Orlando Fedeli
Racismo e Ku Klux Klan
- Localização: Natal – RN – Brasil
- Escolaridade: Superior concluído
- Profissão: Professor
Caro senhor Orlando Fedelli, Pax Domini!
Ví seu debate com o neonazista Walter, e quero parabenizá- lo por ter desmontado aquele amontoado de besteiras que ele disse para defender o Hitler. O nazismo foi uma barbárie, que , esperando em Deus, espero não se repita, jamais!
Ouvi falar na Ku Klux Klan, entidade racista norte- americana, que se diz defensora dos “Wasp”(brancos, de origem anglo- saxã, e protestantes). Ela é contra negros, latinos e até católicos. Ela ainda existe?
Gostaria de saber em quais documentos a Igreja condena o racismo, de forma clara. Despeço- me, aguardando vossa resposta.
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Muito prezado Professor , salve Maria!
Muito agradecido por seu apoio e felicitação pelo meu debate contra os neonazistas. É incrível como, quanto maior é o delírio — delírio que chegou até o crime, como fez o nazismo — o erro delirante encontre ainda apoios fanáticos.
A Ku-Klux-Klan existe ainda, embora bastante enfraquecida. Ela foi produto da forma de colonização protestante na América do Norte, assim como das violências posteriores à vitória do Norte Yankee contra O Sul na guerra da Secessão.
Os protestantes que colonizaram os Estados Unidos pertenciam às seitas mais radicais do protestantismo europeu daquele tempo: eram extremamente igualitárias, e tendentes ao comunismo.
Esses puritanos, colonizadores do futuro Estados Unidos, consideravam-se o povo eleito, o Novo Israel, que, expulsos pelo novo Faraó (o Rei da Inglaterra) atravessavam o novo Mar Vermelho (o Atlântico), para chegar à Nova Terra Prometida (a América).
Ora, os israelitas, quando foram para Palestina, tiveram ordem de Deus de exterminar os povos pagãos e idólatras que moravam lá. Da mesma forma, os puritanos ingleses se julgaram no direito de exterminar os povos indígenas da América do Norte. Eles, brancos, eram o povo eleito. Os selvagens peles vermelhas eram os idólatras a exterminar.
Repare que, na colonização americana protestante, não houve, inicialmente nem missões, nem mestiçagem. Nasceu aí o espírito WASP (White, Anglo, Saxon, and Protestant).
Quando foram trazidos os escravos negros para as plantações, aplicou-se a eles o mesmo princípio. A escravidão na América do Norte foi muito racista, o que se manifesta na menor porcentagem de mulatos lá, do que no Brasil.
Foi desse espírito puritano excluidor que nasceu o racismo nos Estados Unidos.
E note que o Apartheid se verificou na África do Sul, colonizada pelos holandeses protestantes.
Você me pergunta em que documentos a Igreja condena o racismo de forma clara.
Mas, dever-se-ia começar com a ordem de Cristo que disse aos Apóstolos: “Ide e ensinai a todos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”.
Nosso Senhor não excluiu ninguém. Por isso a Igreja é Católica, isto é, universal, para judeus e gregos, brancos e negros, ricos e pobres, sábios e rústicos, etc.
Dever-se-ia continuar com São Paulo, que manifesta claramente o caráter universal da pregação apostólica.
Veja também que, na carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei, ele já diz que a maior riqueza da nova terra (o Brasil) eram as almas dos índios a conquistar para Deus: “Contudo, o melhor fruto que dela (nova terra) se pode tirar parece-me que será salvar esta gente (os índios). E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.”
No século XX, quando se manifestou o racismo de modo exacerbado e criminoso, no nazismo, a Igreja, através dos Papas, fez inúmeros pronunciamentos, condenando as teses da superioridade racial. Por exemplo, condenando as teses de Alfred Rosenberg, o teórico do Nazismo. Também na encíclica Mit brenender Sorge, Pio XI se manifesta contra as teses racistas.
Esperando tê-lo esclarecido, me despeço cordialmente,
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli.