Pierre de Craon
O ALTAR DE TERRA
“E o Senhor disse mais a Moisés (…):
(…) Far-me-eis um altar de terra, e oferecereis sobre ele os vossos holocaustos e as vossas hóstias pacíficas, (…) Se porém me edificardes algum altar de pedra, não o edificareis de pedras lavradas; porque, se levantares sobre ele o cinzel, ficará manchado. Não subirás por degraus ao meu altar, para que não se descubra a sua nudez” (Ex 20, 24-26).
Assim Deus ordenou a Israel que fizesse para Ele um altar de terra. Ora, o homem foi feito de terra e a Sagrada Escritura frequentemente usa a metáfora da terra para significar o homem. Assim, o altar de terra significaria que em Israel nasceria uma pessoa que serviria de altar para Deus.
Sobre este altar é que se faria o grande holocausto. Este altar perfeito seria a Virgem Maria, Mãe de Deus, porque quando Cristo se encarnou nela, a Redenção se realizou. A Redenção se consumou no Calvário, e lá Maria, que estava junto à Cruz, consentiu no holocausto de seu Divino Filho, a fim de que assim os homens fossem salvos, e a Igreja fosse estabelecida. Maria é, pois o altar de Deus, um altar de terra, isto é, humano, feito por Israel.
Duas qualidades deveriam ter o altar. Devia ser virginal e humilde. Ele não podia ser tocado pelo homem e não deveria estar exaltado sobre degraus.
Ora, foram essas as duas virtudes mais eminentes de Nossa Senhora: a humildade e a pureza.
Humildade que a levou a dizer-se escrava de Deus, e pureza que a levou a preferir a virgindade à própria honra de ser a Mãe de Deus.
E Deus no Êxodo diz que era sobre esse altar que os hebreus deviam sacrificar suas ovelhas e seus bois, isto é, seus bens espirituais e materiais. E assim a Sagrada Escritura ensinava profeticamente que no “altar” humilde que é Nossa Senhora, é que devemos fazer nossos sacrifícios, depositando no Coração Sapiencial dela todas as nossas riquezas espirituais e materiais, para dependermos dela inteiramente como filhos e escravos.
E como ela devemos ser puros e humildes, não nos exaltando ao fazer nossos sacrifícios, não subindo os degraus de nossa soberba ao fazer nossa oferta, porque embora Rainha dos Céus e da Terra, Maria Santíssima é nossa Mãe e nossa Irmã, como a chamam os carmelitas, e portanto se coloca ela ao nosso alcance, a nosso nível para nos atender.
