Os Illuminati e sua influência na história

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Orlando Fedeli

Os Iluminati e sua influência na história

Nome: Felipe Cola

Enviada em: 10/01/2006

Local: Vitória – ES, Brasil

Religião: Católica

Idade: 21 anos

Escolaridade: Superior concluído

 

Preclaro Prof. Orlando Fedeli:

Salve Maria!

Cumprimento uma vez mais ao Sr. e a todos os membros da Monfort pelo belíssimo apostolado em defesa da Santa Igreja e da fé católica.

Escrevo-lhe desta vez para tratar de um livro que li recentemente e cujas teses me chamaram a atenção. Trata-de da obra “Illuminati”, de Paul H. Koch. (KOCH, Paul H. Illuminati. São Paulo: Editora Planeta, 2005.)

Essa obra trata da sociedade secreta dos “Illuminati” ou “Iluminados da Baviera”, afirmando seu cunho gnóstico e satanista. Afirma que essa sociedade se infiltrou em todas as demais sociedades secretas existentes no mundo e que as controla, semeando crises e guerras desde sua criação, com o objetivo de estabelecer, futuramente, um governo mundial que seria, na verdade, um governo de Lúcifer.

As teses do livro me parecem muito relevantes e parecem se adequar bastante às considerações do Padre Emmanuel, Prior do Mosteiro de Mesnil-Saint-Loup, sobre escatologia e, especificamente, a questão do anticristo, encontradas na série de artigos “O Drama do Fim dos Tempos”, escrita no final do século XIX (textos disponíveis em www.fimdostempos.com.br).

Segundo o autor, os Illuminatti, manejando toda uma teia de sociedades secretas, teriam arquitetado, dentre outros, as Revoluções Francesa e Russa, Primeira e Segunda Guerras Mundiais. O autor chega, inclusive, a mencionar uma carta de Albert Pike em que, em pleno século XIX, previam-se claramente as duas Grandes Guerras, falando-se, inclusive, que, no fim da segunda, seria criado um Estado Judeu na Palestina. Fala-se, também, em uma supostamente já planejada terceira guerra mundial, que se iniciaria a partir do conflito árabe-israelense e que instauraria no mundo um caos infinitamente superior ao do Terror da Revolução Francesa. Após esse conflito, os Illuminati supostamente planejariam a “implantação de um governo de Lúcifer”, o que me pareceu bastante próximo à vinda do anticristo.

Há também colocações mais delicadas. O autor afirma também infiltrações dos Illuminati na Igreja, sobretudo no pontificado de Paulo VI. Chega mesmo a associar o ecumenismo atual com manobras dos Illuminati. Dentre outras afirmações, comenta que o atentado contra João Paulo II pode ter sido planejado pelos membros da seita em razão de o Santo Padre estar agindo contrariamente aos interesses dessa organização e que as tentativas recentes de ecumenismo podem estar sendo influenciadas por essa seita obscura.

Sei que o livro trata de questões seríssimas e bastante delicadas, sobretudo ao falar da Igreja. Como leitor diário do site da Montfort, sei que vários dos temas tratados no livro vêm sendo discutidos na seção “Cartas de Leitores”.

Assim, meu objetivo ao escrever esta carta é indicar a referida obra literária à apreciação dos membros da Montfort e, em especial, do ilustre Professor Fedeli, em quem vejo a pessoa mais confiável para se pronunciar sobre o livro. Reputo Orlando Fedeli, seja por seus vastíssimos conhecimentos históricos, seja pela beleza, seriedade e coragem de seu apostolado, o mais indicado Professor para apreciar as questões suscitadas.

Na oportunidade, registro que espero ainda poder contar com uma das palestras do Prof. Fedeli em minha cidade, Vitória-ES, e conhecê-lo pessoalmente.

 

Cordiais saudações de

Seu irmão em Cristo,

Felipe Cola.

 

———-

Muito prezado Felipe,

Salve Maria!

 

Muito obrigado por suas palavras mais que generosas para com minha pessoa. Mas, a honestidade me obriga a dizer-lhe que elas são extremamente exageradas e não correspondentes à realidade.

