Substância e Acidente

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Data: 26-Ago-2020
Nome: Thiago Santos
Assunto: Dúvida sobre substância e acidente

Bom dia!

Eu tenho algumas dúvidas relacionadas ao tema. Por exemplo: tem a formação do ser que se dá através da concepção, mas ainda não é possivel identificar os membros, como braços, pernas, cabeça e etc. Mas mesmo assim é possível ja chamar esse ser de substância?

Outra questão é se a maça pode ser considerada substância ou é a macieira. A caneta é substância ou é simplesmente um conjunto de acidentes que forma uma caneta?

Eu tenho dúvidas a respeito desses exemplos.

***

Resposta

Prezado Thiago,

Salve Maria!

Quanto à primeira dúvida: o corpo não é a forma substancial do ser humano, mas sim a alma espiritual. A alma espiritual é criada por Deus no instante da concepção no ventre feminino. A união entre o espermatozoide e o óvulo (formando o zigoto) portanto, para que tal união constitua efetivamente um ser humano, requer a criação ex nihilo por Deus do esse ut actus essendi (limitado pela essentia ut potentia essendi) do ser humano, ato primeiro intrínseco ao ser humano e do qual imediatamente difunde-se a atualidade mesma da forma substancial da alma humana, alma que é a forma substancial do zigoto (requer-se portanto a intervenção divina criadora do esse ut actus essendi e por conseguinte da alma que é dele imediatamente procedente, alma que é a forma substancial do zigoto).O zigoto, portanto, já é corpo humano, pois já é necessariamente informado pela alma humana (sua forma substancial) que por sua vez é informada, atuada pelo esse ut actus essendi limitado pela essentia ut potentia essendi (essência de ser humano) que é o  seu ato primeiro imanente (e que por sua vez é atuado e mantido em seu ser participado diretamente por Deus, esse purum infinitamente transcendente e extrínseco a todo esse per participationem, que é o esse ut actus essendi limitado da criatura). O zigoto ainda não é corpo humano perfeitamente formado, mas é corpo humano: já é um ser humano, mesmo que as perfeições do corpo estejam ainda apenas em estado de virtualidade no esse ut actus essendi e em potência na forma de zigoto. Assim, mesmo antes de o corpo estar plenamente desenvolvido, a forma substancial da alma humana está lá plena, dotada das virtualidades (como que a “força” de “transbordar” atualidade, comunicar atualidade ao corpo, força essa que lhe é comunicada pelo esse ut actus essendi que é o ato primeiro  imanente do ente e metafisicamente anterior à substância – sobre esse assunto ver nossa aula Itinerário da mente para Deus através de uma Rosa no canal Flos Carmeli) que, comunicando a perfeição do ser (esse) ao corpo humano, gradualmente desenvolve-o, comunica como que a força de ser que irá desenvolver os membros do corpo plenamente. O esse ut actus essendi comunica atualidade à alma humana, que comunica atualidade ao corpo. Por essa razão, mesmo antes do corpo desenvolver-se plenamente, mesmo já no zigoto – uma vez que a alma humana é a forma substancial do ser humano – o zigoto já se trata de um ser humano. As perfeições a serem desenvolvidas no corpo já estão virtualmente presentes no embrião, seja sobretudo pela virtus essendi do esse ut actus essendi do ente humano (pois já é ser humano), seja pelo esse in actu da forma substancial da alma humana que já está plena e perfeitamente constituída no embrião, por meio da qual a virtus essendi (a força imanente de fazer ser, a força de ato) do esse ut actus essendi do ente humano será comunicada, como que “transbordada” gradualmente e assim desenvolvendo plenamente a forma do corpo humano enquanto corpo humano, (o esse ut actus essendi comunica também a atualidade do esse in actu seja aos acidentes próprios e estáveis da própria alma – essas não gradualmente, mas imediatamente na criação da alma humana – e, subsequentemente, às operações ou ações humanas). O esse ut actus essendi do ser humano – assim como o esse ut actus essendi de toda de cada criatura (cada uma tem o seu), que é o ato primeiro intrínseco de um ente (anterior mesmo à substância e aos acidentes) é por sua vez atuado diretamente por Deus, atuação essa que se dá no influxo causal do ato criador ex nihilo, influxo causal esse que se perpetua, contínua no influxo causal divino conservador e governador do ser da criatura. Mas esse assunto requer uma explicação mais extensa.

A respeito dessa questão do esse ut actus essendi, recomendamos não somente a aula já mencionada, mas as próximas que gravamos meses atrás e devem sair nas próximas semanas a respeito do ser.

Sobre a maçã: quando ela está ligada à macieira, pode-se dizer que ela ainda constitui como que uma parte da árvore, e assim como que a integra. Após soltar-se, cair, ou alguém retirá-la, é que ela deixa de ser uma parte da árvore. Mas ela já é maçã nos dois casos, embora no primeiro seja como que ainda uma parte da árvore.

A caneta – como muitos objetos artificiais (no sentido de ser fruto de artesanato humano, artificialidade) – na medida em que é constituída por partes (peças) distintas unidas, ela não é um todo substancial, mas sim um todo acidental. Cada parte, cada peça da caneta é dotada de uma forma substancial distinta.  O todo da caneta portanto não é substancial, mas acidental.

Espero ter ajudado.

Salve Maria!

Fernando Schlithler

Doce Coração de Maria, sede a nossa salvação.

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