639- Virgem Maria, Mãe de Deus (5 de 6)

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Orlando Fedeli

Virgem Maria, Mãe de Deus

 

  • Localização: Belo Horizonte – MG

 

 

Passemos a outra heresia lagonhenta.

2ª Heresia dos fariseus da Lagoinha: Negação da Virgindade perpétua de Maria.

Dá-me o atrevido Saul, em meio a ofensas e “caríssimos”, um texto da Escritura:

“E Jose’, tendo despertado do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu sua mulher. Contudo, não a conheceu enquanto ela não deu à luz a um filho; (grifo meu) e pôs – lhe o nome de Jesus” (Mt 1.18-20;24,25).

E interpreta particularmente esse texto com um cediço e mentiroso argumento:

“Professor é o caro Orlando, ele poderá de uma forma bem real, mostrar à todos os leitores do site Montfort, o que Mateus quis dizer com a expressão “enquanto” ela não deu à luz a um filho, talvez ele, o Caro Professor Orlando, possa dizer a vocês, o que aconteceu entre o MARIDO JOSÉ e a ESPOSA MARIA, virgem? , imaculada?, depois que Jesus nasceu e cumpriu – se o tradicional período de resguardo pós parto.”

Toda sua argumentação se fundamenta na palavra “enquanto” do texto de São Mateus, que até a bíblia protestante de Ferreira de Almeida traduz por “até que”.
Ora, há outros textos da Sagrada Escritura que mostram o que significa a palavra enquanto.
“Micol, filha de Saul, não teve filhos até (ou enquanto) o dia de sua morte” (II Reis, VI, 3).
Quer dizer então que — seguindo o entendimento de Saul – Micol teve filhos depois do dia de sua morte?
Evidentemente é um absurdo. Até que ou enquanto, na linguagem da Escritura, quer dizer nunca. É uma forma hebraisante de dizer nunca.

Outro exemplo se tem no texto que trata do corvo da arca de Noé:
“… e soltou [Noé] um corvo, o qual saiu e não tornou mais, até que as águas que estavam sobre a terra se secaram” (Gen. VIII, 6-7).
Quer dizer que o corvo voltou para a arca depois que terminou o dilúvio e as águas baixaram? É claro que não. O corvo não voltou mais.

Terceiro exemplo, porque para empedernidos são necessárias muitas provas:
“Entregar-te-á nas tuas mãos os seus reis, e fará que não fique memória de seus nomes debaixo do céu; ninguém te poderá resistir até que (ou enquanto) os tenhas feito em pó.” (Deut. VII, 24).
Quer dizer, ó exímio Saul, que depois de terem sido feitos em pó, os reis poderiam resistir?

Da mesma forma então, o “enquanto” da frase de São Mateus não indica que, depois, Maria perdeu sua virgindade.
E se ela colocou uma ressalva ao anjo, perguntando como conceberia, pois “não conhecia homem” se para ser Mãe de Jesus ela condicionou essa honra à manutenção de sua virgindade, porque aceitaria depois perdê-la para ter filhos comuns?

E se o sinal dado pela profecia era que “uma virgem daria à luz”, se ela, depois, se tornasse mãe de outros filhos de modo normal, se poria muito mais em dúvida sua virgindade e sua honestidade no caso da geração de Jesus.

2º argumento dos fariseus da Lagoinha contra a virgindade perpétua da Mãe de Deus.

Escreve-me atrevidamente Saul, com o apoio e consenso universal de todos os hereges da famosa Lagoinha de Belo Horizonte:

“Outra doutrina fora da realidade bíblica é a de que Maria continuou sendo a “virgem Maria”. Depois de dar a luz, segundo acreditam alguns, dentre esses, o meu Caro Professor Orlando, Maria teria permanecido virgem. Ao observar as Escrituras, caros leitores do site Montfort*, temos, à luz, a confirmação daquilo que vos digo. Prestem atenção! Jesus foi filho PRIMOGÊNITO de Maria, não o UNIGÊNITO. Ela teve outros filho, sendo esses, inclusive mencionados na Bíblia.”

Ignorante Saul! Como faz mal dar a Bíblia a uma pessoa cheia de ódio e sem sabedoria como você!
Por acaso você não leu o que está escrito na Bíblia que você diz aceitar?
Leia então o que diz ela no livro do Êxodo.
Nesse livro é contado como Deus puniu todos os primogênitos do Egito, e poupou os de Israel. (Ex. XII, 29), e que, por isso, Deus determinou: “Consagra-me todo o primogênito” (Ex. XIII, 2). E ainda: “Dar-me-ás o primogênito de teus filhos” (Ex XXII, 29).
E no livro dos Números, Deus determinou: “ Todo primogênito é meu. Desde o dia em que feri os primogênitos na terra do Egito, consagrei para mim todo o que nasce primeiro em Israel, desde o homem até o animal: são meus. Eu sou o Senhor” (Núm. III, 13).
Por isso, todo primogênito devia ser apresentado resgatado no Templo. São José e a Virgem Maria foram obedientes à lei, e apresentaram seu primogênito no Templo e pagaram por Ele dois pombinhos, que eram o resgate imposto aos pobres. (Luc.II, 21-25).

