548- Paz e Espada

Data

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no email
Compartilhar no whatsapp
Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no email
Compartilhar no whatsapp
image_pdfConverter em PDFimage_printPreparar para impressão

Orlando Fedeli

 Paz e Espada

 

  • Localização: Curitiba – PR

 

Vc poderiam me explicar esta frase??

“Eu não vim trazer a paz, mas a espada” (Mt X, 34 e Luc XII, 51).

 

——————————

 

Prezado, salve Maria.

Sua pergunta vem muito a propósito.

Alguns, romanticamente, pensam que Cristo é contra a guerra, e só querem a “paz”. Uma paz que seria simples ausência de luta, fazendo de Jesus um pacifista.

Ora, o Evangelho apresenta uma visão completamente oposta a esse pacifismo sentimental, que é essencialmente injusto.

Nosso Senhor preveniu que por causa dEle haveria muitas divisões e lutas.

Já quando Ele foi apresentado no Templo, quarenta dias após o seu nascimento, o profeta Simeão disse a Nossa Senhora: “Eis que este menino está posto para ruína e ressurreição de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição” (Luc. II, 34).

E o próprio Cristo nos disse:

“Julgais que vim trazer a paz à terra? Não, vos digo eu, mas a divisão; porque de hoje em diante, haverá numa casa cinco pessoas, divididas três contra duas, e duas contra três. O pai contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora, e a nora contra a sogra” (Luc. XII, 51-53).

E em São Mateus se acha o mesmo texto sobre o qual você me consulta:

“Não julgueis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer a paz, mas a espada. Porque vim separar o filho de seu pai, e a filha de sua mãe, e a nora de sua sogra. E os inimigos do homem serão os seus próprios domésticos” (Mt. X, 34-36).

Qual a razão dessas profundas divisões trazidas pela doutrina de Cristo, que separará até mesmo os parentes mais chegados?

É que a verdade atinge o mais profundo do homem. E, da adesão ou repulsa da verdade trazida por Cristo, nascem essas divisões.

O homem, que prefere gozar a vida, não tolera a verdade de Cristo, e então procura combatê-la. Os que querem fazer antes de tudo, a vontade de Deus, aceitam a verdade anunciada por Cristo, e querem fazer a sua vontade, colocando o servir a Deus acima até do amor aos parentes. Os que querem fazer a sua própria vontade, rejeitam a verdade ensinada por Cristo, e procuram combatê-la. Daí, as divisões. Dai, a guerra continua, na História, entre os filhos de Deus e os filhos do demônio.

Essa é a guerra trazida por Cristo. Exatamente como foi predito no Gênesis, quando Deus disse, ao amaldiçoar a serpente:

“Colocarei inimizades entre ti (o demônio) e a mulher (a Virgem Maria), entre a tua raça (os filhos do diabo) e a dela (os filhos de Nossa Senhora), e Ele mesma te esmagará a cabeça” (Gen. III, 15).

Isto é o contrário do que ensina o liberalismo, triunfante, hoje em dia.

O liberalismo, seguindo as mentiras pregadas por Rousseau, considera que o homem é bom, sem ter nenhuma inclinação para o mal e para o erro. Para Rousseau, não haveria pecado original, e, conhecendo a verdade, o homem a aceitaria sempre.

Ora, é o contrário disso que acontece.

Normalmente, o homem não gosta da verdade, porque ela lhe traz obrigações. A mentira é cômoda. A mentira não nos obriga a nada. Servimo-nos dela como de uma escrava, enquanto nos é conveniente. Desde que a mentira não nos convenha mais, nós a expulsamos, denunciando a sua falsidade.

A verdade é nossa rainha, que nos impõe obrigações. Por isso, resistimos à verdade. E preferimos a mentira. Dai a verdade de Cristo ter produzido tanto ódio contra Ele.

Na história, Cristo estabeleceu a sua Igreja para ensinar a única verdade, e contra ela o demônio suscita sempre heresias, calúnias e mentiras. Por isso, a Igreja é chamada militante, e não pacifista.

Por isso, Cristo instituiu um sacramento, o Crisma — que nos torna soldados de Cristo. É para seus soldados, para aqueles que compreendem que o crisma deve ser vivido na luta pela defesa da Fé que Cristo deixou a espada. E a espada que Ele nos deixou não é para fazer tricô. É para combater. Porque só o combate para estabelecer a verdade e a justiça impõe a ordem, e só com a ordem e a justiça existe a paz. A paz é obra da justiça. Opus justitiae, pax . Justiça e paz se beijaram (Sl.LXXXIV, 11) por que uma não existe sem a outra. E a justiça só se estabelece, muitas vezes, com o uso da espada. A espada da verdade.

Hoje só se fala em paz. Mas é a paz dos maus, fundada na injustiça. Cabe então muito aos que hoje falam de paz o que o profeta Jeremias dizia dos maus sacerdotes de seu tempo, que causaram a guerra e a destruição de Jerusalém:

“Eles curavam as chagas das filhas de meu povo com ignomínia, dizendo: Paz, paz, quando não havia paz” (Jer. VI, 14).

Porque “Não há paz para os ímpios, diz o Senhor Deus” (Isaias, XXII, 57, 21).

In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli

image_pdfConverter em PDFimage_printPreparar para impressão