardeal Scherer? Será que o corajoso anônimo inventará uma desculpa para as afirmações cismáticas de Olavo quanto ao Papa Francisco? Será que o corajoso anônimo reconhecerá sua “dificuldade” quanto à interpretação de argumentos e textos?
Não é estranho você defender de modo tão apaixonado e cego alguém que conhece tão pouco?
Recomendamos que você, após reconhecer seus erros, se recolha por alguns anos, compre e estude de modo bem devagar e meditado (para não incorrer nos erros de interpretação e de lógica mostrados em sua carta) o Catecismo Maior de São Pio X e o Catecismo Romano, bem como obras básicas de espiritualidade (como por exemplo Filotéia de São Francisco de Sales e os livros A Oração, Glórias de Maria, Prática do Amor a Jesus Cristo de Santo Afonso Maria de Ligório, A arte de aproveitar nossas próprias faltas de Joseph Tissot, etc.) e reze bastante para deixar de ser tão orgulhoso e arrogante. Talvez antes disso, para superar sua grande dificuldade de interpretação de texto você deva ler livros até mais simples do que esses.
Infelizmente a sua carta parece ser mais movida por um apego sentimental à figura de Olavo e sua corte de bajuladores (que muito provavelmente te garantem uma segurança psicológica e aprovação de grupo de referência) do que ao magistério da Igreja. O erro de compreensão por você cometido deixa isso bem claro. Parece que você ficou bem contrariado com nossa argumentação e, ao invés de embasar suas convicções na doutrina católica, preferiu reagir sem refletir, nos escrevendo por impulso irracional, apenas por “indignação” emocional despertada pela exposição de verdades incômodas à sua consciência. E, veja só o resultado: um enorme vexame da sua parte! Mas de todo mal, dá para tirar um bem: você pode agora reconhecer seus erros, os erros de Olavo e tentar ser mais humilde. Lamentamos muito essa sua reação, de modo que intencionamos por meio dessa carta movê-lo um pouco mais conforme a razão, por meio de argumentos sólidos e citações e não do modo sentimental como você os escreveu. Se você realmente se afirma católico e deseja a Verdade ainda que essa o contrarie, deveria deixar de se guiar por personalidades que criam certo culto ao seu redor se fazendo de intelectualmente inatingíveis, e passar a deixar-se ser conduzido pelo que ensina Nosso Senhor Jesus Cristo através do magistério de sua única Igreja.
Não tenha medo de aceitar a verdade, ainda que isso faça você se sentir constrangido inicialmente por ter cometido erros tão grosseiros, ainda que custe a perda de amigos (isso só provaria que não eram verdadeiros amigos), ainda que isso custe se indispor com diversas pessoas, ainda que isso custe você admitir que precisa de mais formação religiosa e filosófica (coisa que Olavo não pode te dar), ainda que isso custe reconhecer que você precisa revisar boa parte de suas convicções de modo a alinhá-las com a Verdade ensinada pela Igreja, ainda que isso pareça dar um trabalho enorme!
Coragem! Tenha certeza de que será muito recompensador, e, caso tome essa decisão corajosa, pode contar conosco do site Flos Carmeli desde já como amigos no que precisar para auxiliá-lo! Tenha coragem! Não é tão difícil quanto parece!
E então nos escreva! Quem sabe da próxima vez de modo mais corajoso, tanto na identificação quanto no reconhecimento do seu erro em defender as convicções heréticas de Olavo e do erro de ter interpretado o que afirmamos de modo totalmente invertido.
Se não quiser nos escrever e se identificar, não tem problema. Considere-se já perdoado de nossa parte por nos ter acusado falsamente. Sabemos que não foi por malícia, mas por pura imaturidade e sentimentalismo. Você deve ser bem jovem, e jovens fazem muitas bobagens na vida mesmo (e também costumam morrer de medo do escárnio público). Sabemos que seria um enorme vexame você se identificar agora e compreendemos que talvez não esteja disposto a fazê-lo. Não tem problema. Pelo menos, privadamente seja sincero consigo mesmo e reconheça seu erro, sua dificuldade em interpretar argumentos e textos e procure estudar mais a doutrina católica e se afastar de uma vez por toda de Olavo de Carvalho. Pois, evidentemente, ele não está nem conseguindo te ensinar a interpretar coerentemente um simples discurso de uma palestra como a nossa. Você tem muito trabalho pela frente. Deus o ajude!
Salve Maria!
Fernando Schlithler
Doce Coração de Maria, sede a nossa salvação.