Quanto ao tema de sua carta — o papel dos Iluminados na História – devo dizer-lhe que embora não conhecendo a obra de Koch sobre eles, pelo que você me diz, há muito de verdade em suas afirmações. Um reparo talvez pertinente seria o de considerar os Iluminados da Baviera gnósticos, quando, na realidade, eles foram materialistas, racionalistas e panteístas. Durante todo o tempo de maior atuação dos Iluminados da Baviera, eles tiveram sempre a oposição da Maçonaria gnóstico-tradicionalista dos que se diziam Iluminados pelo Espírito Santo. Deste ramo das seitas secretas faziam parte os pietistas alemães e os quietistas franceses. Os Matinezistas de Martinez de Pasqually e os martinistas seguidores do Filósofo Desconhecido Louis Claude de St. Martin, que havia sido secretário de Martinez de Pasqually.

Entre os martinistas mais famosos deve ser contado Joseph de Maistre que teve enorme influência quer no Covent Maçônico de Williamsbad, em 1784, como em todas as correntes católico-tradicionalistas do século XIX e XX, entre elas a seita da TFP.

Foram os Iluminados da Baviera — ligados ao Grande Oriente – que fizeram o que Joseph de Maistre chamava “la sale besogne” (a faxina) sanguinária da Revolução Francesa, para depois virem os gnósticos das sociedades secretas místicas, ligadas à Maçonaria mística, fazer a “decoração”. Foram os místicos que, depois de Napoleão, fizeram a Restauração – palavra chave da maçonaria martinista que significava a restauração do homem no estado de inocência primeva. Foi a mística gnóstica Madame Krüdener que orientou o Kzar Alexandre as senas iniciáticas que instituíram a Santa Aliança e a espúria Restauração monárquico-parlamentar, em 1815, na França. Essa monarquia espúria fez o casamento da monarquia católica com as idéias constitucionalistas nascidas da Revolução Francesa. Daí nasceu, mais tarde, o catolicismo liberal de Lammenais.

Com Roosevelt, o plano de estabelecer uma Nova Era – o Novus Ordo Saeculorum da nota de um dólar – foi proposto à Igreja Católica em carta do presidente americano a Pio XII no Natal de 1939.

Se você ler a Mensagem de Natal de Pio XII de 1939, terá a surpresa de ver incluída nela a carta de Roosevelt, na qual ele delineia para Pio XII, como seria a Nova Ordem do Mundo após a II Guerra Mundial: uma ordem democrática, ecumênica, tolerante, construída pela colaboração de todas as religiões e de todos os governos do Mundo.

Em minha última polêmica com Dom Estevão Bettencourt ficou clara a aproximação entre Maçonaria e Igreja, após a Segunda Guerra Mundial, e como o Concílio Vaticano II foi, no dizer do próprio Papa João Paulo II, uma tentativa de síntese – [aberrante] entre o Catolicismo e o Iluminismo (Cfr. João Paulo II, Memória e Identidade, Loyola, São Paulo 2005, p. 163).

Daí o Vaticano II ter aceito a Modernidade, isto é, o Antropocentrismo, “o Culto do Homem“ como declarou o próprio Papa Paulo VI. Daí a aceitação pelo Vaticano II dos princípios de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Haveria que tratar ainda do atentado contra João Paulo II e da oposição da maçonaria racionalista à política de João Paulo II e Bento XVI em matéria moral.

Mas isso exigiria um longo trabalho…

Quem sabe indo eu a Vitória, possa dar uma palestra sobre esse tema.

Porque irei a Vitória.

Porque iremos à vitória.

Não considero, porém, que estejamos, já, às vésperas do Anticristo, embora concorde que assistimos à Grande Apostasia. Mas esta é uma mera opinião minha sobre um assunto envolto em tal mistério que ninguém sabe desvendar. Muito menos eu.

Mas não creio que venha agora o Anticristo, porque julgo que caminhamos para a vitória. Queira Deus que essa vitória venha o quanto antes. E quem sabe já pelas medidas salutares que Bento XVI vem prometendo. Escreva-me sempre e até breve.

Em Vitória.

Com a vitória!

 

In Corde Jesu, semper,

Orlando Fedeli

 

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