Orlando Fedeli
É Difícil Ser Católico Atualmente
- Localização: Porto Alegre – RS
Prezado Professor Orlando,
Sou um pai de família católico, oriundo de uma família católica.
Gostaria de relatar que me senti muito identificado com a linha do site Montfort*, que prega uma volta à autêntica tradição católica.
Me entristeço ao ver padres citando Leonardo Boff em suas homilias, fico constrangido com as missas carismáticas, onde parece que a fé é algo “EPIDÉRMICO” ou um fenômeno de massas…
Me entristeço por ver que os padres não entregam mais a Comunhão, ficam sentados vendo as ministras da Eucaristia fazerem o “serviço”.
Não existe mais confissão nas missas, em seis meses que moro em Porto Alegre só ouvi falar uma vez de confissão, e tratava-se das confissões comunitárias, que eu acreditava que nem existissem mais.
E veja só, nós precisamos da santa Eucaristia, de santas confissões, pois somos pecadores. A vida nos mostra a cada dia que longe dos sacramentos não somos nada, e a mãe Igreja está nos negando os sacramentos.
Está difícil ser católico. Quando caio em pecado (e como humano, isto acontece sempre), quero correr e me confessar, para voltar à graça de Deus, mas para onde correr?
Parece que estamos vivendo o final dos tempos. A Igreja parece não ter mais a força do Espírito…
Assim como Jesus, em sua agonia, tenho vontade de gritar “Meu Deus, meu Deus, porque me (nos) abandonaste”?
Finalizo me desculpando pelo desabafo, e lhe desejando sinceras bênçãos em seu apostolado.
Um forte abraço.
Se tiver um tempinho, ficaria feliz em receber uma resposta sua.
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Muito prezado,
Salve Maria.
Tenho, sim, não só tempo, mas vontade de ajudá-lo como me for possível.
Sua carta angustiada com a miserável situação em que estão os católicos que desejam seriamente particar a religião, é uma comprovação da destruição produzida pelo Concílio Vaticano II.
O que você descreve da situação dos católicos em Porto Alegre é extamente o que acontece em toda a parte. Dir-se-ia que a Igreja perdeu a força do Evangelho.
Mas não é verdade. Quem não tem mais força, é o clero modernista que só redige manifestos, longos, prolixos e indegestos, que ninguém lê.
Na Igreja pós-conciliar só se fazem reuniões, congressos, manifestos, planos pastorais. A desgraça é que não há mais pastores de verdade e da verdade.
O blá-blá-blá verborréico da CNBB, em suas Campanhas da Fraternidade — (que cheiro de maçonaria) — que não falam senão de problemas materiais, num naturalismo vazio, para salvar as águas e o mico leão, e não para levar as almas para o céu, deixa as almas vazias de Deus. Daí a fuga dos católicos para igrejolas delirantes. Daí o abandono da religião.
A restauração da Missa trará o começo da reconquista.
Procure um sacerdote que aceite celebrar a Missa de sempre. Procure formar um grupo de amigos que queiram viver a Fé. Caso você reuna alguns aí em Porto Alegre, irei dar-lhes uma palestra e incentivá-los na prática da religião.
Escreva-me sempre.
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli
*O professor Orlando Fedeli foi presidente da Associação cultural Montfort de 1983 a 2010.