Marcelo Andrade
REFLEXÕES RÁPIDAS SOBRE SÃO PAULO
– Um passeio pela antiga Paulicéia,
aquela que foi, mas que parece não ter sido –
1. INTRODUÇÃO
Padre Anchieta foi um dos fundadores da capital dos bandeirantes e profeticamente previu que ela ia se tornar a maior cidade destas terras.
Pena que muito tempo depois, séculos avante, a Paulicéia trocou a grandeza dos feitos dos bandeirantes e a santidade de Anchieta e de Frei Galvão por um gigantismo meramente material.
A cidade assistiu a transformação da selvageria em civilização.
Índios canibais foram convertidos pelos jesuítas.
No local onde havia a taba de Tibiriçá está o Mosteiro de São Bento (os pais do construtor foram comidos pelos índios).
Foto 1 – Centro antigo de São Paulo- Sé de outrora.
Mas, a boa parte da tribo deste cacique, que morreu assistido por Anchieta, se converteu.
Venceram São Bento e Santo Inácio.
Belas construções barrocas foram erguidas: igrejas, casas, estabelecimentos comerciais, praças etc.
Ruas barrocas tomaram os espaços.
Foto 2 – Parque da República, no começo do sec. XX.
Parecia que a civilização havia vencido para sempre quer por causa das almas ganhas para Deus quer por causa da bela vila que se construía.
Mas, a selvageria contratacou no séc. XX e engoliu o belo. Edifícios horrendos, como os canibais, devoraram construções coloniais.
É a estética do selvagem: o ódio ao belo. O mal não entende e inveja o bem e quer sua alma. Assim, como os índios canibais que queriam a alma do vencido.
As construções modernas provam o que são: monstruosas. Não há nada mais antigo e carcomido que a última moda edilícia.
Incapazes ter grandeza espiritual em humildes construções, resta-lhes provar a força pelo tamanho.
À medida que os horrendos edifícios foram surgindo, as pessoas foram abandonando a verdadeira fé.
Foto 3 – Roupas castiças na fila do ônibus.
O rio Tietê foi saudável e curvo e ali se faziam piqueniques nos fins de semana, andava-se de barco.
Foto 4 – Rio Tietê
A retificação irracional do rio Tietê acabou com a várzea e o futebol de várzea, saudável esporte desfrutado naquelas plagas, antes da desventura dos milionários e fanáticos certames ludopédicos.
E o piquenique também se foi.
Os heroicos bandeirantes (apesar de seus erros), maiores aventureiros de seu tempo, expandiram o território nacional muito além do Tratado de Tordesilhas. Isto foi uma bênção para o Brasil.
Mas, a Paulicéia expandiu-se muito além do que devia, como um tumor que ataca a saúde do organismo. E isto foi uma maldição.
E ainda, a cidade cresceu “cacofônica”, os edifícios não tem relação nenhuma uns com os outros.
Prevaleceu o voluntarismo, a demagogia.
Resistem, porém, Igrejas barrocas heroicas, como a fé neste tenebroso mundo, as quais ainda ensinam que a riqueza boa é a interior.
Hoje São Paulo é feia por dentro e por fora.
Foto 5 – Parque da Luz em 1910
2. CONCLUSÃO
As fotografias antigas aqui postadas são em preto e branco, mas a vida naquela época era colorida, mais católica, havia pouca criminalidade, inexistia trânsito e poluição e havia mais beleza.
Hoje, as fotos são coloridas, mas a cidade parece ser sempre cinzenta. Como é a triste corrupção moderna.
São Paulo foi bela, mas parece que nunca teve este predicado.
Porém, Nossa Senhora de Fátima prometeu vitória futura. E onde há fé há beleza.
Quem vê a beleza da Igreja da Ordem Terceira do Carmo, no centro deformado de São Paulo, verdadeira flor no meio de espinhos, não vê o passado, mas o futuro que Nossa Senhora anunciou.
Foto 6- Igreja Nossa Senhora do Carmo, colorida e bela no passado, no presente e no futuro.
Marcelo Andrade
São Paulo, agosto de 2016.