438- Virgindade, Pureza e Beleza

Data

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no email
Compartilhar no whatsapp
Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no email
Compartilhar no whatsapp
image_pdfConverter em PDFimage_printPreparar para impressão

Orlando Fedeli

 Virgindade, Pureza e Beleza

 

  • Localização: Brasil

 

 

Prezados Amigos ,

Gostaria de saber o verdadeiro significado da virgindade de uma mulher, algo tão desvalorizado nos dias de hoje. Pureza e Beleza agora são meras palavras do dicionário?

Sinceramente…

 

———————-

 

Prezado,

Pelo que entendi, você quer saber o significado de três coisas: virgindade — não só da mulher –, pureza e beleza.

Deus, no quarto, sexto e nono mandamentos nos manda honrar os pais, não cometer atos impuros, e não cometer adultério. A castidade no casamento e fora do casamento é, pois, um dever moral imposto por Deus.

Citei, em primeiro lugar, o quarto mandamento que nos manda “Honrar pai e mãe”, porque a pureza e a castidade é que explicam o mais fundo de nossa gratidão e de nosso amor por nossos pais. Por que usou Deus o verbo “honrar”, e não os verbos obedecer, ajudar, que estão incluídos nos deveres filiais? Por que “Honrar”? Devemos honrar nossos pais, porque o seu ato conjugal que nos deu vida é honroso para eles. Dá honra para eles. Materialmente, o ato conjugal e o ato de um homem qualquer com uma meretriz são iguais. Entretanto, esses dois atos se diferenciam formalmente. Dou-lhe um exemplo, para que isso fique mais claro: Um homem abre o peito de outro com um objeto cortante, e, mais tarde, ao invés de considerá-lo inimigo, o que sofreu o golpe agradece e paga ao que o cortara. Como? Não foi ele um agressor violento ? Não. Era um médico que abriu-lhe o peito para fazer uma cirurgia e assim o salvou. O médico, como o assassino, abre o peito de alguém com aparelho cortante. Materialmente, os atos são iguais. O que os diferencia é a intenção, que no médico é a de salvar, e no assassino é de matar. Assim também, o ato dos esposos visa dar vida é o mesmo ato de um homem impuro com uma meretriz. Entretanto, o primeiro tem em vista a também a procriação, enquanto o outro não visa senão o prazer.

Por isso, o ato dos esposos é legítimo é honroso, pois visa um fim bom, e é feito de acordo com a razão e a lei natural. Já o ato praticado com a meretriz é contra a razão e a ordem moral. Por isso, o ato dos esposos é honroso, distinto do ato de uma meretriz. Deus estabeleceu a união conjugal como meio de transmitir a vida, assim como estabeleceu que a vida da alma, a vida sobrenatural, é gerada pela união entre Cristo e a Igreja. Por isso o matrimônio é imagem da união de Cristo com a Igreja, como bem explica São Paulo. Ora, a esposa de Cristo é santa e fiel, e só tem filhos do próprio Deus. Assim, a esposa só pode ter relações com seu esposo. A Igreja não teve aventuras com ídolos antes de se unir a Deus. A esposa deve então ser virgem e casta, como a Igreja. E o esposo deve ser também virgem e puro como Cristo.

