André Melo
DA COMUNHÃO DIÁRIA
Em uma de suas famosas e tão edificantes meditações, Santo Afonso de Ligório diz que Jesus deseja unir-se conosco na santa Comunhão[1].
Explica o santo que o mesmo desejo, a mesma chama, que ardia no Sagrado Coração quando instituiu a sagrada eucaristia – Desiderio desideravi hoc pascha manducare vobiscum[2] – arde ainda hoje. Diariamente Jesus renova a todos nós o convite feito aos apóstolos: “Tomai e comei: isto é o meu corpo” (Mt 26,26). E para melhor nos atrair, e fazer com que seu divino convite seja aceito por amor, Ele nos promete o paraíso: “O que come a minha carne e bebe o meu sangue, tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6,54).
Do contrário, ameaça-nos com a morte eterna: “Em verdade, em verdade, vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós” (Jo 6,53).
É preciso, pois, comungar. E comungar com frequência. Comungar diariamente.
Somente estando próximo ao fogo, à fornalha ardente de caridade, que poderemos nos aquecer.
Não convém perder uma só ocasião, não se deve desperdiçar a oportunidade de receber a Jesus sacramentado.
A essa altura, o caro leitor deve estar se perguntando como atender ao apelo de Nosso Senhor na situação atual, na qual a Missa de Sempre é tão perseguida e, por isso, tão rara. Como poderiam fazer aqueles que desejam tão somente receber Nosso Senhor, louvá-Lo e adorá-Lo da maneira como a Igreja sempre fez durante séculos?
A crise atual exige-nos confiança, perseverança e fé. É preciso manter a esperança para não ceder à tentação de soluções aparentes. A história da Igreja é, assim como foi a vida de seu fundador, uma sucessão de crises e perseguições. Mas não há crise que dure para sempre. Também essa será superada.
Enquanto isso não ocorre, é preciso estudar, rezar e procurar apoiar a Missa e os padres que desejam rezá-la.
Mais do que nunca, agora é preciso generosamente atender ao pedido que nos dirige Nosso Senhor: “Tomai e comei”.
E para ajudar aqueles que se encontram distantes da Missa de Sempre, ou que só podem assisti-la raramente, resolvemos disponibilizar aqui em nosso site o Ritual para Distribuição da Comunhão fora da Missa [Rito Extraordinário]. Dessa maneira, enquanto não temos a Missa de Sempre diariamente celebrada em todos os altares, podemos ao menos pedir a um padre amigo que nos dê o pão dos céus. Para que possamos assim afervorar nosso amor à Eucaristia, obtermos do céu a graça da liberação ampla e incondicional da Missa de Sempre, e fazermos jus à promessa de Nosso Senhor de sermos ressuscitados no último dia.
André Melo
29-ago-2024
[1] Conf. LIGÓRIO, Santo Afonso Maria de. Meditações I. São Luiz. Herder & Cia., 1922. PP. 308 a 311.
[2] “Tenho desejado ansiosamente comer esta Páscoa convosco” (Lc 22,15).