698- Presbiteriano Defende o Relativismo Doutrinário

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Orlando Fedeli

Presbiteriano Defende o Relativismo Doutrinário

 

  • Localização: Franca – SP

 

Olá! Estive lendo as inúmeras ofensas que protestantes e católicos escreveram neste site e estou a me questionar pra quê isso? Cada qual tem suas crenças, cada um se julga certo, mas e o Amor? E a união? Jesus Cristo deve se entristecer muito com esse monte de acusações e divisões.

Um fala dos papas, o outro de Calvino, quando todos sabemos que somos apenas pecadores. O que vocês esperavam de pecadores? Que fossem perfeitos? Que não errassem? A inquisição foi terrível, mas Calvino também foi terrível. Hitler perto de T.Torquemada é um aprendiz de vilão, mas nem por isso o podemos achar santo.

Façam um favor a vocês mesmos: aperfeiçoem-se no amor, falo isso tanto ao protestante como ao católico. Eu sou presbiteriano e nem por isso me sinto ofendido pelo papa chamar a minha religião de seita herética, é apenas uma questão de ponto de vista, pra nós eles são seita herética. E creio que ambos estamos errados. Todos temos o direito de ter nossas opiniões, senão voltaríamos à inquisição.

Espero que os 2 reflitam e pensem na oração de Jesus: “a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.” Jô 17:21.

Ser evangélico ou ser católico não tem importância alguma, o que importa é o amor, a misericórdia, a fidelidade, a caridade e a união.

Não me levem a mal e que Deus nos abençoe a todos, pois tenho certeza que todos estaremos juntos um dia, lá no céu, onde não haverá mais religião, pois já estaremos religados ao Pai.

Com amor e em Cristo.

 

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Prezado, salve Maria!

O que você defende é o relativismo doutrinário. Para você, cada um tem a sua própria verdade. Essa tese é a do subjetivismo negador da existência da verdade.

Meu caro, a verdade é objetiva. Ela não depende de ponto de vista, coisa nenhuma. Ela depende do objeto conhecido. O lugar onde cada um tem sua verdade pessoal, provinda de um ponto de vista muito pessoal, é o hospício onde cada louco pode se julgar Napoleão ou o Flash Gordon. Ou o Pinóquio.

Verdade é a correspondência entre a idéia do sujeito conhecedor e o objeto conhecido.

Idéia do sujeito <——– Objeto conhecido.

Nossas inteligências “fotografam” os objetos, e extraem deles uma idéia abstrata. A verdade é a correspondência exata entre essa idéia e o objeto conhecido.

Se cada um tivesse uma “fotografia” pessoal do objeto real conhecido, seria impossível conversar, ou mesmo viver em sociedade.

Imagine dois homens jogando xadrez. O que aconteceria se cada um deles tivesse uma idéia pessoal das peças do xadrez?

Simplesmente não seria possível jogar.

Cada um veria o cavalo, ou o Rei, ou a Dama de modo diverso. Um poderia tomar a torre como copo de refrigerante e tentaria beber a torre. Outro veria o cavalo como martelo, e começaria a dar com ele na cabeça do rei, porque a via como prego. E assim por diante.

Essa partida louca de xadrez é o que você imagina das posições religiosas.

Isso é um absurdo.

Assim como dois jogadores de xadrez vêem as peças do jogo do mesmo modo, assim também todos os homens vêem a realidade do mesmo modo.

Quem introduziu o subjetivismo na religião foi Lutero, ao defender que cada homem poderia interpretar a Bíblia a seu modo.

O resultado dessa loucura foi à multiplicação das seitas protestantes. Hoje existe até uma delas que se intitula igreja evangélica Sopa Sabão e Salvação.

E o que Lutero fez na religião, introduzindo o subjetivismo na leitura da Bíblia, a Filosofia idealista alemã e o Romantismo fizeram na leitura do mundo. Kant e os demais filósofos protestantes introduziram o livre exame na interpretação da realidade do mundo. Cada um teria a sua verdade pessoal sobre tudo, desde Deus até chuchu. E o mundo virou um hospício. Cada um com sua religião. Cada um com a sua verdade. Como na Torre de Babel, ninguém mais se entendeu.

