882- Católicos de Ontem e Hoje (RCC e Protestantismo) 4 de 10

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Orlando Fedeli

 Católicos de Ontem e Hoje (RCC e Protestantismo) 4 de 10

 

  • Localização: Rio de Janeiro – RJ

 

Na página 11 se disse que “A teologia católica não pode aceitar a explicação de que o poder do Espírito até então latente de repente se transformasse numa vivência pessoal”. Depois, na página 19, se diz que “Através do Batismo o Espírito Santo a graça dos Sacramentos de Iniciação Cristã (Batismo, Crisma e Eucaristia), pode ser vivenciada em plenitude” De novo tem que se perguntar: afinal o que vale?

Constata-se assim um método de dizer ora uma coisa, ora o contrário, o que indica a clara vontade de iludir.

Ao mesmo tempo em que se ensina ambiguamente que o Batismo no Espírito Santo é, e não é, sacramento, e que desperta virtudes e graças já presentes na alma da pessoa batizada, se diz, depois, que há uma nova efusão de graças do Espírito Santo e que “a presença operante do Espírito tornou-se sensível na consciência pessoal” (Escola Paulo Apóstolo, A Espiritualidade da RCC – Apostila I, Ano 98, p. 33. O negrito e meu) Contradições curiosas…

Cabe perguntar: como o Espírito Santo se torna “sensível na consciência pessoal”, se Ele é puro Espírito?

Isso cheira exatamente como a experiência interior da Gnose e do Modernismo.

Assim também se posiciona Salvador Carrillo Alday, M. Sp.S. no folhetim intitulado O Batismo do Espírito Santo, Comunidade Emanuel, edição Louva-a-Deus. Rio de Janeiro, 1991, que escreveu: “Não sendo o “batismo no Espírito” nem o sacramento do batismo, nem o da confirmação pode-se dizer que o batismo no Espírito é uma efusão a mais, uma nova efusão do Espírito Santo que põe em atividade o rico potencial de graça que Deus deu a cada um segundo sua própria vocação e segundo o carisma do estado próprio de vida (cfr. I Cor. VII, 7).(Salvador Carrillo Alday, M.Sp.S., O Batismo do Espírito Santo, Comunidade Emanuel, edição Louva-a-Deus. Rio de Janeiro, 199, p. 18).

Portanto, o “Batismo no Espírito Santo” não é nem o batismo, nem o Crisma. É outra coisa que nos permitiria uma “efusão a mais, uma nova efusão” do Espírito Santo que atualiza o que já existia. E isso contraria o que foi dito pela Apostila da Escola Apóstolo Paulo, na página 11 Fica difícil não ver, nessa conceituação, que não se considere esse “Batismo no Espírito Santo” como um pretenso novo verdadeiro sacramento.

Esse mesmo autor– Salvador Carrillo Alday, M. Sp.S. — repete mais adiante: “O batismo no Espírito Santo pode, pois, descobrir-se, ou como uma nova efusão do Espírito Santo em nós, ou como um deixar em liberdade o Espírito para que atue em nós com todo o seu poder, pondo em atividade os carismas que Ele mesmo queira nos comunicar e produzindo os frutos de sua ação soberana” (Salvador Carrillo Alday, M.Sp.S., O Batismo do Espírito Santo, Comunidade Emanuel, edição Louva-a-Deus. Rio de Janeiro, 199, p. 20).

E ao comentar o Crisma, esse mesmo autor nos diz: “Contudo, este sacramento – [do Crisma ou Confirmação] – não esgota o conteúdo total daquela experiência pneumática. Pentecostes tem uma riqueza tal que não pode encerrar-se apenas na Confirmação. Ou o que é o mesmo no sacramento da Confirmação recebe-se o dom do Espírito santo, mas de forma alguma a confirmação exclui ulteriores doações do Espírito Santo, sacramentárias ou extra sacramentárias” (Salvador Carrillo Alday, M.Sp.S., O Batismo no Espírito Santo, Comunidade Emanuel, edição Louva-a-Deus. Rio de Janeiro, 199, p. 25. O negrito é meu).

Está aí, bem expressa nessas palavras colocadas em negrito, a afirmação clara de que o “Batismo no Espírito Santo” é uma forma sacramentária de receber a graça de Deus, isto é, o “Batismo no Espírito Santo” é tido explicitamente, pelo menos por alguns carismáticos, como um sacramento. Outros dizem o mesmo, mas de modo velado, insinuado, pois não ousam desafiar claramente o anátema de Trento.

Não faltam autores carismáticos ainda mais explícitos. Por exemplo, no folhetim redigido por Stephen B. Clark se lê: “O Batismo no Espírito Santo é uma experiência definitiva para um número sempre crescente de católicos. Quando estes a descrevem, surgem, então, os resultados que se pretendem deste sacramento, tal como ilustrados nos textos teológicos” (Stephen B. Clark, A Relação entre o Batismo no Espírito Santo e a (Sic.) Crisma, e Encontros para Oração no Espírito Santo, Tradução e Introdução pelo Padre Haroldo, Assistente de Treinamento de Liderança Cristã, Empresa Gráfica e Editora Palmeiras Ltda, C. G. C. — M. F– 46.002.960 sem data. Centro Social Presidente Kennedy, Campinas, São Paulo, p.35. O negrito e o sublinhado são meus).

