A Teoria da Evolução enquanto argumento circular

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Rômulo Carleial

A TEORIA DA EVOLUÇÃO ENQUANTO ARGUMENTO CIRCULAR

 

A presente publicação foi gentilmente oferecida pelo Dr. Rômulo Carleial, em contribuição com nosso apostolado, e vem muito a calhar, pelo fato das atenções do mundo e das polêmicas em geral nos últimos dois anos, pelo menos, estarem pouco voltadas a este aspecto das ciências naturais que é o problema da Teoria da Evolução. E vem em boa hora, para lembrar a todos que todas as frentes de defesa de Deus e de sua criação, de toda a sã doutrina, da fé e da razão, não podem relaxar e devem estar sempre alertas, pois o inimigo não cansa, ainda que pareça – falsamente – ter dado alguma trégua.

Agradecemos ao Dr. Rômulo pela contribuição e desejamos as bençãos de Nossa Senhora em sua argumentação tão contundente em defesa da boa e séria ciência, que tudo tem de harmônica com a verdadeira fé.

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Apesar de ter sido criado em um lar católico, abandonei minha fé na adolescência e posteriormente dediquei minha carreira científica à defesa da evolução. Embora meu ateísmo não tenha sido inicialmente motivado pela evolução – eu apostatei muito cedo – ele foi definitivamente fortalecido por ela. Nas palavras do evolucionista Richard Dawkins “Darwin tornou possível ser um ateu intelectualmente realizado”. Essa realização de Dawkins – e também minha – foi resultado da crença de que Darwin havia fornecido um respeitável relato naturalista da origem dos viventes, que estava inicialmente ausente do ateísmo. Naturalistas já haviam tentado explicar a origem dos seres vivos antes de Darwin, mas se limitaram à especulações filosóficas. Por exemplo, os antigos gregos Empédocles e Epicuro acreditavam que os organismos se originaram através de forças naturais (amor e conflito) combinando partes ao acaso, de modo que combinações complementares (por exemplo, o torso de um homem e a cabeça de um homem) persistiram e aquelas que não (por exemplo, o torso de um boi e a cabeça de um homem) pereceram.

Embora a filosofia epicurista tenha se tornado popular durante o Iluminismo após a redescoberta do poema de Lucrécio no Renascimento, o relato de Darwin era mais palatável para o programa iluminista porque sua versão do epicurismo tinha uma roupagem científica. De acordo com Darwin, os organismos tendem a variar e as variações que são vantajosas na luta pela existência serão herdadas pela próxima geração e aumentarão em frequência ao longo do tempo (seleção natural). Por esse processo muito simples, Darwin esperava explicar a origem de todos os viventes e suas operações, desde o voo do pássaro até os próprios pássaros. Para apoiar essa afirmação bastante ambiciosa, Darwin argumentou por analogia: sabemos por experiência que os criadores podem produzir diferentes raças de plantas e animais por meio da seleção sistemática de variações. No entanto, os criadores têm tempo limitado e selecionam apenas as variações que são desejáveis ​​para ele, mas não para o bem da espécie. A natureza, por outro lado, é mais poderosa que os criadores, pois ela tem milhões de anos à sua disposição para selecionar cada pequena variação vantajosa. Segue-se que as mudanças nas populações naturais são mais substanciais do que nas populações domésticas, levando à formação de novas espécies. Projete esta extrapolação para trás no tempo e postule que a vida se originou espontaneamente uma vez em um “pequeno lago quente”, e você chegará à conclusão de Darwin de que todas as formas de vida estão relacionadas por ancestralidade comum universal (ACU).