A virgindade feminina tem um valor especial, porque ela é a garantia da pureza familiar. A fidelidade conjugal – prometida solenemente diante de Deus, no altar, na cerimônia matrimonial — é a garantia da unidade da prole, e, portanto , da unidade de valor familiar de uma estirpe. Até os pagãos reconheciam o valor da virgindade para a manutenção da família e da própria pátria. Em Roma, exigia-se a virgindade das vestais, sacerdotisas do culto dos deuses familiares, símbolo da virgindade que mantinha as famílias e a própria Roma. Os romanos diziam que Roma se manteria, enquanto ela fosse capaz de suscitar homens e mulheres virgens, e que Roma pereceria quando não tivesse mais força de gerar virgens. E isso é muito sábio. Com efeito, um povo que despreze a virgindade e a castidade formará uma juventude ávida de prazer sexual. Ora, o moço que só busca o prazer detestará a dor, e não terá força para sofrer. E então, o país que só tiver uma juventude luxuriosa não terá jovens capazes de dar a vida pela pátria. Roma pereceu depois que se tornou tão impura que não havia mais nem vestais virgens, nem heróis. Teve então que contratar, entre os bárbaros que a atacavam, os mercenários que a defendessem por dinheiro. Por isso disse bem um poeta, que não foi tão bom como católico: “A juventude não foi feita para o prazer, e sim para o heroísmo”. O heroísmo exige luta e aceitação da dor, e até da morte, por amor a um valor mais alto. Hoje, pureza e virgindade são menoscabadas, desprezadas e ridicularizadas, porque os homens não crêem em valor mais alto do que seu prazer e do que o dinheiro. Por isso, também se perdeu a noção de beleza verdadeira. Belo, hoje, é, no máximo, o que tem apelo sexual. A Beleza – “splendor veritatis” — “o bem claramente conhecido”, “o resplendor da forma , na proporção da matéria”, exige para ser conhecida e amada, que se tenha para ela um “occhio chiaro ed affeto puro”, como diz outro poeta, com verdade, (mas ao qual se devem fazer tantas restrições, infelizmente), Dante.

Sim, a Beleza existe. Ela não é uma simples palavra do dicionário. Existe sim, a Beleza absoluta, que coincide com a Verdade absoluta e com a Bondade absoluta, que é o próprio Deus Nosso Senhor. Mas, para conhecer a Beleza, é preciso olhá-la com olhar claro, isto é, com olhar desinteressado, sem a obscuridade produzida pela paixão, especialmente pela paixão impura. E só quando se conhece a Beleza com olhar claro, sabiamente, é que se pode ter por ela um afeto puro.

É de estranhar que hoje, quando não se crê nem em beleza, nem em verdade, nem em bondade, nem em virtude, se deixe de acreditar em Deus? Os impuros não conseguem ver a Deus, e nem acreditar sequer em sua existência. Só crêem no que vêem. E eles nada vêem, porque são cegos espiritualmente. São cegados pela paixão impura. Por isso Nosso Senhor Jesus Cristo nos disse: “Bem aventurados, – isto é, felizes,- os puros de coração, porque verão a Deus”. Sim, só os puros são felizes, e já neste mundo, porque sua pureza lhes permite ver tudo com olhar claro, e lhes permite amar tudo com afeto puro. Por isso, eles vêem a Deus em todas as coisas.

Corneille escreveu uma bela poesia em que diz: “Si ton coeur étair droit…” Se teu coração fosse reto…” Se teu coração fosse reto, verias em todas as coisas a Deus, criador de tudo, porque em todas as coisas Ele colocou algo dEle mesmo (ou como vestígio, ou como imagem, ou como semelhança). Todas as coisas falam dEle, e Ele é ainda mais admirável nas menores. Tudo nos fala dEle, desde o pequeno grão de areia até ao imenso elefante. Desde o vagalume , até o sol. Desde o átomo até a Virgem Maria, tudo só fala dEle. Mas, para ver Deus em todas as coisas, e compreender a maravilha do Universo criado, é preciso ter “occhio chiaro ed affeto puro” É preciso que tenhamos um coração puro.

Pureza, Castidade Beleza não sejam para nós apenas palavras do dicionario, e sim dos mais altos dons de Deus e de nossos mais altos valores.

Roguemos a Deus que nos dê, ou mantenha sempre, o coração puro, para que o vejamos desde agora, nesta vida, e, para sempre, na eternidade.

É o que desejo para mim mesmo e para você, meu prezado. E que um dia nos encontremos no seio da eterna Verdade e Bondade e Beleza.

In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli

image_pdfConverter em PDFimage_printPreparar para impressão