Marcelo Andrade
O PROFETA DANIEL DE ALEIJADINHO[1]
Em versos
Olhos insistem em não ver o agora,
pois, passado o assombro do porvir,
o presente não é mais sua hora.
Na mão, o livro do que há de vir,
inspirado pelo Alto em suas missões,
para o povo eleito ler e ouvir.
Ridícula alcatéia de leões,
por força de sua fé esmagada,
que quis encerrar suas visões!
Nariz altivo e boca sulcada,
que falam e respiram outros ares
e face pela profecia grafada.
Vestes muito curvas e talares,
como a prudência da serpente,
fulcrando cravejados marchares.
A ordem de Deus em sua mente,
por isso a vasta cabeleira,
que escorre pensamento cogente.
Os louros coroam sua cimeira,
pois sua existência é meritória
e a serviço da crença verdadeira.
Sua atemporal vida e história,
o faz sempre jovem , forte e fiel.
Sua alma é santa e resolutória.
Este é o testamentário Daniel.
MARCELO ANDRADE, MAIO DE 2016
[1] Escultura feita em peça monolítica, entre 1800 e 1805. Encontra-se em Congonhas do Campo, junto com outros 11 profetas.