E nessa torre de babel em que vivemos, você vem falar do amor , sem perceber que nesse hospício relativista, cada um tem uma idéia diferente e pessoal do amor.

Você percebeu que a idéia de amor do Bin Laden é muito original?

Você gosta de xoró no avesso?

Certamente que não, porque se xoró não existe, quanto mais no avesso.

Então é impossível você amar xoró no avesso, pois só se ama o que se conhece.

Só se pode amar o que se conhece. Não há amor sem conhecimento. O amor provém do conhecimento. Conhecendo que algo é bom, nós queremos esse bem.

Amar é querer bem a outrem. Ora, só poderemos querer bem, se sabemos o que é o bem.

O amor provém então da verdade. Quando você nega a verdade objetiva, você está negando o bem objetivo. Você está negando e impossibilitando o amor.

O que você chama de amor é um sentimento romântico, que nada tem a ver com o amor, que é um ato da vontade.

E é falso que não se pode querer que todos sejam perfeitos, pois Cristo nos disse:

“Sede perfeitos como também vosso Pai do celestial é Perfeito” (Mt. V, 48).

Deus é absolutamente perfeito. Nós podemos ser relativamente perfeitos.

Se fosse impossível alcançar a perfeição Jesus teria errado nos mandando que fôssemos perfeitos.

E noutra passagem Jesus disse ao jovem rico:

“Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu” (XIX, 21).

Logo, é possível ser perfeito, com a graça de Deus, e é o que devemos desejar para nós e para os outros, mesmo para os pecadores. Por isso Cristo converteu a tantos pecadores, por exemplo, a adúltera, a mulher do poço, o publicano Levi, e a tantos mais.

Quanto à sua idéia de que é errado acusar quem está em erro, porque “Cada qual tem suas crenças, cada um se julga certo, mas e o Amor? E a união? Jesus Cristo deve se entristecer muito com esse monte de acusações e divisões”, essa sua idéia condena o próprio Jesus Cristo. Pois você nunca leu, nos Evangelhos que Jesus dirigia palavras bem duras aos fariseus?

Leia, por exemplo, o capítulo XXIII do Evangelho de São Mateus, no qual Cristo chama os fariseus de “hipócritas” e de “cegos”, de “sepulcros caiados”, de “serpentes” e de “raça de víboras”. E noutra passagem os chamou de “filhos do demônio” (Jo VIII, 44).

Se você, presbiteriano que é, se você estivesse assistindo à discussão de Cristo com os fariseus, você interviria, dizendo a Jesus e aos fariseus:

“Cada qual tem suas crenças, cada um se julga certo, mas e o Amor? E a união?”.

E você, como presbiteriano que quer a união de todos — “assim na terra como nos céus” — você acharia ruim que Cristo disse:

“Não julgueis que vim trazer a paz, mas a espada. Porque vim separar o filho de seu pai, e a filha de sua mãe, e a nora de sua sogra” (MT X, 34).

Meu caro romanticamente amoroso, saiba que o inferno é que é ecumênico e relativista. Mas lá, como nos séculos modernos, reina o ódio. No inferno é que haverá “liberdade” dos rebeldes pensarem o que quiserem. E “livremente” se atormentarão.

No céu, haverá uma só verdade. O céu não é nem ecumênico, nem relativista, mas católico. No céu, todos terão uma só verdade.

O último que no céu defendeu sua opinião própria foi Lúcifer, e, por isso, ele foi jogado no caldeirão dos relativistas, onde cada condenado tem a sua opinião. No tormento eterno. Porque não querem ser convencidos pela única verdade que é Cristo, Deus e homem, filho da sempre Virgem Maria.

E você repare como nossos tempos parecem muitíssimo com o inferno, pois também hoje, cada um pensa ter a sua verdade.

E onde está o amor em nossos dias?

Rogando a Deus que lhe abra os olhos, me subscrevo,

in Corde Jesu et Mariae, semper,
Orlando Fedeli.

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