Nesse folheto está escarrapachada a tese condenada pelo Concílio de Trento de que o Batismo no Espírito Santo é um oitavo sacramento. Este último autor afirma ainda que, como os hereges certamente recebem o Batismo no Espírito Santo, isso prova que ele não tem relação nenhuma com o Crisma: “Não católicos cristãos, que não tenham sido crismados, recebem o Batismo no Espírito Santo. Se assim é, como seria possível uma definição do Batismo no Espírito Santo como uma renovação da Crisma ou a liberação do poder do Espírito realizada neste ato?” (Stephen B. Clark, op. cit., p. 37) Ao mesmo tempo em que afirma escandalosamente que o Batismo no Espírito Santo é um sacramento, esse mesmo autor, Stephen B. Clark, procura desvalorizar o Sacramento do Crisma, quase que negando que ele seja de fato um Sacramento.

Assim, diz ele: “A (sic!) Crisma nunca ocupou um lugar de destaque em meio à Cristandade. Este sacramento, experimentalmente, não tem muito significado” (Stephen B. Clark, A Relação entre o Batismo no Espírito Santo e a (Sic.) Crisma, e Encontros para Oração no Espírito Santo, Tradução e Introdução pelo Padre Haroldo, Assistente de Treinamento de Liderança Cristã, p. 23).

É incrível a ousadia com que se escrevem e imprimem, com introdução de sacerdotes, tamanhas tolices e tamanhos erros teológicos: o Crisma não teria muito significado !

É o caso de se dizer: Mas que falta faz a Inquisição!

Mais ainda. Esse autor escreve: “Atualmente na Igreja Católica, há um novo interesse em sacramentos “renovadores”. Em retiros, ou outras reuniões dessa natureza, é fato comum incluir-se entre as matérias a serem analisadas uma ” Renovação do Batismo” ( não exatamente uma renovação do Voto do Batismo), como também uma ”Renovação do Crisma”. Qualquer que seja o significado dessas cerimônias, elas, ao menos, mostram o crescente cuidado da Igreja para o fato de que algo há de errado no modo pelo qual estes sacramentos se manifestam quando são conferidos” (Stephen B. Clark, op .cit. p. 32. O negrito e meu).

É difícil ver atrevimento igual. Esse ator carismático coloca em dúvida a autenticidade e a legitimidade dos sacramentos conferidos, hoje, pela Igreja.

E pouco adiante, esse mesmo autor ousa colocar o seguinte título num capítulo do seu livrequinho miserável e rechonchudo de heresias: “Porque os Sacramentos Não são Eficazes” (Stephen B. Clark, A Relação entre o Batismo no Espírito Santo e a (sic) Crisma, e Encontros para Oração no Espírito Santo, Tradução e Introdução pelo Padre Haroldo, Assistente de Treinamento de Liderança Cristã, p. 27) Não, meu caro, você não leu errado, e eu não copiei errado. O título do capítulo é esse mesmo: “Porque os Sacramentos Não são Eficazes”. Título que contradiz a própria definição de sacramento como sinais eficazes da graça que significam.

E nesse capítulo, ele diz ainda: “Sacramentos não produzem, automaticamente, os resultados que deles esperamos. É verdade que um sacramento trabalha “ex opere operato”. Isto significa que, quando o sacramento é celebrado, um dom de graça é concedido, algo acontece. Mas, não significa que este ato produza imediatamente os efeitos pretendidos. Algo mais é necessário” (Stephen B. Clark, op cit., p. 28).

Este é outro absurdo, pois se fosse verdade, as palavras da Consagração, na Missa, não produziriam imediatamente a transubstanciação do pão e do vinho no Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Cristo. “Algo mais seria necessário”. O que é herético.

De tudo que disse esse Stephen B. Clark, conclui ele que: “Em nossos dias, Deus está realizando algo de novo na igreja Católica. A Igreja está mudando de modo revolucionário. (…) A Crisma (sic) é um dos pontos da vida da Igreja que tem sido estudado, debatido, e mesmo modificado. Alguns são de opinião que este sacramento deveria ser concedido ao mesmo tempo que o Batismo; outras que se deveria concedê-lo entre os dezoito e vinte anos, como um rito adulto de confirmação. Haverá quase que certamente uma modificação em sua administração” (Stephen B. Clark, op cit., p. 41).

Que concluir de toda essa confusão se o Batismo no Espírito Santo é ou não é um sacramento, para a RCC?

Julgo que se deve concluir que existe na RCC, uma doutrina pelo menos suspeita de heresia, vistas as contradições apontadas que violam a ortodoxia.

Tanto essa neodoutrina sacramentaria, difundida na RCC, é suspeita de heresia, que a própria CNBB – tão pouco exigente em matéria de ortodoxia -em documento oficial, tratando da RCC, escreveu: “54. Alguns temas necessitam de maior aprofundamento teológico,diálogo eclesial e orientação pastoral, tais como: Batismo no Espírito Santo, dons e carismas, dom da cura, orar e falar em línguas, profecia, repouso no Espírito, poder do mal e exorcismo.

“55. A palavra “Batismo” significa tradicionalmente o sacramento da iniciação cristã. Por isso, será melhor evitar o uso da expressão “Batismo no Espírito”, ambígua, por sugerir uma espécie de sacramento. Poderão ser usados termos como “efusão do Espírito Santo”, “derramamento do Espírito Santo”. Do mesmo modo, não se utilize o termo “confirmação” para não confundir com o sacramento da crisma (Cf. Comissão Episcopal de Doutrina, Comunicado Mensal, Dez de 1993, 2217).

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