Se a mulher tivesse ou não outros filhos, o primeiro tinha E TEM sempre o título de primogênito. O fato de que Cristo tenha sido o primogênito não significa absolutamente que a Virgem Maria tenha tido outros filhos depois do Primogênito.
Compreendeu, ó insolente e desrespeitoso Saul?

Foi achada uma antiga inscrição hebraica em Tell el Yedouihie, que fala de uma mulher chamada Arsinoé, que morreu ao dar à luz seu primogênito (cfr. Lucio Navarro, Legítima interpretação da Bíblia, Campanha de Instrução religiosa Brasil Portugal, Recife, 1938, p.587). Se aplicarmos a lógica de Saul, o fato de ela ter tido um primogênito exigiria que ela tivesse também filhos depois da morte!

Que lógica, hein, Saul?

Daí, Saul, o herege, vem com outro “argumento”, o famoso texto que fala dos “Irmãos de Jesus”:

Evangelho de Marcos 6.3 - ” Não é esse o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E as suas irmãs não estão aqui entre nós?”

Pois vou fazer o próprio Santo Agostinho responder aos hereges da Lagoinha. Escreveu sobre esse problema o grande Bispo de Hipona:

“Segundo observa o evangelista João: “Jesus desceu de Cafarnaum, Ele, sua mãe, seus irmãos e seus discípulos” (Jo. II, 12). Portanto, Jesus possuía mãe, irmãos e discípulos. E se ele possuía irmãos é porque tinha mãe.
“O hábito de nossa Escritura Santa, com efeito, é de não restringir esse nome de “irmãos” unicamente aos filhos nascidos do mesmo homem e da mesma mulher. Nem àqueles que nascem de uma só e mesma mulher, ou só do mesmo pai, ainda que nascidos de mães diferentes. Nem mesmo de restringir o nome de irmãos a primos de primeiro grau, como são os filhos de dois irmãos ou de duas irmãs. Não são esses, unicamente, os que a Escritura costuma chamar de irmãos.“
“É preciso penetrar o sentido das expressões empregadas pelas Escritura Sagrada. Ela tem sua maneira de dizer. Possui sua linguagem própria. Quem ignora essa linguagem – [é todo o pessoal da Lagoinha. E quem ignora é ignorante.] – pode ficar perturbado e perguntar-se: Então, o Senhor tem irmãos ? Será que Maria teve ainda outros filhos?”
“Não! De modo algum! Foi desde o seu parto virginal que principiou a dignidade das virgens. Essa filha do gênero humano pôde ser mãe, mas foi “mulher”, sem dúvida, em consideração a seu sexo, mas não por ter perdido a virgindade. Isso é assim deduzido, se considerarmos a linguagem da Escritura. (…)”
“Qual é, pois, a razão de ser da expressão “irmãos do Senhor”? Irmãos do Senhor eram os parentes de Maria. Parentes, em algum grau que seja. Como se demonstra isso? Pela própria Escritura, que chama, por exemplo, Lot de irmão de Abraão (Gen, XIII, 18e XIV, 14). E ele era um filho de seu irmão. Lede e vereis que Abraão era tio de Lot, e, todavia, chamavam-se ambos de irmãos. Perante esses fatos, ficareis sabendo que todos os consangüíneos de Maria eram considerados irmãos de Cristo” (Santo Agostinho, Comentário do Evangelho de São João, X, 2).

Entendeu, ó cabeçudo e pretensioso Saul?
Você viu de onde vem o que você chamou de meu “blá blá blá? O que você julgou ser um blá, blá, blá, digno de um “professor Raimundo”, era um texto de Santo Agostinho.
Ficou-lhe patente sua presunção e sua ignorância, blasfemador Saul?

Cometendo um grosseiro erro de interpretação, você me ousa escrever:

“Prestem bem atenção, caros leitores ao que está escrito aqui, à relação que o próprio Senhor Jesus faz entre ele e sua família: “… É por tua causa que eu suporto insultos, que a confusão me cobre o rosto, que me tornei um estrangeiro aos meus irmãos, um estranho para os filhos de minha mãe” …

Como se a palavra “irmãos“, nesse texto, significasse irmãos carnais, filhos do mesmo pai e de mesma mãe, quando é evidente que aí, nesse texto que você cita, a palavra “irmãos” designa os judeus que não receberam a Cristo Jesus como Redentor.

E também a virgindade de Maria, no gerar Cristo, foi defendida pela Igreja primitiva.

