Orlando Fedeli
Crise nos Seminários
- Localização: Fortaleza – CE
Prezados irmãos, Salve Maria!
Antes, gostaria de vos parabenizar por serem um baluarte da ortodoxia nestes tempos de relaxamento da Doutrina e de avanço da impiedade.
Os Seminários católicos no Brasil estão, infelizmente, decadentes: o latim foi abolido; línguas bíblicas, como grego, hebraico, aramaico, nem pensar; a teologia bimilenar – Patrística, Escolástica, Tomismo, etc – foi substituida por uma pseudo-teologia, ligada ao socialismo, à política, ou seja, vazia; o canto gregoriano não é mais ensinado, tampouco se aprende a celebrar a missa S. Pio V; enfim, dois milênios de uma belíssima e rica tradição foram jogados na lata de lixo. Os maiores tesouros da nossa civilização estão relegados ao esquecimento.
A título de exemplo: Em dezembro do ano passado, o coral do qual minha mãe faz parte apresentou-se durante uma confraternização de padres (arcebispo, padres de várias localidades do Estado..). Havia mais de uma centena de padres, quase duzentos, e de todos, apenas CINCO usavam a batina, e eram todos idosos. A maioria usava sandalias, calça jeans, camisa curta… mal davam atenção aos mais velhos. O Seminário de Fortaleza mal consegue ser mantido – no século XIX, foi um dos primeiros a aderir totalmente à Sé de S. Pedro, após o Vaticano I, enfrentando as indevidas ingerências do Beneplácito.
Diante disso, gostaria de vos perguntar se ainda existe, no Brasil, algum Seminário ortodoxo, que ministre ensino tradicional, que prepare verdadeiros sacerdotes, com todo o rigor, a disciplina e a excelente formação pelos quais os Seminários sempre foram caracterizados.
Se me alonguei por demais, escuso-me na vontade que tinha de exprimir a minha indignação com o atual estado do Clero, que é vergonhoso. Agradeço desde já uma resposta de vossa parte.
Regina Christianorum, ora pro nobis
Pax Christe
————————-
Muito prezado,
Salve Maria!
Você não precisa se desculpar por ter se alongado demais. Sua missiva foi até curta, conseguindo mostrar, em poucas linhas, o estado lastimável dos seminários no Brasil, do ponto de vista intelectual.
Não, eu não conheço nenhum seminário que possa ser elogiado pelo valor de seu ensino. Todos os que conheço estão no imenso descalabro que você descreveu tão bem.
O ensino nos seminários é ridículo, como o demonstram as cartas que recebo de seminaristas com uma “argumentação” primária, e como o comprovam os sermões dos Demóstenes clericais nas Igrejas, seus depoimentos lamentáveis na mídia e as canções miseráveis que certos padres apresentados como estrelas (cadentes) entoam, julgando-se poetas de valor.
E você nem tocou na grande chaga dos seminários, que é o homossexualismo, o qual grassa praticamente sem freio, muitas vezes protegido, para não dizer quase incentivado. Tenho, sobre isso, depoimentos inacreditáveis.
E isso não é só no Brasil. Os trágicos acontecimentos nos Estados Unidos e na Áustria demonstram que essa chaga tem proporções inimagináveis.
E que fazem as autoridades eclesiásticas para combater essa chaga ?
O Papa João Pulo II determinou tolerância zero para essa praga. Entretanto, seus clamores enérgicos contra esse mal infelizmente tem encontrado um eco muito débil nas autoridades locais, responsáveis diretas pelo que ocorre nos seminários.
Que fazer então?
Só resta um último recurso: a oração a Deus Nosso Senhor que não permita que essa situação miserável continue, suscitando um Papa santo que se imponha ao Episcopado mundial, e que com seu exemplo e sua energia mude radicalmente o que acontece.
Mas isso é obra para uma nova reforma gregoriana. O que levará séculos.
Tão grande é o mal…
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli