Data: 04-Out-2018
De: André
Cidade: –
Assunto: Doutrina da Igreja e Economia
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Olá André, salve Maria.
Sou leitor do site Montfort e assisti diversas aulas do projeto legado Montfort. Gostaria de parabenizar o conteúdo pois hoje em dia há muita desinformação quando se trata da nossa Fé Católica.
Gostaria de saber qual a visão da Igreja sobre trabalho, dinheiro, economia na sociedade, investimentos, etc. Porque se a Igreja condena tanto o capitalismo quanto o socialismo, qual seria o sistema correto?
Abraço André, fique com Deus.
Att,
André
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Resposta
Muito prezado André, salve Maria!
O erro do capitalismo é ser liberal.
E sendo liberal, portanto negador do pecado original, o capitalismo separa a moral da economia. Ora, se não há pecado original, a tendência do homem será de agir sempre bem. Logo, não há necessidade da moral.
Além disso, para o capitalismo o fim supremo do homem é enriquecer e para atingir tal fim vale tudo. Contando-se que se enriqueça, todos os meios são permitidos. Basta ver o que ocorria com os operários na época da chamada Revolução Industrial ou nas espionagens industriais.
Há, contudo, no capitalismo dois pontos que o fazem menos pior que o socialismo: o direito de propriedade e a livre iniciativa.
O capitalismo permite que haja propriedade privada e que cada um trabalhe onde quer e o quanto quer.
Sobre os investimentos e a geração de riqueza. Estes são permitidos desde que não estejam contra a moral. Para dar-lhe um exemplo: um católico pode investir no mercado de ações mas não pode investir numa empresa que desenvolve, por exemplo, métodos contraceptivos.
A economia familiar é importante desde que ela vise preservar e aumentar o patrimônio da família tendo sempre como fim supremo não a riqueza ou a gozação de vida, mas o sustento da família e a prática da caridade.
O rico, quando vive corretamente, tem chance praticar a caridade. E como diz o ditado português: “quem dá assemelha-se a Deus”.
Disso trata o livro do Eclesiástico quando diz: “Bem-aventurado o homem que foi encontrado sem mancha, e que não correu atrás do ouro, nem pôs a sua esperança no dinheiro e nos tesouros. Onde está ele, para o louvarmos? – porque esse tal fez uma coisa maravilhosa na sua vida: Foi tentado pelo ouro, mas ficou ileso! Terá, por isso, uma glória eterna, pois pôde transgredir a Lei, e não a transgrediu; fazer o mal, e não o fez! É por isso que seus bens estão fixos no Senhor, e que toda a assembleia dos santos publicará as suas esmolas” (Eclo 31,8-11).
Acima de tudo deve estar a caridade, ou seja, o usar as qualidades e os bens que possuímos em benefício do próximo, por amor de Deus. Dar esmola ou distribuir cestas básicas sem fazê-lo por amor de Deus não tem valor algum.
O Catecismo ensina que há sete obras de caridade materiais e sete obras de caridade espirituais. De todas, as mais importantes são as espirituais:
Obras de misericórdia corporais:
1ª Dar de comer a quem tem fome;
2ª Dar de beber a quem tem sede;
3ª Vestir os nus;
4ª Dar pousada aos peregrinos;
5ª Assistir aos enfermos;
6ª Visitar os presos;
7ª Enterrar os mortos.
Obras de misericórdia espirituais:
1ª Dar bom conselho;
2º Ensinar os ignorantes;
3ª Corrigir os que erram;
4ª Consolar os aflitos;
5ª Perdoar as injúrias;
6ª Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo;
7ª Rogar a Deus por vivos e defuntos.
Só quem possui a visão correta da realidade, aquela que apenas a fé católica pode dar, saberá atribuir às coisas seu verdade peso e direcioná-las a seu correto fim.
Espero ter ajudado a esclarecer sua dúvida.
Contando com suas orações por este apostolado, despeço-me.
Salve Maria!
Prof. André Melo.