Dou-lhe apenas três provas disso, já que a virgindade de Maria, na concepção de Jesus, não foi negada pelo “consenso” da Lagoinha.

Santo Inácio, que morreu em 107 — bem no início da era cristã – Bispo de Antioquia e considerado como herdeiro de São João, foi o primeiro a usar a expressão Igreja Católica escreveu:

“E permaneceram ocultos ao príncipe desse mundo a virgindade de Maria e seu parto, bem como a morte do Senhor: três mistérios de clamor, realizados no silêncio de Deus” (Santo Inácio de Antioquia, Carta aos Efésios, PG. V, 644 ss.).

São Justino, mártir no ano 165, no Diálogo com Trifão,  confessou que:

“Dizia-se [Jesus] portanto, filho do homem, seja em razão de seu nascimento de uma Virgem que, como assinalei, era da raça de Daví, de Jacó, de Isaac e de Abraão, etc…” (São Justino, mártir, Diálogo com Trifão, cap.94-100, PG VI, 701ss).

Santo Irineu (U202) refere-se a Jesus como sendo “O próprio Verbo, nascido de Maria que era ainda Virgem”.

Dir-me-á atrevidamente Saul, enfurecido contra a virgindade perpétua da Mãe do Senhor Jesus Cristo, da qual ele faz questão de diminuir a honra: a virgindade perpétua de Maria só começa a ser afirmada com força a partir do século IV.

Quer dizer, Saul, que agora você dá valor ao ensino da Tradição?
Já é um progresso.
De fato, a defesa da Virgindade perpétua de Maria só começa a ser feita a partir do século IV (antes do Concílio de Éfeso de 431).
E sabe por que isso, ó insolente Saul?
Porque até então, estando bem viva a tradição apostólica e bem viva a devoção que se tributava à Mãe do Senhor, não aparecera ainda – graças a Deus! — nenhum homem da linhagem e do espírito de Saul.

Graças a Deus não havia ainda Lagoinhas…

Quando apareceram os primeiros hereges negando a verdade da virgindade perpétua de Nossa Senhora, aí apareceram os primeiros textos de Doutores e Padres da Igreja defendendo a verdade e a honra virginal e perpétua da Mãe do Senhor e Mãe nossa.

Santo Agostinho (354-430), que viveu antes do Concílio de Éfeso, escreveu:

“Concebeu-O [a Cristo Jesus] sem concupiscência, uma Virgem; como Virgem deu-lhe à luz, Virgem permaneceu“ ( Santo Agostinho, Sermão sobre a Ressurreição de Cristo, segundo São Marcos, PL XXXVIII, 1104-1107).

E diante de Santo Agostinho, que é Saul da Lagoinha? Cale-se a ignorância ante a sabedoria. Cale-se a heresia em face da ortodoxia. Cale-se a insolência dos soberbos face a humildade do grande Doutor de Hipona.

E que vale o consenso da Lagoinha face a palavra do Santo Doutor de Hipona?

Santo Atanásio (295-386?), o grande defensor da divindade de Cristo Jesus contra os hereges arianos, proclamou também a virgindade perpétua de Maria Santíssima.
“Jesus tomou carne da sempre virgem Maria“.

Dídimo, o cego (U380), que foi mestre de São Jerônimo, escreveu a respeito de Nossa Senhora:
“Mesmo depois do nascimento, ela permaneceu sempre e para sempre virgem imaculada”.

Santo Ambrósio de Milão (U397), citando a profecia de Ezequiel – “Essa porta é para permanecer fechada; ninguém pode abri-la para entrar por ela. De modo que, desde que o Senhor, Deus de Israel entrou por ela, ela permanecerá fechada” (Ez. XLIV, 2) – ele então comenta:
“Quem é essa porta, senão Maria?”

Santo Epifânio, bispo de Salamina, explica que “ao nome de Santa Maria invariavelmente se acrescenta o epíteto de Virgem, porque essa Santa Mulher permaneceu inviolada”.

São Jerônimo (U420, antes de Éfeso), atacando o herege Helvidius, disse:
“Você diz que Maria não permaneceu virgem “Quanto a mim, eu proclamo que o próprio José era virgem, de modo que, o filho da Virgem nascesse através de Maria, de um matrimônio virginal”.

São Cirilo de Alexandria (U444), em seu discurso defendendo a maternidade divina de Maria contra o herege Nestório, proclamou:
“A paz que o blasfemo Nestório perturbara, negando que de Maria Virgem nasceu o Verbo e Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo. Ele não quis reconhecer a inviolável virgindade de Maria, nem crer na palavra do arcanjo: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo”. (São Cirilo de Alexandria, Discurso no Concílio de Éfeso, P.L. LXXVII, 1029-1040).

Percebeu como o que diz São Cirilo do ímpio Nestório cabe para você, Saul?

 

 

*O professor Orlando Fedeli foi presidente da Associação cultural Montfort de 1983 a 2010.

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