Apesar do que muitas vezes nos é dito, o argumento de Darwin não foi bem recebido pela maioria da comunidade científica devido ao seu conteúdo altamente especulativo e sua personificação de processos naturais. Mesmo Thomas Huxley, um dos defensores mais expressivos de Darwin, não aprovava o conceito de seleção natural, apesar de defendê-lo. O aspecto atraente da teoria de Darwin, pelo menos para o campo ateísta dentro das ciências naturais da época, eram as supostas evidências científicas apoiando uma origem naturalista das espécies. A oportunidade de usar a ciência para dissociar o Criador de Suas criaturas, levou figuras poderosas da elite acadêmica a promulgar ferozmente Darwin, particularmente através da Royal Society e do X Club de Thomas Huxley. O próprio Darwin havia gasto poucas páginas no seu livro “Origem das Espécies” fornecendo evidências positivas para a evolução, e muitas outras páginas argumentando contra a criação especial. Se a ACU for tomada como um axioma, nos diz Darwin, então a similitude entre os organismos pode ser atribuída à herança ao invés de um plano Divino comum. Mas se a similaridade do organismo for usada como prova de ACU, dificuldades insuperáveis ​​para a teoria de Darwin, por exemplo, a completa ausência de fósseis intermediários e a origem de órgãos complexos, poderiam ser rapidamente descartadas: o pensamento circular gera a conclusão que as dificuldades são apenas aparentes.

Ao longo do século passado, os seguidores de Darwin replicaram sua abordagem e acumularam uma enorme pilha de artigos científicos repletos de raciocínio circular. Por exemplo, um artigo recente na Protein Science afirmou o seguinte: “…o olho dos vertebrados modernos […] evoluiu de uma simples célula sensível à luz e foi adicionando sequencialmente tipos de células e relações mais complicadas entre tecidos, cada um dos quais melhorou a sensibilidade ou acuidade visual.” No entanto, nenhum desses passos evolutivos, nem a origem da primeira “célula simples sensível à luz”, jamais foi demonstrado. A afirmação confiante dos autores só pode ser entendida usando o raciocínio de Darwin: se a ACU é dada como certa, então o complexo olho dos vertebrados deve ter evoluído lentamente de um olho mais simples em um distante ancestral comum. Não são necessárias demonstrações dos passos da evolução dos olhos: a conclusão está incluída nas premissas. Esse modo falacioso de raciocínio impede o evolucionista de questionar sua própria teoria, porque todos os dados se tornam prova da evolução se interpretados com viés evolucionista. Mais ainda, qualquer explicação alternativa que tem Deus como causa é, obviamente, rejeitada a priori.

Nada melhor encapsula o grosso da literatura evolucionista do que uma citação muito famosa de Theodosius Dobzhansky, um dos fundadores da síntese evolutiva moderna: “Nada em Biologia faz sentido exceto à luz da evolução”. O absurdo dessa afirmação é evidente: se falta de conhecimento da evolução impedisse a compreensão da biologia, então a medicina enquanto disciplina (geral) e o diagnóstico de leucemia de Dobzhansky (específico) não poderiam ter sido concretizados sem o advento da biologia evolutiva, o que é absurdo. No entanto, o artigo de fé de Dobzhansky é ensinado a todos os alunos de graduação em biologia e em todas as principais universidades do mundo. Não é surpreendente então, que muitos estudantes saem dessas instituições com a firme convicção de que os organismos são produtos da variação aleatória e da seleção natural, quando antes reconheciam o Criador (causa) através de Suas criaturas (efeito).

Como uma lógica falha não pode se alastrar por muito tempo, fissuras já começaram a aparecer no edifício da evolução e muitos evolucionistas estão solicitando que a teoria de Darwin seja revisada. Infelizmente, nenhuma das revisões propostas abandonou a ACU, então duvido que testemunharemos a queda da evolução como teoria nas próximas décadas. Em última análise, o alicerce que sustenta o edifício da evolução é o desejo do Iluminismo de purgar a causalidade divina da história. Para se libertar do vórtice falacioso em que se encontram, os evolucionistas devem olhar para dentro de si mesmos e fazer a mesma pergunta que culminou no meu retorno à fé católica e na minha eventual rejeição do conto de fadas de Darwin: “E se houver um Deus?”.

Oxford, 10 de novembro de 2022.

Dr. Rômulo Carleial

Doutor em Zoologia – Universidade de Oxford

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